“Olhando
para o que aconteceu com o Bolsonaro, me dá um certo mal-estar não ter votado
em alguém contra ele", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
sobre o resultado da eleição de 2018. Ele votou nulo no segundo turno entre
Haddad e Bolsonaro
247 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos
principais articuladores do golpe que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff,
admitiu sentir um “certo mal-estar” por ter anulado o seu voto e não ter votado
em Fernando Haddad na eleição presidencial de 2018. “Pergunta se eu me
arrependo? Olhando para o que aconteceu com o Bolsonaro, me dá um certo
mal-estar não ter votado em alguém contra ele”, disse FHC em entrevista à
revista Época.
Segundo o tucano,
esta teria sido “a única vez na vida” em optou por anular o voto. Não
acreditava na possibilidade de o outro lado fazer uma coisa, que, no meu modo
de entender, fosse positiva. Embora eu reconheça que o outro lado tinha mais
sensibilidade social do que o Bolsonaro. Mas tinha medo que houvesse uma crise
muito grande financeira e econômica e rachasse ainda mais o país. Só em
desespero que se vota nulo”, justificou.
“Tinha
votado no Geraldo Alckmin no primeiro turno e fiquei sem ter candidato. E achei
melhor que uma candidatura do PT, de uma pessoa que eu conheço até, me dou bem
com ele, o Fernando Haddad. É uma boa pessoa, mas eu achei que ele era pouco
capaz de levar o Brasil, naquela época. Hoje, deve ter melhorado. A pior coisa
é você ser obrigado a não ter escolha. Ao não ter escolha, permite o que
aconteceu: a eleição do Bolsonaro. Teria sido melhor algum outro?
Provavelmente, sim. Pergunta se eu me arrependo? Olhando para o que aconteceu com
o Bolsonaro, me dá um certo mal-estar não ter votado em alguém contra ele”,
completou FHC em seguida.
Apesar de defender
um candidato do centro para disputar o pleito presidencial de 2022, FHC
ressaltou que não descarta a possibilidade de votar em um candidato do PT para
impedir a reeleição de Jair Bolsonaro. “Depende de quem do PT seria capaz de
levar o país. Espero que não se repita esse dilema. Pouco provável que se
repita. O PT perdeu muita presença. O Lula tinha uma imantação, que era do
Lula, e não do PT. Não sei quem vai ser o candidato do PT. Mas eu prefiro que
seja um candidato saído do PSDB, do centro, não necessariamente do PSDB”,
afirmou.
“Por
enquanto, temos um polo só que é negativo: a favor do Bolsonaro ou contra. Não
temos o outro. Quem for capaz de criar um polo que transcenda seu próprio
partido e chegue ao povo terá meu voto, independentemente de ser do meu partido
ou não”, destacou.
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