segunda-feira, 7 de junho de 2021

PF quer investigar tentativa de obstrução da CPMI das Fake News

 Segundo mensagens obtidas pela PF, membros de um grupo de WhatsApp tentaram convencer a deputada Bia Kicis (PSL-DF) a barrar a convocação de João Bernardo Barbosa para prestar depoimento na CPMI das Fake News. Ele foi descrito pela PF como a pessoa ‘que paga as contas de Allan’, depois de ser apontado como sócio de Allan dos Santos, dono do portal Terça Livre

Deputada Bia Kicis (PSL-DF), blogueiro Allan dos Santos e o empresário João Bernardo Barbosa (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | Roque de Sá/Agência Senado | Reprodução)

247 - A Polícia Federal sugeriu a abertura de uma investigação com o objetivo de apurar se apoiadores de Jair Bolsonaro tentaram obstruir os trabalhos da CPMI das Fake News. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal em dezembro, no âmbito do inquérito dos atos pró-golpe, que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. As informações foram publicadas pelo blog do Fausto Macedo

De acordo com mensagens obtidas pela PF, membros de um grupo de WhatsApp batizado de ‘Conselheiros do TL’ tentaram convencer a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) a barrar a convocação de João Bernardo Barbosa para prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Ele foi descrito pela PF como a pessoa ‘que paga as contas de Allan’, depois de ser apontado como sócio do blogueiro Allan dos Santos, dono do portal Terça Livre. “Só me perguntaram se ele teria que comparecer e eu disse que se convocado sim. Jamais me pediram para eu interferir e eu jamais o faria”, disse a parlamentar.


Os investigadores afirmaram que Allan teria mentido em depoimento na CPMI das Fake News sobre a composição societária da empresa Terça Livre. “A investigação identificou que Allan dos Santos atestou em seu depoimento que João Bernardo Barbosa era apenas um voluntário do Terça-Livre, minimizando sua participação nos fatos. Não há clara indicação das circunstâncias, impondo-se o aprofundamento para verificação da repercussão”, disse a PF.

A corporação também passou a ter dúvidas sobre o recebimento de dinheiro de monetização do canal Terça Livre via Google. Os investigadores sugeriram um inquérito à parte para investigar a hipótese de ‘envio de valores ao exterior com a interposição de pessoas (BBTV)’. 

“Identificou-se que ao menos uma parte do dinheiro retorna ao Brasil via Paypal, bem como por meio de alguns pagamentos de despesas de Allan e do site do Terça Livre realizados pelo sócio João Berbardo (empresário brasileiro residente nos EUA e vinculado ao canal). Permanece a necessidade de aprofundamento, a fim de verificar se esses pagamentos são feitos com valores da monetização pagas via empresa canadense e a motivação para a interposição de pessoas físicas e jurídicas, bem como a correta identificação do fluxo de monetização. Registre-se que há menção a um processo de criação da empresa Terça Livre Internacional, que seria sediada no exterior”, registrou a PF.

Em outra linha de investigação estão sendo apuradas as doações de valores para o site. A PF apontou ‘possível interposição de pessoas para lavagem de capitais’. 

“Durante a busca e apreensão executada na residência de Allan dos Santos, foi encontrada uma planilha de doadores do canal Terça Livre, via plataforma apoia-se, contendo mais de 1700 linhas. Entre os 16 primeiros doadores, há um servidor público do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro que realizou 27 transações que totalizaram R$40.350,00, um servidor da Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro, realizou 31 transações que totalizaram R$15.500,00, um servidor do Senado Federal que doou, em três transações, R$ 15.000,00. Já uma servidora do BNDES doou diretamente na conta de sócio do Terça Livre ao menos R$ 70.000,00”, registra a representação da PF.

A corporação pediu oito frentes de apuração independentes, incluindo uma investigação sobre os mecanismos usados pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom) que podem ter favorecido canais bolsonaristas e atos pró-golpe com anúncios publicitários custeados com dinheiro público.

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