"A
população em pobreza extrema no mês de janeiro deve ficar entre 10% e 15% [21
milhões a 31,6 milhões de pessoas], e em relação a todos abaixo da linha de
pobreza, de 25% e 30% [52,7 milhões a 63,3 milhões de pessoas]”, diz o
economista Daniel Duque
247 - O fim do auxílio emergencial em meio ao
crescimento da pandemia de Covid-19 poderá deixar entre 21 e 31 milhões de
brasileiros vivendo em situação de extrema pobreza, com uma renda familiar per
capita mensal inferior a R$ 155. “A população em pobreza extrema no mês de
janeiro deve ficar entre 10% e 15% [21 milhões a 31,6 milhões de pessoas], e em
relação a todos abaixo da linha de pobreza, de 25% e 30% [52,7 milhões a 63,3
milhões de pessoas]”, disse o economista e pesquisador do Instituto Brasileiro
de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Daniel Duque, em entrevista
à DW Brasil.
Duque destacou,
ainda, que a cifra é de duas a três vezes superior aos dados disponibilizados
em novembro, quando 5% da população, ou 10,7 milhões de pessoas, se encontravam
no patamar da extrema pobreza. Quando a comparação é feita com agosto de 2020 -
quando a taxa de pobreza extrema alcançou o menor índice (2,3%) da história
devido ao pagamento do auxílio – o dado é ainda mais assustador.
Segundo
o economista, o primeiro trimestre também deverá afetar diretamente os
mais em função do término de outros programas para estimular a economia,
pela alta histórica do desemprego nos primeiros meses de todos os anos e pelo
avanço da pandemia da Covid-19.
“O mercado de trabalho vai combinar três fatores muito
difíceis. O primeiro é a segunda onda da pandemia, que já está levando ao
aumento de restrições, fazendo com que a economia sofra um novo baque.
Adicionalmente, temos uma questão sazonal, o desemprego sempre aumenta no
primeiro trimestre em relação ao último trimestre do ano anterior, normalmente
já tem essa piora da renda de parte da população. E o terceiro é o fim não só
do auxílio emergencial, mas de outros estímulos do governo, como o Programa de
Manutenção de Emprego e Renda. Temos uma conjunção que vai atuar para uma piora
da vida dos rendimentos da população e que vai afetar principalmente os mais
pobres”, disse.
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