quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Moro suspendeu sigilo de ação sobre acervo de Lula para impedir sua nomeação como ministro de Dilma

Em mais uma demonstração de parcialidade da Lava Jato, Deltan Dallagnol e Sérgio Moro quebraram o sigilo de uma ação da PF contra Lula para impedir o ex-presidente de ser nomeado para Casa Civil do governo Dilma em março de 2016. O ex-juiz também havia tornado públicos telefonemas entre Dilma e o ex-presidente, em outra conduta ilegal

Sérgio Moro, ex-presidente Lula e Dilma Rousseff (Foto: Abr | Stuckert)

247 - O procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sergio Moro debateram em aplicativo de mensagens quebrar o sigilo de uma ação da Polícia Federal envolvendo acervo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Menos de uma hora e meia após a conversa, Moro fez o despacho suspendendo o sigilo. 

O diálogo entre Moro e Dallagnol aconteceu em março de 2016, quando o nome de Lula era cogitado para assumir o Ministério da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff. O então procurador disse que ao ex-juiz que temia o impedimento da suspensão do sigilo com a nomeação de Lula, porque o petista passaria a contar com foro privilegiado. Os diálogos foram publicados em reportagem do portal Uol.

Em 11 de março de 2016, por volta das 16h, Moro disse a Dallagnol: "A PF [Polícia Federal] deve juntar relatório preliminar sobre os bens encontrados em depósito no Banco do Brasil. Creio que o melhor é levantar o sigilo dessa medida. Abri para manifestação de vocês [força-tarefa da Lava Jato], mas permanece o sigilo. Algum problema?", questionou. 

Em 8 de março, Moro havia dito: "Como eventualmente podem conter documentos ou provas (...), justifica-se a busca e apreensão".

No despacho, o então juiz afirmou que não caberia "qualquer conclusão deste Juízo acerca do resultado da busca". "Entretanto, ultimada a busca, não mais se faz necessária a manutenção do sigilo".

Também no dia 11 de março, Dallagnol disse a Moro: "Temos receio da nomeação de Lula sair na segunda [14 de março] e não podermos mais levantar o sigilo". "Como a diligência está executada, pense só relatório e já há relatório preliminar, seria conveniente sair a decisão hoje, ainda que a secretaria operacionalize na segunda. Se levantar hoje, avise por favor porque entendemos que seria o caso de dar publicidade logo nesse caso", afirmou.

Moro respondeu dizendo que já havia despachado para levantar o sigilo. "Mas não vou liberar chave [para acesso ao processo no sistema eletrônico] por aqui para não me expor. Fica a responsabilidade de vocês [força-tarefa]." Moro disse ter receio de "novas polêmicas agora" e que isso tivesse impacto negativo. "Mas pode ser que não", ponderou.

"Vamos dar segunda, embora fosse necessária a decisão hoje para caso saia nomeação", disse o procurador. 

Grampo ilegal

Na época, Moro tornou pública a gravação de telefonemas entre o ex-presidente Lula e a então presidente Dilma Rousseff, diante da especulação de que o petista poderia ser nomeado para o governo.

A medida do então juiz foi ilegal, porque um dos participantes da conversa tinha prerrogativa de foro por função (Dilma). Por consequência, a primeira instância jurídica deveria mandar as provas para a Corte indicada. 

Em março daquele ano, Moro pediu desculpas ao STF. "Jamais foi a intenção desse julgador, ao proferir a aludida decisão de 16/03 (vazamento para público do diálogo entre Dilma e Lula), provocar tais efeitos e, por eles, solicito desde logo respeitosas escusas a este Egrégio Supremo Tribunal Federal". 

O ex-juiz, no entanto, não pediu desculpas a Dilma nem a Lula. 

  

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