O ex-senador
Roberto Requião (MDB-PR), após o Datafolha divulgar pesquisa, em que Lula
lidera, enviou uma nova carta ao ex-presidente denominada “Manifesto da
Brasilidade”.
A
elaboração do documento contou com a participação do economista Darc Costa, do
Rio de Janeiro, ex-dirigente do BNDES
Com cinco pontos,
a missiva endereçada ao ex-presidente Lula versa sobre democracia, soberania,
solidariedade, desenvolvimento e sustentabilidade.
Os
objetivos do “Manifesto da Brasilidade” consistem na transformar a educação
brasileira; retomada o desenvolvimento; produção qualificada baseada na nova
economia do conhecimento; reorganizar as relações de trabalho; realismo fiscal;
e democratizar a produção e o ensino.
“Os
dois séculos de vida do Brasil estão perguntando se a nossa geração vencerá a
crise que vivemos e as nossas instituições terão a grandeza de fazer
desabrochar a promessa civilizatória contida na sociedade brasileira”, diz um
trecho da carta a Lula.
Requião disse, nesta quarta-feira (12/5),
que os demais candidatos a presidente também receberão a carta.
Leia a íntegra:
MANIFESTO DA BRASILIDADE
Nos
últimos 200 anos, forjamos um grande país que detém mais de 15% das terras
agricultáveis, da água doce de todo o planeta e de todos os recursos minerais
ainda disponíveis no mundo. Possuímos a maior reserva florestal dentre todas as
nações, reservas de vulto de combustíveis fósseis e um amplo espaço para produção
de energia limpa e renovável.
O território deste país é
abençoado – ausente dos espaços de cataclismas naturais. Este fantástico país é
habitado por um povo especial, mestiço, sincrético, formado por gente de todo o
mundo, dotado de identidade própria, que fala a mesma língua, que tem a mesma
cultura, dotado da mesma memória e de sentimentos comuns.
Formamos
mais que uma nação chamada Brasil. Criamos, nesses dois séculos, um enorme
patrimônio: a BRASILIDADE. No entanto, todo esse imenso patrimônio atravessa a
maior crise da sua história.
Uma
crise dolorida, profunda e duradoura. Uma crise que se nutre na inexistência de
diretrizes de lideranças que galvanizem o povo na construção de um Projeto
Nacional e que insistem em dividi-lo e polarizá-lo. Para vencê-la temos de unir
todas as forças vivas da nação para a defesa da BRASILIDADE. Para essa defesa,
precisamos preservar cinco pilares que são nossos compromissos pétreos com o
futuro de nosso país.
1- Compromisso com a
democracia. Ele aponta para o aperfeiçoamento do sistema político brasileiro,
em bases amplamente participativas, com o resgate da dignidade da função
pública em todos os níveis;
2-
Compromisso com a soberania. Ele representa nossa determinação de dar
continuidade ao processo de construção nacional, buscando recuperar para o
Brasil um grau suficiente de autonomia decisória;
3-
Compromisso com a solidariedade. Ele explicita a construção de uma nação de
cidadãos, eliminando-se as chocantes desigualdades na distribuição da riqueza,
da renda e do acesso à cultura;
4- Compromisso com o
desenvolvimento. Ele expressa a decisão de pôr fim à tirania do capital
financeiro e à nossa condição de economia periférica. Assim, mobilizaremos
todos os nossos recursos produtivos e não aceitaremos mais a imposição, interna
ou externa, de políticas que frustrem o nosso potencial;
5-
Compromisso com a sustentabilidade. Ele estabelece uma aliança com as gerações
futuras, pois se refere à necessidade de buscarmos um novo estilo de
desenvolvimento, socialmente justo e ecologicamente viável.
Para
a realização plena desses compromissos, devemos rejeitar a divisão e nos unir.
Essa união construirá a aliança social majoritária capaz de emponderar o povo
brasileiro e sustentar esse projeto, que irá equipar e soerguer a maioria
trabalhadora e fará a transformação das condições estruturais necessárias para
vencer a crise, ordenar a economia e a sociedade, ancorar a inclusão social na
dinâmica do crescimento e abraçar aqueles que praticam uma cultura de autoajuda
e de iniciativa.
O cimento de nossa união será
nosso projeto nacional que buscará os seguintes objetivos:
a)
Transformar a educação brasileira, inaugurando um novo processo educacional com
uma formação analítica e capacitadora; promovendo as iniciativas que
reconciliem a gestão das escolas pelos estados e municípios, com padrões
nacionais de investimento, equalizando qualidade do ensino em todo o
território;
b)
Retomar o desenvolvimento e a industrialização a partir de quatro
setores-chave: agroindústria; complexo de defesa; energia; complexo de saúde e
farmacêutico;
c) Promover uma produção
qualificada baseada na nova economia do conhecimento, entendendo que a riqueza
e desenvolvimento não estão mais na indústria tradicional, mas na moderna
indústria rica em ciência, tecnologia e inovação que constrói a manufatura
avançada, nos serviços intelectualmente densos e na agricultura científica e de
precisão;
d)
Reorganizar as regras, práticas, políticas, em suma, as relações de trabalho de
forma a resgatar a maioria informal e precarizada da massa trabalhadora do
aviltamento salarial e do subemprego;
e)
Praticar um realismo fiscal, para obter autonomia e autossustentação no
financiamento do desenvolvimento; e
f) Reorganizar o federalismo
brasileiro para democratizar a produção e o ensino; substituir as atuais
relações competitivas, predatórias entre União, estados e municípios por um
federalismo cooperativo tanto vertical como horizontal.
Para
tanto, contamos com uma base produtiva moderna, articulada e com um mercado de
consumo que conserva imensa necessidade de produtos tradicionais. Todavia,
precisamos aumentar a produtividade média do trabalho, reter em nosso espaço
econômico a maior parte possível da riqueza criada e distribuir essa riqueza da
forma mais equitativa. O que significa buscar outro padrão de desenvolvimento.
Diferentes
formas de propriedade e de organização da produção devem existir de forma
equilibrada, com generoso espaço para os empreendimentos de porte pequeno e
médio, as cooperativas e todas as expressões da economia solidária. Ainda não
somos um país rico e convivemos com brutais desigualdades. Mas, não somos
miseráveis e caminhamos para a riqueza.
Ainda temos um parque
industrial articulado e quase completo, uma população jovem, com presença
marcante de quadros técnicos, uma moderna agricultura capaz de responder a
estímulos adequados, um vasto espaço geográfico, recheado de recursos de todo
tipo e capacidade científica.
Os
dois séculos de vida do Brasil estão perguntando se a nossa geração vencerá a
crise que vivemos e as nossas instituições terão a grandeza de fazer
desabrochar a promessa civilizatória contida na sociedade brasileira.
Convocamos todos os brasileiros que desejam responder que sim o façam repetindo
que:
A
BRASILIDADE VENCERÁ !
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