Levantamento feito em cada sessão pela equipe do senador Renan Calheiros identificou 38 declarações contraditórias ou falsas de depoentes na Comissão Parlamentar de Inquérito. Ex-ministro general Eduardo Pazuello foi o que teve o maior número de mentiras: 15 ao todo
247 - A CPI da Covid mapeou, no último mês, pelo menos 38 declarações contraditórias ou falsas de depoentes: o líder no ranking das mentiras é o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O general mentiu 15 vezes, de acordo com o levantamento feito durante cada sessão pela equipe do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito. Os dados devem ser encaminhados ao Ministério Público e incluídos no relatório final, segundo integrantes da CPI. A informação foi publicada pelo jornal O Globo.
O ex-ministro afirmou, por exemplo, que o Tribunal de Contas da União (TCU) teria feito ressalvas acerca da vacina da Pfizer, o que foi desmentido pela Corte. Pazuello disse que o Ministério da Saúde não teve relação com a produção de cloroquina pelo Exército, contradizendo documentos da pasta.
O general negou ter sido pressionado por Jair Bolsonaro a voltar atrás nas negociações com o Instituto Butantan (SP), declaração oposta à do presidente do instituto, Dimas Covas. Bolsonaro também afirmou em uma rede social que a vacina Coronavac não seria comprada. O ex-ministro preferiu dizer que o posicionamento de Bolsonaro não atrapalhou a negociação para a compra do imunizante.
Sobre o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o levantamento apontou quatro declarações contraditórias. O titular da pasta disse não ter nomeado a infectologista Luana Araújo “por vontade própria”. Segundo a médica, o ministro a avisou que a Casa Civil iria vetar o nome dela. A equipe de Renan também apontou falsidade após Queiroga afirmar que a realização da Copa América no Brasil não apresentaria riscos sanitários ao país.
A pesquisa foi parcial e não incluiu contradições do ex-secretário de Comunicação da presidência da República Fabio Wajngarten e de depoentes ouvidos antes dele, como os ex-ministros da Saúde Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.
Ainda não há definição sobre quais depoentes serão incluídos no rol de suspeita de falso testemunho. A punição prevista para o crime de falso testemunho é reclusão de dois a quatro anos e multa.
Pazuello, Queiroga e Wajngarten foram alguns dos 14 depoentes que passaram da condição de testemunhas para investigados, conforme anunciou Calheiros na sexta-feira (18).
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