Apesar de classificar
como desleal, a cooperativa não criminaliza o trabalho, mas alerta que nem
todos executam a função com responsabilidade ambiental
O crescimento do
número de coletores independentes tem prejudicado a Cooperativa de Catadores de
Materiais Recicláveis de Apucarana (Cocap) que, nos últimos meses, registra
queda progressiva na qualidade e na quantidade do material coletado. “Antes da
pandemia coletávamos entre 200 e 250 toneladas ao mês. Atualmente, o fechamento
do mês está na metade disto, ou seja, tivemos uma queda de 50%”, confirma
Antônio Roberto Nogueira, coordenador da Cocap.
Tonhão,
como é conhecido, diz que a ação de coletores independentes, também chamados de
atravessadores, sempre acompanhou o trabalho da Cocap. “Conhecedores do
itinerário diário do caminhão oficial de coleta, antecipam-se e retiram os
recicláveis de maior valor comercial. Porém, com o advento da pandemia,
percebemos uma crescente no número de pessoas atuando no setor, principalmente
devido ao desemprego, o que tem impactado no nosso resultado final”, conta o
coordenador da Cocap.
Apesar
de classificar como desleal, a cooperativa não criminaliza o trabalho, mas
alerta que nem todos executam a função com responsabilidade ambiental. “Uma
questão bastante preocupante, pois temos registro de ocorrências de descarte do
que “não foi interessante”, em terrenos baldios, fundos de vale e em outros
locais indevidos. Muitos moradores também se queixam da forma como deixam as
sacolas, rasgadas e até com material lançado ao chão, após retirarem o que
desejam”, pontua o coordenador da cooperativa.
Além da
importância ambiental para a cidade, a Cocap é uma iniciativa de cunho social,
informa Tonhão. “Temos atualmente 56 cooperados, ou seja, 56 famílias que
retiram o sustento do que os nossos caminhões recolhem diariamente. Temos uma
grande missão e um compromisso social com a cidade”, destaca. De acordo com
ele, todos os cooperados têm recolhido mensalmente a contribuição para o INSS,
recebem vale-transporte, café da manhã e da tarde, e almoço diariamente. “A
queda na coleta impacta diretamente no lucro, o que prejudica o cooperado”,
comenta o coordenador, assinalando que com a diminuição do trabalho, 15
cooperados concordaram em tirar férias.
A
prefeitura acompanha de perto o assunto. “Estamos providenciando um “jingle”
para que seja tocado pelo caminhão de coleta. Desta forma, a dona de casa ou
quem mais tiver disponibilidade, poderá disponibilizar o material reciclável no
horário mais próximo da coleta, evitando a ação dos atravessadores”, comenta
Gentil Pereira, secretário Municipal de Meio Ambiente.
A
expansão do projeto “Sacolão Retornável” também é uma ação em planejamento pelo
município, relata o superintendente de Meio Ambiente, Sérgio Bobig. “Nos
bairros onde a iniciativa já ocorre, verificamos um aumento substancial na
quantidade e qualidade do material recolhido e estamos viabilizando recursos
para expandir”, confirma Bobig. De acordo com ele, o projeto já abrange a Vila
São Carlos e o Núcleo Habitacional Afonso Alves de Camargo. “Contudo,
praticamente 100% da área urbana e também os distritos de Vila Reis e Pirapó
hoje são cobertos pela coleta seletiva da Cocap, que é uma prestação de serviço
subsidiada com recursos municipais através de recursos do Fundo Municipal de
Meio Ambiente, gerido pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente. “Para inibir a
ação de atravessadores, que se antecipam à coleta da Cocap e retiram apenas o
material reciclável mais valioso, as sacolas retornáveis trazem um alerta de
que só podem ser manuseadas pelos moradores e cooperados, com a inscrição
“Propriedade da Cocap – Furtos e Roubos Lei 9.279/96”, lembra Bobig.
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