Exclusivo: Apontado como membro importante do esquema de propina na compra de vacinas pelo governo federal tinha influência sobre a direita paranaense entre 2016 e 2019, tendo exercido cargos indicados pelo Estado durante a gestão tucana, como de Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros
Por Laís Gouveia, 247 - Antes de assumir o cargo de alto escalão como diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias exercia influência sobre a direita paranaense entre 2016 e 2019. Dias foi vice-presidente do Porto de Paranaguá em 2019 e superintendente de Administração e Controle da Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná) em julho de 2016.
Ele exerceu os cargos de alto escalão no governo do Paraná nas gestões do tucano Beto Richa (2015-2018) e de Cida Borghetti (2018-2019), esposa do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que se licenciou do Congresso para assumir o Ministério da Saúde no período de 2016 a 2018, na gestão de Michel Temer.
Com influência direta no Ministério da Saúde e no Estado do Paraná, Barros é o deputado ao qual Bolsonaro teria se referido ao tomar conhecimento de suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana Covaxin, segundo denúncia do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) na CPI da Covid.
Coincidência ou não, os dois paranaenses estão envolvidos no mesmo caso de corrupção no governo federal na aquisição de imunizantes.
Como lembra o jornalista Rodrigo Vianna em coluna sobre o tema, "quem acompanha a política do Paraná diz que Dias é conhecido pela ambição, mas também pela incompetência na gestão. Ainda assim, foi levado para cargo de confiança no Ministério da Saúde no início do governo Bolsonaro, na gestão de Luis Henrique Mandetta, que tenta se apresentar como um 'homem de bem', 'limpo'. Por que Dias ganhou o cargo? Quem indicou? Mandetta pode esclarecer..."
Os Portos do Paraná são um complexo portuário, formado pelos portos de Paranaguá e Antonina. A administração funciona como empresa pública estadual, subordinada à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, com convênio de delegação junto ao governo federal. Já a Cohapar constrói conjuntos habitacionais para populações com baixa renda.
Entenda o caso
O empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, denunciou à Folha nesta terça-feira (29) que teria recebido pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.
Ele afirmou que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria cobrado a propina em um jantar em Brasília. Dias foi exonerado do cargo nesta terça-feira (29).
Dias irá depor na CPI da Covid na próxima quarta-feira (7).
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