"Para salvar vidas é vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro!", diz Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares
Por Raimundo Bonfim, na Rede Brasil Atual – Infelizmente já são mais de 428 mil vidas perdidas para a covid-19, mas também devido à desastrosa postura negacionista que o governo Bolsonaro fez e faz contra a propagação da doença: são mais de 15 milhões de casos de contaminados. Esses números altíssimos são resultados do negacionismo e da necropolítica adotados pelo presidente Jair Bolsonaro.
O Brasil é o segundo em número de mortes e o 13º em óbitos proporcionais à população entre os 193 países que existem no mundo oficialmente. Só fica atrás dos Estados Unidos (que tem mais de 580 mil mortos). Concentramos 9,7% de todos os casos de covid e 12,6% de todas as mortes. A lamentável posição do nosso país se deve, em grande medida, ao descaso do governo Bolsonaro com a saúde do povo, seu incentivo às aglomerações, ao desestímulo ao uso de medidas protetivas e à demora proposital em adquirir vacinas. Enquanto em muitos países os governos se apressaram em combater a doença, Bolsonaro sabotou e sabota medidas eficazes de combate à pandemia. Aqui no Brasil o povo tem que combater duas doenças paralelamente: a covid-19 e o projeto de destruição e de morte liderado pelo governo Bolsonaro e seus seguidores milicianos.
Doença, desemprego, pobreza, fome, mortes. Este é o triste legado que o governo Bolsonaro vem deixando em mais da metade de seu mandato. O país sofre com a perda das vidas ao mesmo tempo em que enfrenta o desemprego, que atinge 14,4 milhões de pessoas, além dos 40 milhões que sobrevivem em empregos informais, segundo o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), e com a falta de comida no prato.
Em levantamento feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan) ficou constatado que, numa escala de insegurança alimentar leve, moderado ou grave, 19 milhões convivem com insegurança alimentar grave. Se analisarmos a situação, levando em conta que a insegurança alimentar é constatada quando não há disponibilidade do alimento de forma plena e permanente, o número é muito maior: 116,8 milhões de pessoas estão em insegurança alimentar, dos 212 milhões de pessoas que somos – mais de metade da população.
A população enfrenta a alta taxa de desemprego e o drama de ter nosso país retornando ao Mapa da Fome da ONU, depois de termos conseguido sair deste triste quadro em governos anteriores, que adotaram políticas públicas de inclusão social. O que temos agora é um governo que “passa a boiada” em cima das famílias mais empobrecidas, que lutam pelo alimento de todo dia e enfrentam o aumento da inflação e dos preços, como de gás de cozinha, que em muitas regiões do país chega a custar R$ 120, 12% do salário-mínimo. Os alimentos subiram 19,42% nos últimos 12 meses e o menor valor da cesta básica é de R$ 445,90.
Os movimentos populares e sociais têm promovido ações de solidariedade para mitigar a difícil situação das famílias mais necessitadas. Recentemente, com o mote: comida no prato e vacina no braço, a Central de Movimentos Populares (CMP) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) realizaram ações solidárias em periferias de 11 cidades do país, beneficiando mais de 1.500 famílias com venda de gás de cozinha a preço justo e distribuição de mais de 7 toneladas de alimentos. Na ocasião, defendemos a vacinação para toda a população, a volta urgente do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia e denunciamos o aumento do desemprego, da fome e da miséria no nosso país.
A carência de políticas públicas se dá em todas as áreas, e na segurança pública não é diferente. Ao invés de proteção, temos que nos defender das polícias dos governos. A violência policial contra o povo das periferias se dá todos os dias no nosso país. A que aconteceu recentemente na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, se soma a tantas. Enquanto clamamos por comida no prato e vacina no braço, o Estado atira contra nossos corpos.
