Para Ramos, é preciso aceitar que Jair Bolsonaro, que pressionou o Comando do Exército para isentar Pazuello de culpa, “é o comandante supremo” das Forças Armadas
247 - Em entrevista ao Globo neste domingo (6), o general José Luiz Ramos, chefe da Casa Civil da Presidência da República, diz que a decisão do Exército de isentar o general Eduardo Pazuello de uma punição por ter participado de uma manifestação com Jair Bolsonaro foi “extremamente pensada”.
Segundo Ramos, o comandante do Exército, ao analisar a história de vida do Pazuello, considerou que aquele fato não constituiu transgressão. "O passado pesa na decisão do comandante. Não é só no caso do Pazuello. Em qualquer transgressão disciplinar, de soldado a general, são analisadas as condicionantes da transgressão e a pessoa do transgressor".
A decisão de não punir o general Pazuello foi tomada pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira Oliveira, sob pressão direta de Jair Bolsonaro. Para Ramos, é preciso aceitar que Jair Bolsonaro “é o comandante supremo” das Forças Armadas.
Pazuello cometeu ato de indisciplina segundo o regulamento do Exército, ao participar, em 23 de maio, em um ato ao lado de Bolsonaro. Na ocasião, o ex-ministro da Saúde subiu em um carro de som com o ocupante do Palácio do Planalto e outros aliados depois de um passeio de moto no Rio de Janeiro (RJ).
Segundo Ramos, não se pode usar “pesos iguais com pessoas que têm comportamentos diferentes”. O ministro diz que Pazuello participou do ato como civil e que a decisão de comparecer em manifestações “é pessoal de cada um”.
O general Ramos descarta que o Brasil esteja vivendo uma crise institucional, porque, segundo sua visão, Bolsonaro não cometeu nenhum ato "próximo à quebra do estado democrático de direito ou de afronta à Constituição".
Ramos deixa implícita uma ameaça, ao dizer que Bolsonaro poderia editar um decreto que garanta a liberdade de ir e vir da população durante a pandemia da covid-19, contrariando medidas de restrições impostas por governadores e prefeitos. Ele ainda critica as autoridades locais e o STF, ao afirmar que faltou um debate sobre o isolamento social e que as decisões foram impostas "goela abaixo”.
O general Ramos critica também a CPI da Covid. Em sua opinião, está havendo um uso demasiado político da CPI para atingir o presidente Bolsonaro”.
O chefe da Casa Civil defende as alianças de Bolsonaro com o chamado centrão, agrupamento de direita liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira: O que há, em sua opinião é um “alinhamento de base para poder permitir votações”, acrescentando que isto não é "velha política", pois "quem está alinhado ao governo tem direito de ter espaço no governo".
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