Luis
Felipe Miguel, professor de Ciência Política na UnB, escreve sobre a
candidatura Haddad e lembra que o PT é "o único partido brasileiro que
colocou seus candidatos entre os dois primeiros em todas as eleições
presidenciais desde a redemocratização". Ele anota também que "gente
que lançou Boulos à presidência no dia seguinte à derrota dele nas eleições
paulistanas agora se escandaliza com a 'precipitação' de Haddad"
Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook - É óbvio que Haddad é candidato potencial à
presidência em 2022. Assim como Boulos é. E Flávio Dino. E Ciro Gomes.
Alguns optam por
assumir a candidatura desde logo, outros preferem não. Tem a ver com as
circunstâncias de cada um.
Mas
todo mundo que acompanha a política brasileira, mesmo de longe, sabe que são
esses os nomes. E todos eles agem de maneira a viabilizar essa pretensão. Isso
é normal, é da política.
Podemos sonhar com
uma política em que a ambição pessoal esteja banida.
Ou, em alguns
casos, uma hipocrisia: gente que lançou Boulos à presidência no dia seguinte à
derrota dele nas eleições paulistanas agora se escandaliza com a
"precipitação" de Haddad.
De
resto, é equivocado - e ilusório - atrelar a unidade da esquerda a uma
coligação nas eleições presidenciais.
Por
motivos diferentes, mas igualmente legítimos, tanto PT quanto PSOL dificilmente
deixarão de ter candidatos próprios. Além de Ciro, é claro.
O PT é
o maior partido da esquerda, o único partido brasileiro que colocou seus
candidatos entre os dois primeiros em todas as eleições presidenciais desde a
redemocratização, conta com a força de Lula e o próprio Haddad teve 47 milhões
de votos em 2018.
É
natural que um partido desse porte tenha candidato próprio.
O PSOL
luta por estabelecer um espaço político à esquerda do PT. Trilha o estreito
caminho que lhe permite manter essa identidade na conjuntura de brutal
retrocesso no Brasil, que tende a amassar toda a esquerda derrotada num mesmo
amálgama.
A
candidatura presidencial é importante por isso.
E, mais
diretamente, sem candidato próprio que puxe a identificação do eleitorado, o
PSOL corre o sério risco de não superar a cláusula de barreira, o que dificulta
enormemente sua sobrevivência como partido. Em 2018 ele passou raspando - e
para 2022 o sarrafo será elevado.
O que é
preciso é unidade na luta, nas ruas. E que os candidatos, que certamente serão
diversos, sejam capazes de entender que estão no mesmo campo, a despeito das
diferenças, evitando agressões desnecessárias e garantindo empenho total no
segundo turno.
O auê artificialmente criado em torno do não-fato político que foi a "revelação" de que Haddad é potencial candidato não ajuda nada nessa direção.
Mas não
deixará de ser sonho.
O
importante é que essa ambição não turve os compromissos de fundo, não opere
contra um projeto que deve ser maior, muito maior que ela.
Dos quatro nomes
que citei no começo, só um, até onde posso ver, não cumpre esse requisito.
Não é a
existência ou inexistência de nomes na rua que atrapalha a construção de uma
unidade da esquerda.
Atacar
Haddad por causa de uma frase numa entrevista me parece, francamente, uma
besteira.
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