Ao 247,
Ariovaldo Moreira diz que seu cliente está sendo acusado de crimes que podem
acarretar 300 anos de prisão. O delito que ele admite ter cometido, o de
invasão de dispositivo de comunicação, prevê pena máxima de um ano. Ele também
revela a pressão que Walter Delgatti Neto sofreu para fazer uma delação
premiada, nos moldes que seus acusadores queriam
Por Joaquim de Carvalho - O advogado Ariovaldo Moreira, que defende o hacker
Walter Delgatti Neto, disse que seu cliente é hoje um preso político.
“Ele continua
usando tornozeleira eletrônica e não pode acessar a rede mundial de
computadores, que era o seu ganha pão”, afirma.
"Se
ele quiser trabalhar como Uber, não pode", afirmou.
Delgatti passou
mais de um ano preso preventivamente por um crime que tem pena máxima de doze
meses — invadir dispositivo eletrônico de comunicação.
Hoje,
responde a processo por organização criminosa, embora já tenha declarado que
agiu sozinho no acesso a mensagens dos aparelhos funcionais dos procuradores da
Lava Jato.
“A
polícia não encontrou uma única prova contra as demais pessoas que foram
presas”, afirmou o advogado, em entrevista à TV 247.
Para ele, a prisão
dos demais teve dois objetivos: decretar a preventiva de Delgatti, por associar
um delito de pequeno potencial ofensivo ao de associação criminosa.
“O
delegado sabe que não houve envolvimento dos demais presos”, afirmou. O segundo
objetivo da prisão dos amigos de Delgatti teria sido a estratégia para obter
delação.
Há aí
outro abuso, já que a lei que regulamentou a delação diz que ela deve ser
espontânea.
Segundo Ariovaldo
Moreira, Delgatti agiu com o objetivo de desmascarar o sistema de justiça, por
ter vivido o que ele considera um abuso por parte de um promotor de justiça, há
pouco tempo.
“Quando
ele acessou as mensagens dos procuradores, viu que aquilo tinha que se tornar
público”, disse. "Que o caso dele não isolado. Se até um ex-presidente
pode sofrer com abuso nas mãos de procuradores, imagine o cidadão comum",
afirmou.
Ariovaldo
acrescentou que o hacker agiu em “legítima defesa da sociedade”.
Nesse
sentido, não houve crime. Além disso, as mensagens acessadas se encontravam nas
nuvens, e não há tipo penal que defina esse ato como crime.
Um
procurador não pode ser sócio do juiz em ações penais, disse. E o Brasil não
pode ter um Código de Processo Penal da Rússia, comentou, em alusão às
mensagens já divulgadas em que procuradores chamam Moro de Russo e falam sobre
o direito penal da Rússia, admitindo que o então juiz agia fora da lei.
A TV
247 entrevistará o hacker Walter Delgatti Júnior nesta terça-feira, às 17
horas. Ainda há muitas mensagens bombásticas que serão reveladas.
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