domingo, 9 de agosto de 2020

Presidenciável, Mandetta culpa Bolsonaro pelos 100 mil mortos por coronavírus


"Foi uma somatória de fatores, mas principalmente liderados pela posição do governo, que trocou dois ministros e botou um terceiro que fez uma ocupação militar sem técnicos na Saúde", disse ele
(Foto: Divulgação)

Sputnik – O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deixou o cargo em abril, disse neste sábado (8) que a postura do presidente Jair Bolsonaro foi um fator "preponderante" para o Brasil atingir a marca de 100 mil mortes por COVID-19
A declaração de Mandetta foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
"Houve uma série de fatores, mas o fator presidente foi preponderante. Ele deu argumento para as pessoas não ficarem em casa. Ele deu esse exemplo e serviu de passaporte para as pessoas aderirem politicamente a essa ideia", disse.
Segundo o ex-ministro, prefeitos se sentiam pressionados por Bolsonaro para acabar com o isolamento.
"[Prefeitos] veem a popularidade diminuir, e como tem um contraponto político feito pelo presidente, ficam pressionados", afirmou.
​Mandetta disse também que o governo federal "abriu mão da ciência" e "ficou em um debate menor, que é a cloroquina".
"Foi uma somatória de fatores, mas principalmente liderados pela posição do governo, que trocou dois ministros e botou um terceiro que fez uma ocupação militar sem técnicos na Saúde", completou o ex-ministro.
Segundo a plataforma do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 100.477 mortes causadas pela COVID-19 e 3.012.412 de casos confirmados da doença.


Lula: o Brasil só sairá desta crise com mais solidariedade


"Se o coronavírus revelou e resgatou a empatia do brasileiro de se solidarizar, ele também mostrou um lado cruel do egoísmo, e uma dose de desprezo pela vida de nossos mais velhos e mais vulneráveis", disse o ex-presidente
(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

Da Rede Brasil Atual  Em carta escrita em memória e luto pela morte de 100 mil brasileiros vítimas da covid-19, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou, neste sábado (8) sobre a vergonhosa marca atingida pelo país.
Lula solidarizou-se com a tristeza dos familiares dos mortos pela covid-19 e, em seguida, apontou objetivamente a responsabilidade pelos óbitos. “Em 144 dias, o coronavírus levou embora precocemente 100 mil pais, mães, filhos, irmãos, avós. Eram amigos, conhecidos, eram trabalhadores que se viram obrigados a deixar seus lares e lutar pelo pão de cada dia”, escreveu.
Lula mostrou indignação, ao falar da postura do presidente Jair Bolsonaro, negando alertas da comunidade internacional e expondo a população ao vírus da covid-19. E isso sem garantias mínimas de proteção e amparo pelo governo. “Uma doença que paralisou o mundo, mas que no Brasil foi desprezada por quem mais deveria cuidar do povo. Pela arrogância e prepotência de um presidente que um dia escolheu chamar esse vírus cruel de gripezinha, desafiando a ciência, a lógica, e até a morte, e que carregará na alma a responsabilidade por milhares de vidas.”
O ex-presidente encerra a carta com um chamamento à solidariedade para que o país saia o mais rápido possível da crise sanitária que pode provocar uma tragédia ainda maior. “Nesta data trágica em que completamos 100 mil vidas perdidas (…) me pergunto: a quantas mortes estamos dispostos a chegar? Peço ao povo brasileiro, do fundo do coração, que se cuidem. Lembrem-se que a vida é o dom mais precioso do ser humano. Usem máscara, lavem as mãos, evitem aglomerações desnecessárias, ajudem aqueles que mais precisam. Cuidem dos seus. (…) A solidariedade se faz obrigatória para sairmos dessa crise”, completou.
Leia a íntegra da carta de Lula:
100 mil vidas. Em 144 dias, o coronavírus levou embora precocemente 100 mil pais, mães, filhos, irmãos, avós. Eram amigos, conhecidos, eram trabalhadores que se viram obrigados a deixar seus lares e lutar pelo pão de cada dia.
Eram médicos, enfermeiros, agentes de saúde, motoristas de ambulância, agentes de segurança. Homens e mulheres que dedicaram a própria vida a salvar a de seus companheiros. Eram parte do povo brasileiro.
Uma doença que paralisou o mundo, mas que no Brasil foi desprezada por quem mais deveria cuidar do povo. Pela arrogância e prepotência de um presidente que um dia escolheu chamar esse vírus cruel de gripezinha, desafiando a ciência, a lógica, e até a morte, e que carregará na alma a responsabilidade por milhares de vidas.
Se o coronavírus revelou e resgatou a empatia do brasileiro de se solidarizar, ele também mostrou um lado cruel do egoísmo, e uma dose de desprezo pela vida de nossos mais velhos e mais vulneráveis. Que hoje sofrem com o medo e o isolamento forçado, abandonados à própria sorte pela desorientação do presidente da República.
Nesta data trágica em que completamos 100 mil vidas perdidas, em um país com quase 3 milhões de infectados, me pergunto: a quantas mortes estamos dispostos a chegar? Peço ao povo brasileiro, do fundo coração, que se cuidem. Lembrem-se que a vida é o dom mais precioso do ser humano. Usem máscara, lavem as mãos, evitem aglomerações desnecessárias, ajudem aqueles que mais precisam. Cuidem dos seus.
Deixo meu abraço fraterno a todos que perderam alguém que amavam para o coronavírus. E neste dia de saudade, que honremos a vida daqueles que se foram promovendo a consciência. A solidariedade se faz obrigatória pra sairmos dessa crise.
Um abraço,
Lula


