Procurador
Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em
Curitiba, discutiu a criação de uma “cláusula anti-Bolsonaro" com o
diretor da ONG Transparência internacional, Bruno Brandão
247 - Um novo trecho dos diálogos hackeados
apreendidos na operação "spoofing" mostram o procurador Deltan
Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba,
debatendo a criação de uma “cláusula anti-Bolsonaro" com o diretor da ONG
Transparência internacional, Bruno Brandão.
De acordo com
reportagem da CNN Brasil,
a conversa aconteceu no dia 24 de junho de 2018 em um chat intitulado “A
Vingança”. Na ocasião, Dallagnol teria questionado Brandão sobre quando a ONG
lançaria um “ranking” dos candidatos fichas limpa que iriam disputar as
eleições. O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Michael Mohallem
também participou da conversa.
Nos
diálogos, o grupo discutiu a necessidade de criar, além de um ranking com os
candidatos com problemas na Justiça, uma lista com dados dos postulantes
compromissados com a democracia. Este ponto foi batizado de “anti-Bolsonaro”.
“Qual seria essa
cláusula democrática mesmo?”, questionou Michael Mohallem. Brandão respondeu
que seria “aquela ideia de ter algum dispositivo anti-bolsonaro. Pra que o
filtro do passado limpo não sirva de plataforma pra esses maníacos com ficha
limpa, mas discurso de ódio”.
Mohallem
ponderou que “Talvez seja boa ideia abandonar esses dois filtros mais
subjetivos. Deixaríamos apenas os mensuráveis. Como os processos, condenações e
investigações. Já seria um enorme serviço de interesse público”. Brandão disse
que “talvez, considerando que a “cláusula democrática” seria de toda forma algo
complexo de operacionalizar, poderíamos fase um disclaimer inicial sobre isso,
bem claro, visível e direto, do tipo: não basta ter passado limpo, considere
quais são as propostas do seu candidato e seu compromisso com a democracia,
etc. Agora, a cláusula do compromisso com o pacote é mais complexa, porque o
espírito do projeto desde o início era conquistar algum tipo de compromisso dos
candidatos à essa agenda e atrelar isso à renovação política de qualidade (que
queremos contribuir com informação crível e acessível sobre as fichas
pregressas)”.
Cerca de duas
horas depois, Deltan Dallagnol teria se manifestado sobre o assunto: “Então, o
site faz diagnóstico de quem tem passado limpo e de quem está comprometido com
que propostas legislativas. Os compromissos e o limiar de apoio mínimo e
propostas centrados podem ficar para uma espécie de análise externa pela TI e
parceiras”, teria escrito o procurador, segundo a reportagem.
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