domingo, 19 de julho de 2020

Após espalhar mentira sobre esquerda e pedofilia, Bolsonaro é processado por deputados de vários partidos


Encaminhada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a petição é assinado por parlamentares do PT, Psol, PCdoB, Rede, PDT e PSB
Presidente Jair Bolsonaro 06/03/2020
Presidente Jair Bolsonaro 06/03/2020 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Sputnik – Deputados de diversos partidos entraram com notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro por ele ter dito, por meio do Twitter, que a esquerda quer descriminalizar a pedofilia.
Encaminhada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a petição é assinado por parlamentares do PT, Psol, PCdoB, Rede, PDT e PSB. 
Em 14 de julho, Bolsonaro usou o Twitter para anunciar a apresentação de Projeto de Lei que aumenta em 50% a pena para o crime de pedofilia. Na publicação, ele disse que a "esquerda busca meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual". 
​Os deputados acusam Bolsonaro de "desenterrar" uma notícia falsa divulgada na época das eleições de 2018, segundo a qual o então candidato do PT à presidência, Fernando Haddad, queria legalizar a pedofilia. A fake news dizia que o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Saúde tinha criado o PL 236/2012 para esse fim. 
No entanto, nem Haddad nem outros representantes da esquerda nunca propuseram um projeto de lei ou fizeram campanha nesse sentido. 
PL de autoria de José Sarney
O projeto, na realidade de autoria do então senador José Sarney (MDB-AP), reforma o Código Penal Brasileiro. Embora tenha pontos considerados polêmicos, ele não legaliza a pedofilia. Entre outras mudanças, o projeto diminui de 14 para 12 anos a idade máxima da vítima para que qualquer relação sexual seja considerada estupro. 
"Desse modo, configura-se de um ataque vil, difamatório e inverídico, que visa desqualificar e criminalizar os cidadãos, cidadãs, instituições e movimentos que se opõem à concepção de mundo arcaica defendida pelo Representado e seu grupo", diz a notícia-crime.
A acusação cita o artigo 139 do Código Penal, que considera crime difamar alguém, "imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação". A pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa.


Religiosos bolsonaristas são responsáveis por rede de desinformação sobre covid-19


De acordo com estudo, uma rede formada por religiosos atingiu, em 47 dias, 11 milhões de visualizações só em vídeos que citavam o novo coronavírus
(Foto: REPRODUÇÃO/FACEBOOK)

247 - Líderes religiosos simpáticos a Jair Bolsonaro são responsáveis pelo fortalecimento da rede de desinformação no YouTube sobre a pandemia. De acordo com estudo, uma rede formada por este pérfil de religiosos atingiu, em 47 dias, 11 milhões de visualizações só em vídeos que citavam o novo coronavírus. São canais e aplicativos de mensagens que minimizam a pandemia e divulgam histórias de curas mirabolantes e prevenções caseiras contra a doença.
De acordo com dossiê elaborado por pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (Cepedisa) da USP, do Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (LAUT) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Demaocracia Digital (INCT.DD), os conteúdos incluíam sermões que minimizavam a doença, pregações de teorias conspiratórias, informações enviesadas e de desqualificação da ciência. 
O levantamento foi feito entre 1.º de fevereiro e 17 de março, numa etapa antes das primeiras mortes. No dia 11 de março, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já anunciava que o Brasil viveria pelo menos “20 semanas duras”.
“É uma questão de saúde pública. Ninguém está desmerecendo a fé de nenhuma religião. Sabemos que a fé ajuda as pessoas, mas a saúde e a medicina devem prevalecer”, afirmou a delegada gaúcha Laura Rodrigues Lopes, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
A reportagem cita o discurso do pastor César Augusto, da Associação Fé Perfeita de João Pessoa, que aproveitou um culto transmitido pela internet, em 17 de março, para profetizar o fim da pandemia. “O que eu vejo é que daqui para frente pessoas que estavam sendo analisadas como suspeitas (de ter covid-19) vão começar a dar negativo”, disse aos seus seguidores. “O diabo pode colocar a viola no saco”, acrescentou.
O país registra mais de 2 milhões de brasileiros foram infectados e 76 mil morreram.


