segunda-feira, 8 de junho de 2020

Procurador da Lava Jato diz que Moro contaminou operação ao ir para o governo Bolsonaro


O procurador da Operação Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, condena a ida de Sergio Moro para o governo de Jair Bolsonaro, logo no início do mandato. Ele considera Bolsonaro a pior pessoa para presidir o país neste momento e defende o impeachment como saída política
Carlos Fernando dos Santos Lima, Jair Bolsonaro e Sérgio Moro
Carlos Fernando dos Santos Lima, Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (Foto: Reuters)

247 - O procurador Carlos Fernando dos Santos, que esteve na origem da Operação Lava Jato, em 2014, e foi um dos líderes da força-tarefa de Curitiba até 2018, é crítico em relação à ida de Sergio Moro para o governo de Jair Bolsonaro. 
Pessoalmente eu manifestei a ele minha dúvida sobre se seria uma decisão correta”, diz em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira. 
Carlos Fernando considera que a integração de Sergio Moro ao governo de "custou muito caro para a Lava Jato, obviamente, como movimento, porque contaminou uma discussão política desnecessária.”
Carlos Fernando considera Bolsonaro a pior pessoa para presidir o país neste momento, já cometeu crimes de responsabilidade e deve ser afastado da Presidência da República por meio do impeachment. 
Carlos Fernando dos Santos afirma que "esse atual momento de pandemia, governar é tentar salvar vidas humanas", coisa que em sua opinião Bolsonaro não faz. "Ele quer transformar esse fato da natureza numa questão política, jogar o custo dela em cima de governadores e prefeitos. Falta para ele qualquer capacidade mínima para liderar um país num momento difícil". O ex-procurador da Lava Jato critica severamente o inquilino do Planalto, que "sabota a tentativa de outros que estão tentando fazer o mínimo para diminuir o custo dessa pandemia".
O ex-líder da força tarefa da Lava Jato em Curitiba critica que Bolsonaro incentive o armamento da população. "Imagine nessa situação em que temos dificuldade de controlar pessoas que se acham no direito de fazer valer as suas opiniões de forma violenta, se nós armássemos a população?" - questiona. "Nós teríamos milícias enfrentando milícias. O que também viola qualquer pacto constitucional".
Referindo-se ao suposto combate à "velha política", Carlos Fernando diz que Bolsonaro "fez um discurso que ele mesmo sabia que ele não iria cumprir. Eu creio que Bolsonaro é essencialmente um mentiroso, mas um mentiroso que mente de forma tão convictamente que ele acredita na própria mentira até o momento em que a desdiz".


Ciro manda recado para Lula e diz que quem não aderir a frente ampla com ele, FHC e Marina é "traidor"


Presidenciável do PDT, que também é considerado "traidor" por ter se omitido no segundo turno da eleição presidencial de 2018, falou em encontro promovido pela Globonews
Ciro Gomes e Lula
Ciro Gomes e Lula (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert)

247 – O ex-ministro Ciro Gomes, que pretende disputar a presidência da República em 2022 pelo PDT, chamou de "traidor" quem se recusar a participar de uma frente ampla contra o fascismo, num claro recado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recusou a assinar o manifesto Juntos. "Ninguém do povo vai entender a superficialidade de qualquer um de nós que, por mimimi, por manha, por marra, não cumpra sua tarefa de proteger a democracia que custou vidas a vários brasileiros", disse ele. "Vamos esquecer o exílio? Nem a pau, Juvenal. Vamos pro cacete, vamos defender a democracia brasileria e quem não vier é traidor".
Ciro, que também é considerado "traidor" por ter se omitido no segundo turno da eleição presidencial de 2018, falou em encontro promovido pela Globonews, emissora criticada por não convidar Fernando Haddad, candidato da oposição com mais votos em 2018. Ao que tudo indica, a estratégia da centro-direita, da qual a Globo faz parte, é tentar combater o fascismo representado por Jair Bolsonaro, mantendo acesa a chama do antipetismo, que é justamente a causa do atual regime. Sem antipetismo alimentado pela Globo e por políticos de centro-direita, não teria havido golpe de estado em 2016, a prisão política de Lula em 2018 nem a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder. É por isso mesmo que Lula tem se recusado a participar de frentes nem tão amplas assim.


