As falas ocorreram em respostas ao requerimento
apresentado pela vereadora Larissa Gaspar (PT) em homenagem ao MST Ceará
Durante a sessão
planária desta quinta-feira (20), realizada de forma virtual pela Câmara
Municipal de Fortaleza, a vereadora Larissa Gaspar (PT) apresentou um
requerimento para o envio de voto de congratulação ao Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pelos seus 32 anos
de atividade no estado do Ceará, a ser comemorado no próximo dia 25 de maio.
De acordo com ela, esse requerimento foi alvo de muita discussão. Os vereadores até chegaram a pedir votação nominal, portanto em separado, para cada um dos 43 vereadores votarem individualmente. O resultado foi 19 votos contra as congratulações, 14 votos a favor e duas abstenções. Mas o que marcou a sessão foram as falas violentas contra os integrantes do MST. “Parlamentares bolsonaristas e, sobretudo, o inspetor Alberto (PROS), que é policial civil, bolsonarista, fez uma fala absolutamente violenta, criminalizando o movimento”, denunciou a vereadora.
Em sua fala, o
vereador Inspetor Aberto iniciou chamando os integrantes do MST de “terroristas”,
afirmando que “são tudo terroristas”. O vereador apresentou alguns documentos
como “prova”, onde faziam comparações do MST com grupos guerrilheiros da
Colômbia. E, exaltado, falou: “Ó presidente, pra esses cara aí só tem dois
remédios: ou bala neles. Bala muita, ou então vai tudim pra
fora do país”.
Gene
Santos, da direção estadual do MST Ceará, diz que o Movimento não pode aceitar
a colocação criminosa do vereador. “Repudiamos com veemência, com toda força
essa colocação criminosa desse vereador hoje no poder legislativo de Fortaleza.
É um retrocesso, não simplesmente por ser algo contra ao MST, mas deixa claro o
despreparo, essa cultura do ódio contra os
pobres. Inclusive agora, ainda mais armado por conta do governo
federal de Jair Bolsonaro”.
Larissa
explica que em sua fala pediu providências à Câmera, “porque o que nós
assistimos na tribuna da Casa foi cometimento de um crime, um crime de apologia
ao homicídio contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra”. Ela
diz que aguarda o que vai acontecer em seguida, se o presidente da Câmara, o
vereador Antônio Henrique do PDT vai tomar alguma providência.
Plenário
De
acordo com a vereadora, vários vereadores tentaram criminalizar o movimento:
Priscila Costa do PSC, Ronaldo Martins do Republicanos, Carmelo Neto também do
Republicanos, entre outros.
Em
sua fala, Carmelo Neto, do Republicanos afirmou que MST, na sua opinião, é um
movimento que deveria ser considerado já há muito tempo uma organização
terrorista.
A plenária completa pode ser assistida no canal do Youtube da Câmara Municipal de Fortaleza.
Tiros em foto de Lula
Reprodução de imagem de vídeo que levou à condenação do vereador Inspetor Alberto (PROS) por incitação à violência / Reprodução
Em março deste
ano, o vereador Inspetor Alberto (Pros) foi condenado a pagar R$ 5
mil em processo por danos morais por um vídeo publicado nas suas
redes sociais, em setembro de 2019, em que aparece disparando
dez vezes com uma arma de fogo contra uma foto do
ex-presidente Lula (PT).
Em
sua decisão, o juiz Mauricio Tini Garcia, da Justiça de São Paulo, afirmou que
"os limites foram extravasados na hipótese dos autos, pois a
manifestação do réu vai além de mera crítica, mas é marcada por atos de
violência, que podem vir a colocar em risco a segurança do autor (Lula), à
medida que a expressão raivosa do réu,
ainda que direcionada à reprodução imagética do autor, pode sugerir atos que
viriam a, concretamente, trazer maiores danos"
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena
Nenhum comentário:
Postar um comentário