O projeto
não tem data de início e os cientistas citadas não leram o documento
Pazuello e Bolsonaro (Foto: Reprodução/Facebook)
(Reuters) - O Ministério da Saúde apresentou neste sábado o
plano nacional de imunização contra o coronavírus, sem divulgar uma data
prevista para o início da vacinação, e acrescentou a CoronaVac entre as vacinas
com previsão de aquisição pelo governo federal, apesar das críticas já feitas
pelo presidente Jair Bolsonaro ao imunizante chinês
O chamado “Plano
Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19” foi entregue
eletronicamente pela pasta, na véspera, à Advocacia Geral da União (AGU) e ao
Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de processo que tramita na corte sobre
a aplicação de vacinas no país, e divulgado pelo ministério em seu site oficial
neste sábado.
O
programa é divido em 10 eixos, passando pela definição de população-alvo,
vacinas que serão aplicadas, operacionalização das campanhas, orçamento e
comunicação que será adotada.
De acordo com o
documento, serão necessárias 108 milhões de doses para vacinar 51 milhões de
brasileiros do grupo prioritário, que inclui trabalhadores de saúde e idosos,
entre outros. O ministério não apresentou um cronograma para vacinar esse
grupo.
Nesta
semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacinação poderia
começar ainda este ano caso a Pfizer recebe aprovação da Anvisa para uso
emergencial de sua vacina no Brasil e entregue doses ao governo federal.
O
Ministério da Saúde está em negociações com o laboratório por 70 milhões de
doses, mas apenas 2 milhões com previsão de entrega no primeiro trimestre de
2021. A vacina da Pfizer já foi aprovada para uso em países como Reino Unido,
Estados Unidos e Canadá.
Até o momento, o
governo federal tem acordos firmados apenas com a AstraZeneca, com previsão de
130 milhões de doses de vacina no ano que vem, e com o programa global Covax
Facility, por 43,5 milhões de doses.
Apesar
da rixa entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, cujo governo
controla o Instituto Butantan que é responsável no Brasil pela produção da
CoronaVac, a vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac é citada no documento
entre aquelas “com previsão de aquisição pelo Ministério da Saúde”.
Bolsonaro
já colocou em dúvida a qualidade da CoronaVac e chegou a vetar um acordo
costurado por Pazuello com o Butantan, mas especialistas em saúde pública e
governadores têm pressionado o governo a incluí-la no plano nacional.
Doria já anunciou,
inclusive, que pretende começar a vacinação em São Paulo em 25 de janeiro com a
CoronaVac -- apesar de a vacina ainda não ter sequer pedido de registro
apresentado à Anvisa.
No
total, 13 vacinas aparecem na lista do ministério entre aquelas que podem ser
adquiridas. A pasta afirma no plano que está fazendo prospecção de todas as
vacinas e sediou encontros com representantes de diversos laboratórios que
possuem vacinas em fase 3 de pesquisa clínica para aproximação técnica e
logística, destacando que é necessária a aprovação da Anvisa.
Segundo
Pazuello, qualquer vacina aprovada pela agência reguladora será adquirida pelo
governo federal.
Quanto
ao orçamento, o governo federal afirmou que já disponibilizou 1,9 bilhão de
reais de encomenda tecnológica associada à aquisição de doses de vacina pela
AstraZeneca/Fiocruz. Outros 2,5 bilhões de reais foram para adesão ao Consórcio
Covax Facility.
“Além
disso, 177,6 milhões de reais para custeio e investimento na Rede de Frio, na
modernização do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) e
fortalecimento e ampliação da vigilância de síndromes respiratórias. E um
destaque orçamentário de 62 milhões reais para aquisição de mais 300 milhões de
seringas e agulhas.”
Na
sexta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estimou em audiência no
Congresso que o custo de uma vacinação em massa da população será de
aproximadamente 20 bilhões de reais. De acordo com uma fonte com conhecimento
da questão, o governo federal está preparando uma medida provisória liberando
esse valor para a imunização da população.
O
Ministério da Saúde afirmou, em nota, que o plano de vacinação será apresentado
e detalhado à população na quinta-feira.