Na noite de ontem, Jair Bolsonaro foi à TV e mentiu sobre governos anteriores e também sobre a política de vacinação em seu período
247 – "Bolsonaro sentiu o poder das ruas e seu pronunciamento cheio de mentiras só mostra que esse Brasil com recorde de vacinados existe só na cabeça dele", postou Manuela D'Ávila, em seu twitter, ao comentar o pronunciamento em rede nacional de Jair Bolsonaro, que mereceu um gigantesco panelaço da população brasileira.
Por Ricardo Brito (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional nesta quarta-feira para fazer um balanço das ações do governo federal na pandemia, destacando medidas econômicas e o acordo de transferência de tecnologia para a produção da vacina AstraZeneca no país, além de criticar, de forma indireta, as medidas de restrição para conter a Covid-19.
"O nosso governo joga dentro das quatro linhas da Constituição, considera o direito de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis", disse o presidente.
Durante o curto pronunciamento, de cerca de cinco minutos, foram registrados panelaços em diversas cidades brasileiras, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, mostrando o desgaste do presidente, que também está sob pressão na CPI da Covid no Senado.
Em sua fala, o presidente disse sentir profundamente cada vida perdida no país, mas exaltou o fato de que já se alcançou 100 milhões de doses de vacina distribuídas a Estados e municípios.
"Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa", prometeu ele, em meio a críticas ao governo quanto à lentidão na vacinação e no dia em que o próprio Ministério da Saúde reduziu a projeção de doses contra Covid-19 prevista para junho.
Bolsonaro ressaltou a assinatura do acordo de transferência de tecnologia no Brasil entre a AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que vai permitir a produção integral da vacina do laboratório no país, reforçando sua mudança de postura em relação às vacinas contra a Covid-19. Várias vezes o presidente minimizou a importância e eficácia dos imunizantes na pandemia.
CRÍTICA INDIRETA
O presidente disse que o governo dele não obrigou ninguém a ficar em casa e não foi responsável por fechar comércio, igrejas ou escolas, em uma crítica indireta a medidas adotadas por governadores e prefeitos para tentar frear a doença. Destacou também que "não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais".
"Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea", afirmou.
Ao elencar as medidas econômicas adotadas, Bolsonaro afirmou que no ano passado foram destinados 320 bilhões de reais para o auxílio emergencial, valor esse que, segundo ele, daria para custear por 10 anos o Bolsa Família, programa criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente tem feito recorrentemente essa afirmação como forma de se contrapor ao petista, que apareceu na frente em recentes pesquisas de opinião sobre a corrida eleitoral de 2022.
PIB E COPA AMÉRICA
Sem falar dos milhões de pessoas sem ocupação formal, Bolsonaro exaltou a criação de empregos e listou uma série de realizações, como a projeção de um crescimento de 4% do PIB para este ano, o recorde da Bolsa de Valores, o fortalecimento do real, o avanço em agendas econômicas no Congresso, além do avanço "no difícil processo de privatizações".
O presidente citou novamente que o país vai sediar a Copa América, polêmica decisão para se realizar o torneio de futebol continental mesmo em meio a elevado número de casos e mortes por Covid-19. A Colômbia e a Argentina declinaram de realizar o evento conjuntamente.
"Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América", disse.
ATRASO
Em nota conjunta, a cúpula da CPI da Covid no Senado e outros integrantes da comissão disseram que a inflexão de Bolsonaro em celebrar vacinas contra Covid "vem com um atraso fatal e doloroso".
"O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’", disse a manifestação
"Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado", reforçou.
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