Produtora do remédio para piolhos pagou propaganda na mídia comercial brasileira para difundir o inexistente tratamento precoce contra a covid-19
247 – O charlatanismo do governo federal sobre o inexistente tratamento precoce contra a covid-19 teve apoio de uma grande farmacêutica, que bancou os anúncios de uma associação brasileira de "médicos pela vida" nos jornais da mídia comercial. "Dados sigilosos da CPI da Covid no Senado revelam que a farmacêutica Vitamedic bancou a publicação em fevereiro de anúncios da Associação Médicos pelo Brasil em defesa do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, tese sem respaldo na comunidade científica", aponta reportagem de Raquel Lopes, na Folha de S. Paulo.
"A Vitamedic é uma das principais produtoras de ivermectina do país. Em dados enviados à CPI da Covid, ela informou que aumentou a venda de caixas do medicamento em 1.230%, passando de 5,7 milhões em 2019 para 75,8 milhões em 2020. O financiamento da campanha pela farmacêutica pode configurar conflito de interesses, de acordo com o Código de Ética Médica", informa ainda a jornalista, que faz mais uma revelação importante. "O oftalmologista Antônio Jordão, que assinou o termo de responsabilidade para que os anúncios pudessem ser veiculados, aparece ao lado de Bolsonaro em uma reunião em setembro."
A Vitamedic informou à CPI o total de vendas de caixas de Ivermectina de janeiro de 2020 a maio de 2021 e o preço médio por caixa. Fazendo a conta, estima-se que a empresa tenha arrecadado R$ 734 milhões só com esse medicamento do "kit Covid" nesse período.
"Jordão aparece ao lado de Bolsonaro em uma reunião realizada em setembro de 2020. Foi nesse evento que o virologista Paolo Zanotto deu a sugestão de criar uma espécie de 'gabinete das sombras' para tratar da resposta oficial à pandemia. A médica Nise Yamaguchi também foi uma das participantes do evento. Em grupos de médicos defensores do tratamento precoce, circula um vídeo gravado por ela sugerindo que as pessoas procurem um médico a favor do tratamento precoce através do site da associação Médicos Pela Vida", aponta ainda Raquel Lopes.
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