Avanço de Bolsonaro entre os mais pobres pode ameaçar o lulismo, diz André Singer


Estudioso do "lulismo", o cientista político André Singer, que foi porta-voz do ex-presidente Lula, avalia a guinada política de Jair Bolsonaro, que começa a trocar o eleitorado mais rico e de classe média por segmentos mais populares
André Singer e Jair Bolsonaro
André Singer e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | ABr)

247 – Um dos principais cientistas políticos do Brasil, o professor André Singer, que foi porta-voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois se dedicou a estudar o fenômeno do "lulismo" concedeu uma importante entrevista ao jornalista Sérgio Roxo, do jornal O Globo, que deve servir de alerta para a esquerda brasileira. Segundo ele, Bolsonaro começa a ensaiar uma guinada política, em direção a um eleitorado mais popular, que pode vir a ameaçar o chamado lulismo.
"Ainda não sabemos muito bem o que aconteceu. Olhando superficialmente ocorreu uma espécie de acidente. O governo fez uma proposta que foi inteiramente revertida pelo Congresso e acabou, por meio dessa proposta, atingindo um eleitorado que nunca tinha sido base do bolsonarismo. Não sabemos a extensão e a profundidade dessa possível mudança. Seja como for, é muito claro que o governo decidiu se beneficiar politicamente de tudo que ocorria e a viagem do presidente ao Nordeste na semana passada é talvez o elemento mais visível dessa operação. O governo Bolsonaro nunca foi próximo do Nordeste. Parece claro que algo está acontecendo", disse ele, referindo-se ao auxílio-emergencial e à tentativa de aproximação com o Nordeste.
"A mecânica do auxílio emergencial fez com que as pessoas tivessem que abrir mão do Bolsa Família. É como se as pessoas tivessem saindo do programa lulista e entrando num programa bolsonarista. O governo começou a pensar numa estratégia inteligente, mas depende de ter recursos, que é fazer com que as pessoas não voltem mais para o Bolsa Família, mas entrem direto no Renda Brasil. Nesse caso, a pandemia criou uma situação inesperada que pode facilitar uma transição inesperada. Porque o Bolsa Família era muito consolidado. Não seria fácil simplesmente mudar de nome, as pessoas iriam continuar chamando de Bolsa Família", afirma ainda Singer. 
O professor diz, no entanto, que não basta turbinar os programas sociais, mas também colocar os mais pobres como eixo principal do crescimento. "Se o governo Bolsonaro adotar uma política econômica, que nunca esteve presente nos seus planos, de reativação da economia por baixo, aí sim não há dúvida de que pode haver um novo realinhamento. Neste momento, é visível o esforço do governo em encontrar dinheiro pra fazer alguma coisa, o que já é uma novidade, porque esse governo nunca havia se preocupado com as camadas mais pobres. E tem mais um acontecimento importante que é o governo perdendo apoio na classe média", lembra Singer.

Flávio Bolsonaro pagou R$ 86,7 mil em espécie na compra de salas comerciais no Rio


Em depoimento ao Ministério Público, o senador Flávio Bolsonaro contou que pegou o dinheiro emprestado com o pai, Jair Bolsonaro, e um irmão. Ainda de acordo com o parlamentar, os empréstimos também teriam sido quitados com dinheiro vivo
(Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - A compra de salas comerciais pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) por R$ 86,7 mil, na época em que era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi paga em dinheiro vivo, aponta o jornal O Globo deste domingo (9). Segundo a reportagem, a informação foi confirmada em depoimento ao Ministério Público do Rio (MP-RJ) pelas próprias construtoras envolvidas na transação e do próprio parlamentar no âmbito do inquérito que apura a existência de um rachadinha na Alerj. 
Flávio teria pedido ao pai, Jair Bolsonaro, e a um irmão – não identificado - que emprestassem o dinheiro utilizado na transação. Ele também teria recebido uma possível ajuda de Jorge Francisco, pai do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. Jorge Francisco, que faleceu em 2018, foi chefe de gabinete de Bolsonaro. 
“Eu saí pedindo emprestado para o meu irmão, para o meu pai, eles me emprestaram esse dinheiro.  tudo declarado no meu imposto de renda, que foi comprado dessa forma (por meio de empréstimo). Depois eu fui pagando a eles esses empréstimos. Acho que o Jorge (Oliveira), que era chefe de gabinete do meu pai, também me ajudou”, disse Flávio em depoimento prestado promotor Luis Fernando Ferreira Gomes no dia 7 de julho. 
A declaração de Flávio foi em resposta ao questionamento feito pelo promotor sobre a origem dos R$ 86.779,43 em espécie, por meio de depósitos bancários, que foram utilizados para a compra de 12 salas comerciais no centro comercial Barra Prime Offices em 2008. 
Ainda segundo a reportagem, ao ser questionado como havia quitado os empréstimos, Flávio Bolsonaro afirmou que também pagou os valores em dinheiro vivo. “Era em espécie, em dinheiro”, disse. “Como era em família, não lembro agora exatamente como foi feito. Se foi parcelado ou uma vez só”, completou. 


