Humberto
Martins diz que a medida seria necessária para garantir a autodefesa do Poder
Judiciário. Nas mensagens e áudios, procuradores conspiram contra interesses
nacionais, manipulam processos judiciais e investigam autoridades do próprio
Judiciário
Do Conjur – O presidente do Superior Tribunal de
Justiça, Humberto Martins, afirmou à ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa
Weber que, mesmo que sejam provas ilícitas, as mensagens de procuradores que
atuaram na finada "lava jato" podem ser usadas com base no "dever
institucional de autodefesa" do Judiciário
O inquérito foi
aberto por Humberto Martins depois de expostas conversas no Telegram entre
integrantes do Ministério Público Federal no Paraná. O diálogo mostra Deltan
Dallagnol, então coordenador da autodenominada força-tarefa, combinando com um
fiscal da Receita Federal a quebra de sigilo de integrantes do STJ.
O
procurador Diogo Castor de Mattos, que atuou na "lava jato" em
Curitiba, impetrou Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal pedindo o
trancamento do inquérito. A Procuradoria-Geral da República também pediu a
suspensão do procedimento.
Em ofício ao Supremo, Martins apontou que a corte não considerou as mensagens entre procuradores provas ilícitas. O magistrado ressaltou que o uso de provas ilícitas é ilegal no Brasil, mas que essa garantia deve ser relativizada em nome da defesa do Judiciário.
"Apesar
do relatado acima, os direitos fundamentais e garantias constitucionais não
podem ser interpretados de forma absoluta diante do conteúdo de outros direitos
fundamentais e garantias constitucionais que funcionam como limitadores
recíprocos de uma interpretação irrestrita, não podendo, nesse contexto, haver
óbice a que o Poder Judiciário cumpra um importante dever institucional de
autodefesa, obviamente respeitando ditames legais e garantias
constitucionais", disse o presidente do STJ.
"Não
subsistirão direitos fundamentais e garantias constitucionais sem a preservação
do Poder Judiciário independente, que viabiliza que tais conquistas
constitucionais sejam reconhecidas concretamente", destacou Martins.
O ministro também
alegou que os indícios de "excessos funcionais por parte do Ministério
Público Federal" justificam o uso das mensagens no inquérito, "para a
defesa irrefutável da existência independente e robusta do Poder
Judiciário".
Martins
ainda declarou que abriu a investigação com base no inquérito das fake news,
instaurado pelo Supremo para examinar ameaças a integrantes da corte.
Investigação
ilegal
O inquérito foi
instaurado depois de expostas conversas no Telegram entre integrantes do
Ministério Público Federal no Paraná. O diálogo mostra Deltan Dallagnol, então
coordenador da "lava jato", combinando com um fiscal da Receita
Federal a quebra de sigilo de ministros do STJ. Diogo Castor também é um
importante personagem do diálogo.
O uso
do esquema era tratado com naturalidade e a Receita funcionava como um braço
lavajatista. Os acertos ilegais eram feitos com Roberto Leonel de Oliveira
Lima, chefe do Escritório de Pesquisa e Investigação na 9ª Região Fiscal. Pela
cooperação, Roberto Leonel foi premiado quando Sergio Moro tornou-se ministro
da Justiça, com o comando do Coaf (clique aqui para ver palestra de Deltan
Dallagnol e Roberto Leonel).
Em
julho de 2015, os procuradores discutiam uma anotação encontrada com Flávio
Lúcio Magalhães, apontado como operador de propina da Andrade Gutierrez. A
lista citava diversas pessoas, entre elas ministros do STJ.
"A
RF [Receita Federal] pode, com base na lista, fazer uma análise patrimonial
[dos ministros], que tal?", diz Dallagnol. Em seguida o procurador
informa: "Combinamos com a Receita."
A
conversa mostra que o MPF no Paraná só tinha por honestos ministros que
atendiam, incondicionalmente, os pedidos da "lava jato". "Felix
Fischer eu duvido. Eh (sic) um cara sério", diz Castor em referência ao
relator dos processos da "lava jato" no STJ.
O
próprio Dallagnol admite não acreditar que a lista encontrada com Magalhães
envolvia pessoas que recebiam propina. Mas decidiu pedir a análise patrimonial
mesmo assim. "Aposto que não são propina. São muitos pra serem
corruptos", afirmou.
Os
alvos vão desde ministros até figuras relacionadas a políticos, como é o caso
de Marisa Letícia, esposa de Lula, morta em 2017. "Dona Marisa comprou
árvores e plantas no Ceagesp em dinheiro para o sítio. Pedi pro Leonel ver se
tem nf [nota fiscal]", disse o procurador Januário Paludo em uma conversa
de fevereiro de 2016.
Embora
não mencionem diretamente quais ministros das turmas criminais do STJ foram
investigados, os procuradores mostram, em uma conversa, também de 2016,
desconfiança com relação a Reynaldo Soares.
Atalho ilegal
Um
outro diálogo de 2015 mostra que os procuradores recorriam a Leonel para obter
consultas fiscais ilegalmente. Na conversa, Deltan pergunta se Roberson
Pozzobon entrou em contato com a Receita de São Paulo, e Roberson responde que
ainda não: "quero pedir via Leonel para não dar muito na cara, tipo
pescador de pesque e pague".
3 Aug
15
20:42:00
Deltan Robinho, Vc entrou em contato com a RF de SP??
20:42:12
Deltan Sobre os filhos do Bhrama??
20:42:32
Deltan Viu na imprensa do Taiguara, que era sobrinho do LULA que fazia varandas
e está multimilionário fazendo obras pra Oddebrect na africa??
20:45:40
Deltan O que saiu??
20:51:44
Roberson MPF Vou ver isso amanhã de manha Delta, quero pedir via Leonel para
não dar muito na cara, tipo pescador de pesque e pague rsrsrs
20:52:12
Roberson MPF Onde saiu esta noticia do sobrinho do homem
20:52:16
Roberson MPF ?
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