domingo, 2 de maio de 2021

Jessé Souza: crítica de Guedes a filho de porteiro na universidade é o retrato da classe média branca no Brasil

 "Uma mistura de burrice, pois assim se constrói o ressentimento social, com maldade, o desprezo gratuito ao vulnerável. O retrato da tragédia brasileira", afirmou o autor de A Elite do Atraso

Jessé Souza, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: Brasil 247 | Reuters)

247 - O sociólogo e escritor Jessé Souza criticou neste domingo (2) as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que “filho de porteiro com nota zero no vestibular" conseguia entrar em faculdade com bolsas do Fies.

Pelo Twitter, Jessé disse que Guedes demonstra uma mistura de "burrice" com "maldade". "A fala do Guedes sobre a inutilidade de se apoiar os pobres e negros é o retrato da elite e da classe média branca no Brasil. Uma mistura de burrice, pois assim se constrói o ressentimento social, com maldade, o desprezo gratuito ao vulnerável. O retrato da tragédia brasileira", afirmou o autor de A Elite do Atraso.



 Depois de insultar a China, dizendo que “chinês inventou o vírus”, e de afirmar que brasileiros estavam querendo viver demais e chegar aos 100 anos, o ministro Paulo Guedes, da Economia, deu mais uma declaração estúpida, que provocaria sua demissão imediata em qualquer país minimamente sério, ao reclamar da entrada de “filho de porteiro” em universidade.

Sem saber que era gravado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou que o governo federal deu bolsas em universidades para “todo mundo” por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), aponta reportagem do Estado de S. Paulo, assinada por Mateus Vargas. “Guedes disse que o filho do seu porteiro foi beneficiado mesmo após zerar o vestibular, ainda que o programa tenha exigências de nota mínima para aprovar o financiamento”, relata o repórter. 

Para o ministro, o Fies foi um “desastre” que enriqueceu meia dúzia de empresários. As falas de Guedes foram feitas em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), na terça-feira, 27. “O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: 'Seu Paulo, eu estou muito preocupado'. O que houve? 'Meu filho passou na universidade privada'. Ué, mas está triste por quê? 'Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou...' Aí tinha um espaço para preencher, colocava 'zero'. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes”, disse Guedes.

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