Com Lula
“moderado” ocupando o centro da disputa, cientista político Cláudio Couto (FGV)
prevê disputa “renhida” entre a centro-direita e a extrema-direita nas eleições
do ano que vem, com risco de Bolsonaro não passar do primeiro turno
Rede Brasil Atual - O crescente desgaste do presidente Jair Bolsonaro,
em função do colapso da pandemia e da gestão desastrada na economia, entre
outros fatores, revela que seu futuro eleitoral na disputa de 2022 parece cada
vez mais incerto. Com isso, os partidos da centro-direita – a chamada “direita
moderada”, em oposição à extrema-direita liderada por Bolsonaro – buscam um
nome que possa vir a ocupar o espaço deixado pelo esvaziamento do atual
presidente.
De acordo com o
cientista político Cláudio Couto, professor da Escola de Administração de
Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a volta do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao centro do jogo político deve tornar
ainda mais “renhida” a disputa no campo conservador por uma vaga no segundo
turno nas eleições presidenciais do ano que vem.
Em seu
primeiro pronunciamento após terem sido anuladas as condenações impostas pela
Lava Jato, Lula fez um discurso considerado “moderado”, segundo Couto. Com
acenos a diversos setores da sociedade, o líder petista “lançou pontes” e
sinalizou disposição ao diálogo. A consequência disso, segundo o cientista
político, é que diminuiu o espaço para candidaturas que se apresentem como
“centristas”.
Em função disso,
Couto acredita que a viabilidade de um candidato da centro-direita vai depender
da “corrosão” da base de apoio de Bolsonaro. “Esse representante da
centro-direita só vai prosperar se houver uma corrosão muito grande da
popularidade de Bolsonaro. Se ele perder sustentação política, uma parte do
eleitorado – os 30% que ainda consideram o governo bom ou ótimo – pode ser
levada para essa candidatura mais moderada”, disse Couto, em entrevista ao
Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (11).
Incógnita
“Acho
possível, diante do desgaste, que Bolsonaro não vá para o segundo turno. E,
assim, tenhamos uma disputa entre Lula e um candidato da centro-direita. Mas
não sei se vai se viabilizar. Estou apenas dizendo que a política comporta essa
possibilidade, diante da forma como os processos vem ocorrendo”, acrescentou.
Ele lembrou que grande parte dos votos destinados a Bolsonaro nas últimas
eleições anteriormente eram direcionados a esse campo da centro-direita,
especialmente às candidaturas do PSDB.
O desafio maior, segundo ele, nem é o provável desgaste do
atual presidente. Mas que as forças políticas desse campo consigam encontrar um
nome com capacidade eleitoral para superá-lo. O governador de São Paulo, João
Doria, encontra resistência de outros políticos importantes, inclusive dentro
do seu próprio partido. Por outro lado, o apresentador Luciano Huck parece
indeciso entre disputar à presidência ou ocupar o espaço deixado por Fausto
Silva. O titular das tardes de domingo anunciou sua saída da Rede Globo a partir
do ano que vem.
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