Foram
150 casos registrados, envolvendo pelo menos 189 profissionais e veículos de
comunicação, aponta relatório
Ao
longo de 2020, num contexto de pandemia de Covid-19, casos de agressões
físicas, ofensas e intimidações a jornalistas aumentaram 168% em comparação a
2019. Foram 150 casos registrados, envolvendo pelo menos 189 profissionais e
veículos de comunicação, além do assassinato de um profissional.
As
ofensas foram a forma de violência mais frequente, com 59 casos contra 68
jornalistas, um aumento de 637% em comparação a 2019.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores foram autores de
mais da metade dessas ofensas, que tiveram profissionais de jornais e TV como
principais alvos.
Os dados fazem parte do
relatório "Violações à Liberdade de Expressão", divulgado anualmente
pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão). A
instituição destaca que os dados são um indicativo do quadro, visto que os
casos são subnotificados.
Dentre os episódios
elencados pelo documento estão as insinuações de cunho sexual feitas pelo
presidente contra a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. Por
causa disso, em decisão recente, Bolsonaro foi condenado a indenizar a
jornalista em R$ 20 mil por danos morais.
O presidente também aparece
no documento como autor de intimidações e de uma ameaça contra um repórter do
jornal O Globo que o questionou sobre cheques de Fabrício Queiroz enviados à
primeira-dama Michelle Bolsonaro, no total de R$ 89 mil.
Na ocasião, o presidente
afirmou: "Minha vontade é eu encher a tua boca de porrada, tá? Seu
safado."
A segunda forma de violência
mais comum foram as agressões físicas, com 39 casos contra ao menos 59 vítimas,
o que representa alta de 67% em relação ao ano anterior.
Pessoas comuns e agentes de
segurança aparecem como principais autores. O perfil das vítimas indica que
esse tipo de violência foi mais comum entre profissionais homens, que atuam em
veículos de TV e sites.
Pela primeira vez, o
levantamento registrou um caso de sequestro, contra o jornalista Romano dos
Anjos, apresentador da TV Imperial, afiliada da TV Record, em Boa Vista (RR),
onde acompanha casos de política e crimes.
O assassinato registrado no
documento é o do jornalista Léo Veras, morto por pistoleiros em Pedro Juan
Caballero, cidade paraguaia na fronteira com Ponta Porã (MS).
Dono de um site de notícias
policiais, Veras já havia sofrido ameaças por conta das denúncias que
publicava. Dentre os dez suspeitos pelo crime, três são brasileiros.
O relatório traz ainda dados
de um estudo encomendado à empresa de análise de dados Bites que mostra que, ao
longo de 2020, a imprensa sofreu oito 7.945 ataques virtuais por dia, o
equivalente a quase seis agressões por minuto.
No acumulado do ano, foram
mais de 2,9 milhões de posts com termos pejorativos publicados nas redes
sociais, o que representa uma queda de 9% em relação a 2019.
Segundo relatório da ONG
Repórteres sem Fronteiras, o Brasil figura na posição 107 no ranking de
liberdade de imprensa, feito com 180 países. Essa é a pior posição do país
desde 2002, quando o estudo começou a ser feito.
Fonte:
Noticias ao Minuto
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