Não é
possível confirmar se o ex-juiz grampeou o ministro do STF ou se foram
escutadas conversas de Gilmar Mendes com algum investigado que teve sigilo
telefônico quebrado
Conjur - O ex-juiz Sergio Moro teve acesso a conversas do ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e pediu para que os procuradores da
autointitulada "força-tarefa" da "lava jato" analisassem o
material. É o que indicam os novos diálogos enviados pela defesa do
ex-presidente Lula ao STF
O trecho não deixa
claro se Gilmar foi diretamente grampeado ou se foram escutadas conversas do
ministro com algum investigado que teve o seu sigilo telefônico quebrado.
Em 31
de agosto de 2018, Deltan Dallagnol, ex-coordenador da "lava jato",
encaminhou a colegas uma mensagem de Moro. "Prezado, amanhã de manhã de
uma olhada por gentileza no 50279064720184047000. Há algo estranho nos diálogos."
Não é possível encontrar o processo citado, que, ao que tudo indica, não existe
formalmente.
Julio Noronha
terceiriza o trabalho a Laura Tessler: "CF [possivelmente o ex-procurador
Carlos Fernando dos Santos Lima] me mandou msg falando q a Rússia disse haver
algo estranho nos diálogos do GM [Gilmar Mendes]. CF disse ser urgente, para
ver agora pela manhã. Será que você consegue ver?"
"Russo"
e "Rússia" são como os procuradores se referem a Moro e à 13ª Vara
Federal de Curitiba, que foi chefiada pelo ex-magistrado até o final de 2018,
quando assumiu o Ministério da Justiça.
O
ministro Dias Toffoli também é citado. Em uma passagem, quando comentam sobre
conversas interceptadas envolvendo investigados da Odebrecht, Noronha diz que
um advogado identificado como "M" seria próximo de
"Peruca". "Hummmm. Peruca pode ser o Toffoli. Foda heim",
responde Dallagnol.
Gilmar e Toffoli
Já é
vasto o material apontando que os procuradores tinham uma obsessão pelo
ministro Gilmar Mendes. Conforme mostrou a ConJur,
os lavajatistas criaram um
grupo no Telegram com o único objetivo de articular medidas
contra o ministro; bolaram um
manifesto contra ele; e disseram que era
necessário "fazer algo com relação" ao magistrado do
Supremo.
O
complô, quase sempre
liderado por Dallagnol, não incluía apenas a
"força-tarefa" de Curitiba, mas também os consórcios formados em São
Paulo e no Rio de Janeiro. Até membros da
Procuradoria-Geral da República participavam das movimentações
articuladas no Paraná.
Já
reportagem do El País, em parceria
com o Intercept Brasil, revelou que
os procuradores planejaram buscar na Suíça provas contra Gilmar. Segundo a
notícia, os membros do MPF pretendiam usar o caso de Paulo Preto, operador do
PSDB preso em um desdobramento da "lava jato", para reunir munições
contra o ministro.
A agitação não
fica por menos quanto a Toffoli. Em entrevista concedida à CNN Brasil em dezembro do ano passado,
o hacker Walter Delgatti Neto, responsável por invadir os celulares dos
procuradores, disse que o
plano do MPF em Curitiba era prender Gilmar e Toffoli.
"Eles
queriam. Eu não acho, eles queriam. Inclusive Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
Eles tentaram de tudo para conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli, eles
tentaram falar que o Toffoli tentou reformar o apartamento e queriam que a OAS
delatasse o Toffoli", afirmou o hacker.
Uma
conversa divulgada pela ConJur em
fevereiro deste ano respalda a narrativa de Delgatti Neto. Em 13 de julho de
2016, Dallagnol
disse que "Toffoli e Gilmar todo mundo quer pegar".
Nenhum comentário:
Postar um comentário