Ordem do
Dia publicada nesta noite pelo general Braga Netto descreve o golpe militar à
época como uma tentativa das Forças Armadas de “pacificar o País”,
“reorganizá-lo” e “garantir as liberdades democráticas”. “O movimento de 1964 é
parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e
celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, diz
General Braga Netto (Foto: Anderson Riedel/PR)
247 - Novo ministro da Defesa, o general Walter Braga
Netto publicou no início da noite desta terça-feira (30) seu primeiro
comunicado desde que assumiu o cargo, a "Ordem do Dia Alusiva ao 31 de
março de 1964", e nela, defende a “celebração” do golpe militar de 1964,
que culminou em prisões, torturas e repressão por mais de duas décadas no País.
No texto, ele
define o papel das Forças Armadas no episódio da seguinte forma: “As Forças
Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando
os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje
desfrutamos”.
E
defende que “o movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil.
Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de
março”.
Braga Netto entrou no lugar de
Fernando Azevedo, depois que o último bateu de frente com Bolsonaro
e impediu a demissão do comandante do Exército, Edson Leal Pujol. Com a troca
no ministério da Defesa, foi anunciada a demissão coletiva dos três chefes do
Exército, Aeronáutica e Marinha.
Confira
a íntegra da Ordem do Dia de Braga Netto nesta terça-feira, véspera de 31 de
março, data do golpe militar:
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964
Publicado
em 30/03/2021 18h29 Atualizado em 30/03/2021 18h36
MINISTÉRIO DA DEFESA
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964
Brasília,
DF, 31 de março de 2021
Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem
ser compreendidos a partir do contexto da época.
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela
expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os
países.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa
participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico
internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e
influência.
A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de
inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça
real à paz e à democracia.
Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo
apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento
empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas,
interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de
março de 1964.
As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País,
enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades
democráticas que hoje desfrutamos.
Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um
amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia.
Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo.
O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.
O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais,
ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão
presentes, na linha de frente, protegendo a população.
A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de
sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes
constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes
preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.
O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser
compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.
WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa
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