O
ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que acaba de conquistar importante
vitória política com a passagem em primeiro lugar do seu candidato à
presidência, Andrés Arauz, diz que a sociedade se deu conta do fracasso do
neoliberalismo
247 - O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que
continua exercendo grande influência política no país, é um dos vitoriosos nas
eleições presidenciais realizadas no último domingo. Ele é o líder de fato da
coalizão de forças que conquistou o primeiro lugar no primeiro turno e criou as
condições para a vitória do seu candidato, Andrés Araus. O segundo turno será
disputado em 11 de abril.
Em entrevista à Folha
de S.Paulo, o ex-mandatário diz que há um ressurgimento da esquerda na região
devido à "desilusão com o neoliberalismo". A entrevista foi concedida
por videoconferência do México, onde o ex-presidente está dando uma série de
palestras.
Questionado
se está decepcionado porque a eleição não foi decidida já no primeiro turno
como era sua expectativa, Correa disse que sabia que isso podia acontecer.
"Por culpa do atual governo, há muita descrença dos equatorianos com
relação à política. Isso fez com que muitos indecisos preferissem votar em
candidatos que parecem ser uma novidade, como Yaku Pérez [Pachakutik] e Xavier
Hervas [Esquerda Democrática]. Isso nos tirou um pouco de votos, e teremos de
disputar um segundo turno".
Correa nega que
esteja decepcionado e considera o desempenho do seu candidato Andrés Arauz
excelente. "Conseguir mais de 30% dos votos com um candidato que era até
então desconhecido, mostra que a população nos está dando um voto de confiança
e demonstrando que quer nossas políticas de volta".
O
ex-mandatário critica severamente Yaku Pérez [Pachakutik] e Xavier Hervas
[Esquerda Democrática]. "Esses dois não são de esquerda. A nossa é a única
candidatura de esquerda desta eleição. Hervas é da esquerda democrática, mas
isso fica só no nome do partido. Eles estão aliados a Moreno e querem uma
reforma trabalhista que flexibilize os contratos e deixe os trabalhadores mais
vulneráveis". Correa é mais rigoroso ainda na avaliação sobre o candidato
que se apresenta como ecossocialista. "Yaku Pérez é de direita, está
financiado pelos EUA. Essa candidatura foi criada para ser um plano B, caso
Lasso não tivesse força para vencer. Não é uma candidatura de esquerda, está
usando essa imagem e se vendendo como algo moderno, vanguardista, com a
preocupação com o ambiente, mas isso é fachada. Pérez é tão de direita como
Lasso".
Correa fala sobre
a situação política na América Latina e comenta sobre o Brasil, onde a
democracia foi roubada por aqueles que colocaram Lula na cadeia e deram um
golpe para tirar Dilma Rousseff do poder". O ex-presidente equatoriano diz
que o Brasil é "uma democracia entre aspas". Ele opina que "se
Lula não tivesse sido preso, ele seria o presidente do país".
"Creio
que há um ressurgimento da esquerda, sim, mas porque a sociedade se deu conta
do fracasso dos governos neoliberais", enfatiza Rafael Correa.
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