Preparo das marmitas (Foto: Divulgação/MST/Julio Carignano)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros coletivos superaram a marca de 51 mil Marmitas da Terra distribuídas em Curitiba e Região Metropolitana durante a pandemia do coronavírus. O número foi atingido na última quarta-feira, dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde.
As refeições, produzidas com alimentos da reforma agrária oriundos de assentamentos e acampamentos da região, são entregues semanalmente à população em situação de rua, moradores de ocupações urbanas e classe trabalhadora da periferia. Somente nesta quarta-feira (7) foram distribuídas 1.100 refeições. Junto às marmitas, as pessoas também recebem água e álcool em gel.
As ações do Marmitas da Terra se somam a milhares de iniciativas de solidariedade que acontecem no Brasil desde o início da crise sanitária e num momento onde mais de 19 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome e outras 117 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar no país, ou seja, sem acesso pleno e permanente a alimentação. Os dados foram divulgados nesta semana pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan).
A entrega das refeições é apenas uma das ações que o MST tem organizado no período de pandemia. Além da distribuição das marmitas, camponeses e camponesas têm feito doações de grandes quantidades de legumes, hortaliças, frutas e verduras, com o objetivo de combater a fome e a desigualdade nas cidades. Até agora, 533 toneladas de alimentos foram doadas em todo o estado.
“A agricultura é um setor estratégico no combate à fome e quando falamos agricultura estamos falando de produção de comida, não de commodities”, aponta Marcos Antonio Pereira, um dos coordenadores do Marmitas da Terra.
Segundo o coordenador, a iniciativa é mais um espaço onde o movimento consegue dialogar com a população sobre o projeto da reforma agrária. “A reforma agrária hoje tem um papel importante no enfrentamento à crise socioeconômica e ambiental. Estamos demonstrando o potencial das nossas áreas de produção na diversidade alimentar. O que tem nas marmitas é reflexo do nosso projeto de agricultura. A gente quer que as pessoas tenham acesso à comida, mas que essa comida seja saudável, que venha de uma produção agroecológica, que valorize a agricultura familiar, que valorize a relação da produção do ser humano com o meio ambiente”.
A professora destaca o caráter de horizontalidade das ações promovidas pelo MST. “Solidariedade não é caridade, pois a solidariedade é permanente”, aponta Elza. Além das entregas de marmitas, os voluntários também realizam todos os sábados um mutirão para a manutenção de lavouras coletivas no assentamento Contestado, na Lapa, Região Metropolitana de Curitiba. “É um momento importante onde as pessoas têm conhecimento de todo processo, da produção até a chegada do alimento na mesa das pessoas”, conclui Elza de Fátima.
Clique aqui para saber como contribuir com a ação.
Fonte: Bem Paraná
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