"E tinha mais pessoas lá [na reunião]… tinha o ministro Braga Netto, pessoas fardadas também", disse o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta em entrevista ao site Poder360, fazendo referência ao encontro entre membros do governo Jair Bolsonaro e membros do Gabinete Paralelo para discutir a mudança de bula da cloroquina para uso contra Covid-19
247 - O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta revelou em entrevista ao site Poder 360 veiculada na manhã desta segunda-feira (14) que havia diversos militares ("pessoas fardadas") na famosa reunião do Planalto que discutiu a mudança na bula da cloroquina, para incluir na prescrição a recomendação para uso contra o novo coronavírus, apesar de o medicamento não ter comprovação científica para o tratamento de pessoas diagnosticadas com a Covid-19. O ex-titular da pasta era contra o uso do remédio, um dos motivos que o fez deixar a gestão.
Ele mencionou a oncologista Nise Yamaguchi, a quem não conhecia, e informou sobre a presença militar: "Não conhecia essa médica… talvez se ela tivesse ido ao meu gabinete para se apresentar. Perguntei o nome dela e qual a formação. Tinha um outro médico do lado que eu nunca o vi antes e nem depois, esse aí nem guardei o nome […] E tinham mais pessoas lá [na reunião]… tinha o ministro Braga Netto, pessoas fardadas também".
"Eu estava em uma reunião, me lembro bem até a data, dia 6 de abril, porque era o dia que eu seria exonerado, mas resolveram não me exonerar. Quando terminei, me pediram para subir no quarto andar. Eles já estavam lá e trabalhando nisso. Que médico chega com um decreto presidencial? Médico não tem formação para escrever minuta de decreto presidencial. E nesse papel que estava lá, entre outras coisas, estava que a Anvisa deveria concordar de colocar na bula porque não tem prescrição. Eu perguntei ao senhor Barra Torres [presidente da Anvisa] se ele estava de acordo e ele foi veementemente contra. O ministro Jorge Oliveira estava ao meu lado, recolheu todos os papéis e disse que estava fora de contexto", acrescentou.
Em depoimento à CPI da Covid, na última sexta-feira (11), a microbiologista Natalia Pasternak destacou que "o conhecimento nacional e internacional de que cloroquina e ivermectina não funcionavam começou por volta de junho e julho de 2020". "Três de cada quatro mortes teriam sido evitadas se o Brasil estivesse na média de controle mundial da pandemia", acrescentou. "375 mil mortes teriam sido evitadas se tivéssemos melhor controle da pandemia".
Confira aqui a minuta entregue por Nise Yamaguchi à CPI da Covid
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