De 8 a 80, os dez profetas da pandemia que erraram quase tudo


Do Presidente da República a médicos e empresários erraram todas as previsões que faziam desde a primeira morte por coronavírus no Brasil em março. Veja o que disseram os “profetas da pandemia” antes de se saber que, neste domingo (8) já eram 100 mil os brasileiros morreram por causa da doença.

Bolsonaro dizia que seria apenas uma “gripezinha” e que o número total de mortes de mortes talvez não chegasse nem a mil. Mas houve quem previsse que em agosto o país já estivesse contando até 1 milhão de mortes.
No 8 ou 80 entre todos os “profetas da pandemia”, havia também os que achavam não ter importância se os óbitos chegassem a 5 ou 7 mil, desde que seus negócios não fossem afetados, como afirmou Junior Durski, o dono da hamburgueria Madero.
Veja abaixo um levantamento feito pela Folha de S. Paulo sobre algumas das profecias mais furadas:
1. “A previsão é não chegar a essa quantidade de óbitos [796 mortes pela H1N1] no tocante ao coronavírus”

profeta
Jair Bolsonaro, em entrevista à Record, em 22/3
O que aconteceu: marca foi ultrapassada em 8 de abril

2. “Agente está estimando 30 mil, 40 mil casos. E o número de mortos deve ficar em mil e poucos, 2.000. […] Todas as epidemias têm um padrão, elas duram em torno de 13 semanas”
Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania, em áudio em março
O que aconteceu: número de casos superou 40 mil em 20 de abril, e o de mortes ultrapassou 2.000 em 17 de abril; epidemia já dura mais de cinco meses
3. “[O número de mortos] deve chegar a 4.000”
Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania, em conversa ouvida pela CNN em 9 de abril
O que aconteceu: marca foi atingida em 25 de abril
4. “As [mortes] de hoje e o número de internações estão bem inferiores ao que já aconteceu”
De 8 a 80, os dez profetas da pandemia que erraram quase tudo
Luciano Hang, em videoconferência com empresários em 8 de junho
O que aconteceu: curva de casos e mortes continuou a subir em junho e julho
5. “Dentro de dois, no máximo três meses, o surto vai acabar. […] O Brasil vai chegar a 1.000 casos? Muito provavelmente. A 1.500? É possível”
Anthony Wong, toxicologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em 12 de março
O que aconteceu: surto já dura mais de cinco meses; patamar de 1.500 casos foi atingido em 22 de março
6. “Em quatro meses haverá 45 mil pessoas com coronavírus só na Grande São Paulo”
Fábio Jatene, cardiologista do Incor, em áudio relatando avaliação de médicos em 12 de março
O que aconteceu: em quatro meses, eram 228 mil casos na Grande SP
7. “Se o Brasil só adotar medidas de mitigação, mas não um cenário completo [de fechamento], o que a gente vê é 1 milhão de pessoas mortas ou mais até o final de agosto”
Atila Iamarino, biólogo, em seu canal no YouTube, em 20 de março
O que aconteceu: Brasil não adotou fechamento completo, e mortes devem ficar ao redor de 120 mil até o fim de agosto
8. “Aqui [em SP] estamos prevendo que [o pico] será em maio, mas não dá para precisar qual a semana de maio”
David Uip, infectologista e integrante do comitê estadual de combate ao coronavírus, em entrevista à Folha em 15 de abril
O que aconteceu: números começaram a cair no estado, e lentamente, apenas no final de julho
9. “Os óbitos de Covid-19 no Brasil apontam possivelmente para total inferior a 10 mil”
Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil e colunista da Folha, em 22 de abril
O que aconteceu: marca de 10 mil mortos foi atingida em 9 de maio
10. “Não podemos [parar] por conta de 5 ou 7.000 pessoas que vão morrer”
profeta
Junior Durski, empresário, dono da rede Madero, em 23 de março
O que aconteceu: marca de 7.000 mortos foi alcançada em 3 de maio
Fonte: Contraponto