Apoiadores de Bolsonaro cantam ‘Milla’ e compositor repudia: "que a próxima música minha seja 'Acabou'"


O compositor Manno Goes reagiu a um vídeo publicado nas redes sociais e afirmou: "Que a próxima música minha que esses idiotas cantem seja 'Acabou'"
(Foto: Reprodução)

Revista Fórum - Apesar de estar com coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro fez um encontro com apoiadores no jardins do Palácio da Alvorada na noite deste sábado (18). No final da reunião, bolsonaristas cataram o hit “Milla”, conhecido pela gravação de Netinho, que também apoia o presidente.
No entanto, um dos compositores da canção, Emmanuel Goes Boavista, o Manno Goes, é crítico de Bolsonaro e reagiu à insólita festa. “Que a próxima música minha que esses idiotas cantem seja ‘Acabou'”, escreveu em seu perfil no Twiiter, em referência a outra de suas composições.


Flávio Bolsonaro presta depoimento nesta segunda sobre vazamento de operação da PF


Depoimento ao MPF está marcado para às 14h, em Brasília, e faz parte do inquérito que apura os vazamentos da Polícia Federal na Operação Furna da Onça, deflagrada em novembro de 2018
Investigação do Ministério Público sobre Flávio Bolsonaro atinge 37 imóveis
Investigação do Ministério Público sobre Flávio Bolsonaro atinge 37 imóveis (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O Ministério Público Federal (MPF) informou que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), filho de Jair Bolsonaro, prestará depoimento nesta segunda-feira (19), às 14h, em Brasília, no inquérito que apuram supostos vazamentos da Polícia Federal na Operação Furna da Onça, deflagrada em novembro de 2018.
De acordo com reportagem do UOL. por conta da prerrogativa do cargo que exerce, o local, a data e a hora em que gostaria de ser ouvido foram definidos pelo próprio senador. A defesa de Flávio já informou que ele será ouvido por um procurador da República em Brasília, em “condição de testemunha”.
A investigação foi aberta após o empresário Paulo Marinho, ex-apoiar do clã Bolsonaro, afirmar em entrevista à Folha, que Flávio teve conhecimento prévio da operação da PF que prendeu 22 pessoas, entre elas dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Marinho é suplente de Flávio no Senado e cedeu sua casa para ser “quartel-general” da campanha de Bolsonaro para a Presidência.

Bolsonaro critica lei que combate fake news e anuncia veto


"Essa liberdade de expressão, essa mídias sociais, que me botaram aqui na Presidência", disse ele, que usa a mentira como método permanente de ação política
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR | Reprodução)

247 – Jair Bolsonaro, que foi eleito presidente à base de fake news e utiliza a mentira como método permanente de ação política, anunciou que vai vetar a lei que pretende combater esse tipo de prática. "O Congresso está discutindo, já passou no Senado e está na Câmara, o que seria a lei das fake news. Eu acho que é mais uma maneira de botar limites na liberdade de expressão. Não tem que ter limites, no meu entender", declarou, em live no fim de semana.
"Se alguém se ver prejudicado, entra na Justiça. Está previsto calúnia, difamação, injúria. Não tem que inventar mais nada, porque nunca vai saber qual o limite. Vai virar um terreno onde vai perder a liberdade, não vai poder mais se manifestar sobre nada. Essa liberdade de expressão, essa mídias sociais, que me botaram aqui na Presidência", disse ainda Bolsonaro.
Neste fim de semana, deputados de vários partidos anunciaram a decisão de processá-lo por espalhar mais uma mentira: a de que a esquerda pretendia legalizar a pedofilia no Brasil.


Cooperação entre Lava Jato e Estados Unidos foi ilegal, diz Cristiano Zanin Martins


O Decreto nº 3.810/01 não permite essa forma de relação entre promotores brasileiros e norte-americanos, aponta o advogado
Cristiano Zanin, Lula, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol
Cristiano Zanin, Lula, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Ricarod Stuckert | Reuters)

247 – O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Lula, ressaltou a ilegalidade da cooperação informal entre Lava Jato e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, após tomar conhecimento da reportagem de Brian Mier. "Promotores dos EUA não negam 'cooperação informal' e fora dos 'canais oficiais' com a Lava Jato após cobrança de 13 parlamentares daquele país. O Decreto nº 3.810/01 não permite essa forma de relação entre promotores brasileiros e norte-americanos", postou ele, em seu twitter.
"Segundo o Decreto 3.810 a cooperação em matéria penal entre EUA e Brasil deve: ser por escrito; passar pelo Ministério da Justiça; ter comprovante de entrega dos documentos apresentados; e não pode 'prejudicar a segurança ou interesses essenciais semelhantes do Estado Requerido'”, lembrou Zanin.