A fatura por termos no poder um governo que adota uma política ultraneoliberal e de exclusão chega alta para o povo. O negacionismo de Bolsonaro é responsável pelas milhares de mortes e pelo sofrimento das famílias que ficam com as marcas dolorosas e as sequelas para o resto da vida. É preciso que Bolsonaro seja processado, responsabilizado e afastado da Presidência da República por essa postura criminosa. A CMP, em conjunto com outras organizações políticas, tem pressionado a Câmara dos Deputados para que paute os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. São aproximadamente 120 pedidos de afastamento do presidente protocolados na Câmara.
A CMP, em 2019, foi uma das primeiras organizações políticas a tomar posição pelo fora Bolsonaro, tendo assinado dois dos primeiros pedidos. O primeiro assinado pela CMP foi o pedido unificado de partidos e movimentos populares; o segundo foi o impeachment popular. Entre os diversos crimes praticados por Bolsonaro, que constam dos documentos, estão os atos atentatórios contra a Constituição Federal, contra a democracia, a interferência na Polícia Federal, o genocídio contra os povos indígenas e a população negra, a sabotagem de medidas de combate à pandemia e a gestão criminosa da covid-19: o pior de todos os crimes, pois atenta contra a vida.
Representantes de partidos políticos, frentes, movimentos populares e sociais e parlamentares que protocolaram pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro se reuniram no mês passado para a construção de um pedido e unificação de uma campanha de massa nas redes e nas ruas pelo impeachment de Bolsonaro. Marcaram presença mais de 150 líderes políticos e sociais. Entre os partidos, PT, Psol, PCdoB, PSB, PDT, PSTU, Cidadania, Rede, Unidade Popular, além de movimentos populares, sindicais e sociais, como CMP, MST, UNE, MTST, CUT, UNMP, dentre outros.
Além dos pedidos de impeachment há uma série de manifestos de entidades e grupos que pedem o afastamento do presidente. O mais recente foi o manifesto Artistas pelo impeachment, assinado por de cerca de 2,5 mil trabalhadores e trabalhadoras da cultura, lançado nesta segunda-feira (10).
A CPI da Covid também pode ser um importante instrumento para a luta pelo “fora Bolsonaro”, se os trabalhos forem dirigidos com transparência, isenção e seriedade. A covid-19 já nos levou mais de 428 mil vidas e Bolsonaro é responsável direta e indiretamente pelas mortes e pelo caos econômico, social e sanitário no país. A comissão levantou, até agora, cerca de 200 falas negacionistas do presidente em relação à doença, que certamente influenciaram governos estaduais, municipais e pessoas a não cumprirem medidas de proteção.
A revelação quanto à intenção de mudar a bula de um medicamento, dando a ele propriedades que não tem, é criminosa e assustadora. O governo da morte de Bolsonaro boicotou a compra de vacinas, negando 11 vezes ofertas para compra de cerca de 700 milhões de doses. Isso é negar o direito à vida! Não fosse esse retardo intencional teríamos evitado milhares de mortes e salvado vidas.
A transmissão do coronavírus se alastra rapidamente. Precisamos que a vacinação seja acelerada e que seja feita em massa para conter a doença. Para garantirmos o mínimo de dignidade às famílias mais necessitadas é urgente o auxílio emergencial no valor de 600, até o fim da pandemia. Para salvar vidas é urgente também que Bolsonaro e todo seu governo sejam afastados. A unificação dos pedidos de impeachment e uma campanha unificada representam grande avanço do movimento pelo afastamento do presidente.
A pressão vem de todas as forças políticas: partidos, movimentos populares e sociais, grupos de trabalhadores e trabalhadoras. Atos políticos virtuais têm sido muito importantes neste momento em que precisamos manter os protocolos de proteção. Mas é necessário também retomarmos mobilizações de rua, obviamente respeitando o distanciamento social. Neste sentido estamos articulando, em conjunto com diversas frentes, partidos, movimentos sociais e populares, para 29 de maio, um dia nacional de mobilizações pelo fora Bolsonaro. Impeachment Já. Vacina e Auxílio Emergencial de R$ 600. Para salvar vidas é vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro!
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