No
documento, os ex-estudantes da Faculdade de Medicina da USP criticam a atuação
do governo diante da pandemia. "É preciso dar um basta ao descaso deste
governo. Basta! Em defesa do SUS! Em defesa da vida! Pela imediata abertura do
processo de impeachment!"
247 - Um abaixo-assinado com cerca 700 assinaturas
de ex-estudantes de medicina da Universidade de São Paulo (USP) pede o
impeachment de Jair Bolsonaro.
No manifesto, os
médicos criticam a incompetência do governo Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus,
que já matou mais de 212 mil pessoas no Brasil.
"Este
número inaceitável de mortes pela Covid-19 é decorrente das condições de
profunda desigualdade, econômica e social, sob as quais os pobres e os mais
vulneráveis se tornaram as principais vítimas da pandemia. Desigualdade e
vulnerabilidade agravadas pela condução inepta, irresponsável e criminosa do
governo federal", diz o texto.
"É preciso
dar um basta ao descaso deste governo. Basta! Em defesa do SUS! Em defesa da
vida! Pela imediata abertura do processo de impeachment!", diz o
documento.
Leia, abaixo, a carta na íntegra:
As mais de duzentas e dez mil vidas
brasileiras ceifadas pela pandemia de COVID-19 representam dez por cento das
mortes no mundo, enquanto o Brasil responde por 2,7% da população mundial.
Este número inaceitável de mortes pela COVID-19 é
decorrente das condições de profunda desigualdade, econômica e social, sob as
quais os pobres e os mais vulneráveis se tornaram as principais vítimas da
pandemia. Desigualdade e vulnerabilidade agravadas pela condução inepta,
irresponsável e criminosa do governo federal.
Dezenas de milhares de vidas poderiam ter
sido poupadas se tivéssemos uma condução pautada pela proteção da população e
pelas orientações da comunidade científica nacional e internacional.
Ao contrário, desde o início da pandemia,
o comportamento do governo federal foi marcado pelo descaso com a vida,
hesitando e boicotando medidas de suporte econômico de sobrevivência dos mais
pobres, adotando teses sem nenhuma base científica, desautorizando e
desacreditando os cientistas, muitos deles internacionalmente reconhecidos.
As trocas de dois ministros de saúde e a substituição
de outros dirigentes técnicos do Ministério da Saúde por pessoas sem qualquer
competência e experiência, compuseram um cenário trágico, no qual em vez de
termos um comando nacional articulado aos 26 estados, Distrito Federal e 5570
municípios, para enfrentar uma guerra contra o vírus e suas consequências
sanitárias, econômicas e sociais devastadoras, assistimos a um grupo teleguiado
por um presidente que diária e publicamente, de forma caricata, incita a
população a ter comportamentos de risco, minimiza os mecanismos de proteção
coletiva, dissemina o descrédito sobre a vacina e estimula disputas com outros
atores políticos como se estivéssemos em um campeonato esportivo. Assistimos a
um lamentável jogo de interesses e vaidades entre atores políticos que ocupam
os governos federal e estaduais.
O Ministro da Saúde não foi capaz sequer
de realizar as compras dos insumos necessários para o atendimento dos pacientes
e para o programa nacional de vacinação. A gota d'água de sucessivos erros foi
a atitude perante a trágica situação de Manaus. Enquanto pacientes morriam
sufocados por falta de oxigênio medicinal nos hospitais daquela cidade, a ação
do ministro general Pazuello foi encaminhar uma força tarefa para promover na
rede básica de saúde o uso de medicamentos sabidamente ineficazes.
A situação do Brasil seria ainda pior se
não contássemos com o nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, conquista da
população brasileira instituída na Constituição de 1988, que definiu a saúde
como um direito básico e dever do Estado. Mesmo combalido pela asfixia
financeira, pelo processo de desmonte de suas áreas técnicas e de suas
políticas de assistência à saúde, o SUS se mostrou presente, vivo e atuante. A
capilaridade do SUS e sua larga experiência nos maiores programas de vacinação
em massa do mundo certamente serão essenciais mais uma vez na imunização do
povo, com chegada das vacinas contra a COVID-19.
Por isso, em defesa da saúde e da vida de nosso povo,
entendemos que é preciso exigir do Presidente da Câmara dos Deputados a
imediata abertura do processo de impedimento do Sr. Jair Messias Bolsonaro,
dentro das normas legais e constitucionais por crime de responsabilidade e
prevaricação. É preciso dar um basta ao descaso deste governo.
Basta!
Em defesa do SUS!
Em defesa da vida!
Pela imediata abertura do processo de
impeachment!
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