Departamento de Justiça dos Estados Unidos confirma atuação informal na Lava Jato


Reportagem do jornalista Brian Mier aponta que esta cooperação desestabilizou a economia brasileira, cortou centenas de milhares de empregos, impediu a participação de Lula nas eleições e preparou o terreno para a ascensão do bolsonarismo
Brian Mier: Lula é um prisioneiro de guerra dos Estados Unidos
Brian Mier: Lula é um prisioneiro de guerra dos Estados Unidos

Por Brian Mier, no Brasilwire –  Em agosto de 2019, um grupo de 13 membros do Partido Democrata dos EUA exigiu respostas para as evidências de apoio sobre o papel do Departamento de Justiça na investigação anticorrupção corrupta da Lava Jato.
A requisição foi feita depois que as mensagens vazadas do Telegram publicadas no Intercept mostraram que, entre dezenas de outros crimes, o juiz Sergio Moro trabalhou de forma antiética para ajudar a depor Dilma Rousseff, grampeando ilegalmente seu telefone na véspera das audiências de impeachment, editando a conversa para ser mais danosa e liberá-la para a maior estação de televisão do Brasil.
Liderada pelo congressista da Geórgia Hank Johnson e composta principalmente por membros do Partido Democrata (com a notável ausência de Alexandria Ocasio Cortez), a carta ao procurador-geral William Barr expressou preocupação de que as ações do DOJ estavam desestabilizando a democracia do Brasil e solicitou respostas e esclarecimentos.
O DOJ prestou assistência na coleta e análise de evidências compiladas pela força-tarefa da Lava Jato e pelo juiz Moro no caso do presidente Lula? A carta completa, que pode ser lida aqui (abaixo), deu ao procurador-geral William Barr um prazo até 30 de setembro de 2019 para responder às perguntas.
William Barr, que enquanto procurador geral de George H.W. Bush, perdoou 6 funcionários do governo Reagan, incluindo Casper Weinbeger, depois de terem sido condenados na investigação Irã-Contras, tem um longo histórico de ocultar informações do público sobre as irregularidades do governo dos EUA.
Nunca houve uma grande expectativa de que ele respondesse adequadamente às consultas, no entanto, a demanda por informações era juridicamente vinculativa.
Em 7 de julho de 2020, mais de 8 meses após o prazo final, a Procuradoria Geral da República finalmente respondeu, com 13 cartas idênticas entregues aos parlamentares que assinaram a requisição original. Esse evento passou completamente sob o radar da mídia e a Brasil Wire finalmente recebeu cópias das cartas em 17 de julho.
A resposta falha em esclarecer satisfatoriamente qualquer uma das 12 perguntas. É uma carta formal, reconhecendo que trabalhou com o Ministério Público brasileiro na Lava Jato, mas “por uma questão de política e prática de longa data, o Departamento de Justiça não pode fornecer informações sobre aspectos não públicos desses assuntos, nem o Departamento pode divulgar detalhes não públicos de outros assuntos ”.
A única documentação incluída na carta refere-se a 4 artigos no próprio site do DOJ, datados de 2016, que demonstram a parceria do US DOJ e SEC na operação Lava Jato.
A resposta do DOJ ao pedido do congressista Johnson e de seus colegas é totalmente insatisfatória, representando certamente a quantidade mínima absoluta de informações necessárias para cumprir legalmente a solicitação.
No entanto, serve como mais um reconhecimento público do papel do governo dos EUA em uma operação anticorrupção corrupta, armada e politizada que: 1.) desestabilizou a economia brasileira em 2015, causando 500.000 empregos perdidos e causando a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff durante a preparação para o golpe de 2016; e 2.) removeu o principal candidato presidencial do Brasil das eleições de 2018, abrindo a porta para uma vitória de Bolsonaro (pela qual os membros da força-tarefa da Lava Jato foram expostos em bate-papos por telegrama dizendo que estavam “orando a Deus”).
Além disso, como um dos comunicados de imprensa do DOJ mencionados na carta é datado de 21 de dezembro de 2016, este documento também serve como um lembrete de que a parceria do governo dos EUA com a Lava Jato é uma questão de registro público há pelo menos 3,5 anos.
Quando você vir jornalistas autoproclamados esquerdistas da mídia comercial circulando em suas turnês, recuando e mudando de assunto quando perguntados sobre o envolvimento dos EUA no golpe de 2016 e na prisão política de Lula, lembre-se disso.