Ex-porta-voz de Lula no primeiro mandato, um dos mais respeitados
estudiosos sobre os governos do PT, André Singer avalia que, hoje, Lula tem
condições ainda melhores para vencer Bolsonaro nas urnas do que tinha em 2022
247 - O cientista político André Singer, porta-voz de Lula em
seu primeiro mandato presidencial (2003-2006) e um dos mais respeitados
estudiosos sobre os governos do PT afirmou que o ex-presidente tem hoje
melhores condições para derrotar Jair Bolsonaro nas eleições atualmente do que
teria em 2018.
Em
entrevista à BBC News Brasil, Singer diz que o forte
sentimento antipetista que ganhou força a partir de 2014-15 e que tinha o tema
da corrupção como centro da narrativa da direita e extrema direita tende a
perder importância diante de outros problemas que o país enfrenta, como as
crises da saúde e da economia e a percepção de ameaça à democracia.
Para Singer, embora Bolsonaro ainda tenha condições para chegar
ao segundo turno presidencial, sua atuação na pandemia aumentou de maneira
expressiva sua rejeição entre os eleitores de centro.
Apesar
de ver Lula mais forte hoje, Singer defende a importância de uma aliança ampla
de forças políticas para enfrentar Bolsonaro em 2022.
A avaliação do cientista político sobre a entrevista de Lula na
manhã e início da tarde desta quarta-feira (10) é emblemática:
“O
discurso dele na manhã de hoje aponta na direção de abrir conversas com setores
que estão à esquerda do centro. Ele foi bastante explícito em relação a isso.
Ele disse que há bastante tempo ainda para o período eleitoral propriamente
dito e que acha importante que esses setores conversem. Por outro lado, a
própria candidatura dele, caso venha a se consolidar, tem um peso muito grande.
Do ponto de vista de popularidade, de memória, de ele já ter sido presidente,
em tese tudo isso dá uma dianteira muito grande em relação a outros possíveis
candidatos. Então, é uma situação um tanto quanto ambígua. Ele disse claramente
que acha importante que haja uma unidade à esquerda do centro, mas ao mesmo
tempo o nome dele tem um peso natural. Ele não descartou a frente ampla, mas
claramente ele disse que seria uma segunda etapa. Não necessariamente um
segundo turno. É como se ele tivesse dizendo que esse processo caminharia por
etapas, e a primeira corresponderia a uma conversa mais no campo à esquerda do
centro e talvez depois com setores que estão ao centro ou à direita do centro.”
A entrevista foi concedida em duas etapas, em fevereiro e depois
da recuperação dos direitos políticos por Lula, com a anulação de suas condenações pela
Lava Jato em decisão histórica do ministro do Supremo Tribunal
Federal Edson Fachin.
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