Mortes e
doenças graves que levam à necessidade de transplante de fígado são duas
consequências do “kit covid” de Bolsonaro e Pazuello que começam a se fazer
sentir no sistema de saúde.
247 - Os efeitos do chamado “kit covid”
bolsonarista propagandeado por Jair Bolsonaro e o general-ministro Eduardo
Pazuello começam a se fazer sentir. O kit de Bolsonaro-Pazuello é apontado como
causa de mortes e destruição do fígado de pacientes. De acordo com médicos
ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo, três pessoas morreram por hepatite em São Paulo,
uma em Porto Alegre e cinco estão na fila do transplante de fígado, também em
São Paulo.
Hemorragias,
insuficiência renal e arritmias também estão sendo observadas por profissionais
de saúde entre pessoas que fizeram uso desse grupo de drogas, que incluem
hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e anticoagulantes. Um dos remédios
com efeitos mais nefastos é a ivermectina.
Números
do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostram que o total de unidades vendidas
de ivermectina, por exemplo, subiu 557% em 2020 em comparação com 2019, sendo
dezembro o mês recordista de vendas da droga. O remédio, indicado para tratar
sarna e piolho, não teve sua eficácia contra a covid comprovada. Seu uso contra
o coronavírus foi desaconselhado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e
pelo próprio fabricante do produto, a Merck.
O produto é um dos
que foram utilizados pelos cinco pacientes que entraram na fila de transplante
de fígado. Todos eles haviam tido, semanas antes, diagnóstico de covid e
receberam a prescrição do chamado “tratamento precoce”.
Quatro
deles foram atendidos no Hospital das Clínicas da USP e o outro no HC da
Unicamp. “Eles chegam com pele amarelada e com histórico de uso de ivermectina
e antibióticos. Quando fazemos os exames no fígado, vemos lesões compatíveis
com hepatite medicamentosa. Vemos que esses remédios destruíram os dutos
biliares, que é por onde a bile passa para ser eliminada no intestino”, disse
Luiz Carneiro D’Albuquerque, chefe de transplantes de órgãos abdominais do
HC-USP e professor da universidade ao Estadão. “O nível normal de bilirrubina é
de 0,8 a 1. Um dos pacientes está com mais de 40”, informou ele.
D’Albuquerque
conta que, dos quatro pacientes colocados na fila do transplante no HC, dois
tiveram doença aguda e morreram antes da operação.
Aas
biópsias do fígado desses pacientes evidenciam que os casos são de origem
medicamentosa e não complicações do próprio coronavírus. “A covid pode atacar o
órgão, mas de uma forma diferente. Ela causa pequenos trombos (coágulos) nos
vasos. Esse padrão que encontramos é de lesão por medicamentos”, disse Ilka
Boin, professora da Unidade de Transplantes Hepáticos do Hospital das Clínicas
da Unicamp.
Além de
duas mortes de pacientes em São Paulo, um óbito por doença hepática aguda foi
registrado em uma unidade particular de Porto Alegre, relata a neurologista
Verena Subtil Viuniski: “Era um paciente com quadro psiquiátrico que estava
agitado e confuso e marcou um encaixe no ambulatório. As enzimas do fígado
estavam 30 vezes mais altas do que o normal. Dez dias antes, ele tinha tido
covid e tomado remédios do kit.”
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