Contra a ameça de ditadura, mais de 200 entidades lançam manifesto por democracia e em defesa do Supremo


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e a Universidade de São Paulo (USP), entre outras prestigiosas entidades, assinam manifesto alertando para as ameaças ditatoriais e em defesa da democracia
(Foto: Reuters | STF)

247 - Mais de 200 entidades subscreveram um manifesto em defesa da democracia e do Judiciário. O documento, lançado nesta segunda-feira, 8, reúne instituições de ensino, institutos de Direito, sindicatos e associações de juízes, promotores, defensores públicos, advogados, bispos e jornalistas. 
A manifestação foi uma iniciativa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Em termos enfáticos, repudia "ataques e ameaças desferidas por grupos que pedem desde a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal até a imposição de uma ditadura no país".
O texto defende a pluralidade política e a separação harmônica entre os Poderes, bem como dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e das prerrogativas dos integrantes do sistema de Justiça
As entidades condenam os ataques ao Poder Judiciário como uma ameaça à democracia: “Atacar o STF significa ameaçar todo o Judiciário e os valores democráticos do Brasil. Discordâncias, debates e críticas fazem parte e são bem-vindas no Estado de Direito. A liberdade de manifestação e de expressão, no entanto, não abarca discursos de ódio e a apologia ao autoritarismo, à ditadura e a ideologias totalitárias que já foram derrotadas no passado”, informa O Estado de S.Paulo.  
Leia a íntegra do Manifesto em defesa da Democracia e do Judiciário
"O Poder Judiciário é um dos pilares do Estado Democrático de Direito. Sua autonomia e independência é condição para a existência do regime democrático. Por isso, os signatários deste texto, representantes legítimos das funções essenciais à realização da Justiça e da sociedade civil, repudiam os ataques e ameaças desferidas contra o Judiciário por grupos que pedem desde a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal até a imposição de uma ditadura no país.
O STF, mais importante tribunal do país, tem desempenhado, de forma republicana, seu papel de balizar a forma como a Constituição deve ser aplicada. As crises, sanitária e econômica, que assolam o país só podem ser superadas com a preservação dos princípios fundamentais da República, como a pluralidade política e a separação harmônica entre os Poderes, bem como dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e das prerrogativas dos integrantes do sistema de Justiça.
Atacar o STF significa ameaçar todo o Judiciário e os valores democráticos do Brasil. Discordâncias, debates e críticas fazem parte e são bem-vindas no Estado de Direito. A liberdade de manifestação e de expressão, no entanto, não abarca discursos de ódio e a apologia ao autoritarismo, à ditadura e a ideologias totalitárias que já foram derrotadas no passado.
Munidos de diálogo, pretendemos manter vivo o desejo de um país mais justo, solidário, cidadão e responsável. É o legado que a Constituição Federal determina que todos deixem para as gerações futuras".


Secretários de Saúde confrontam manipulação de Bolsonaro e lançam site sobre números do coronavírus


Ao comentar a medida de enfrentamento à manipulação de dados da Covid-19 pelo governo Bolsonaro, o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde e secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, afirmou que as decisões de gestão em saúde devem ser pautadas por "ciência, verdade e informação precisa e oportuna"
Alberto Beltrame e Jair Bolsonaro
Alberto Beltrame e Jair Bolsonaro (Foto: Ag. Pará | Reutes | Isac Nóbrega/PR)

247 - O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, que reúne os gestores dos 26 estados e do Distrito Federal, inaugurou neste domingo (7) um portal "paralelo" para divulgar as estatísticas de coronavírus no Brasil, pois, no site disponibilizado pelo governo Jair Bolsonaro para atualizações acerca da Covid-19, passaram a ser divulgados apenas os dados de confirmações e mortes provocadas pela doença em 24 horas, e não mais o total de casos e o de óbitos desde o início da pandemia.  
De acordo com o conselho, os dados serão atualizados diariamente às 17h – horário em que os dados são enviados ao Ministério da Saúde para consolidação do boletim nacional. O governo federal passou a divulgar, na última quinta-feira (4), os dados apenas ao fim da noite, depois das 21h30.
Os dados ficarão disponíveis no site do Conass. Em nota, o presidente do conselho e secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, disse que as decisões de gestão em saúde devem ser pautadas por "ciência, verdade e informação precisa e oportuna".
Até as 16h30 deste domingo (7) o site do Conass apontava 680.456 casos confirmados e 36.148 óbitos de pessoas com a Covid-19.

Governo começa a maquiar estatísticas e reduz número de mortes por coronavírus


O governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, alheio à gravidade da Covid-19 no Brasil, muda balanço sobre a doença e diminui artificialmente o número de mortos nas últimas 24h
Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello e militares
Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello e militares (Foto: ABr)

247 - Comandado por militares, o Ministério da Saúde mudou o número de infectados e mortos por causa do novo coronavírus divulgado neste domingo. Depois de anunciar 1.382 mortes por Covid-19 no país, mais tarde alterou o número para 525, uma diferença de 857 óbitos.
Entre as 20h37 e as 21h50, o governo divulgou dados contraditórios, informa o UOL. Houve ainda uma mudança no número de infectados. O primeiro balanço divulgado pelo ministério informava um total de 12.581 novos casos, contra 18.912 casos atuais.
O "novo normal" da informação oficial sobre os números da doença no Brasil passou a ser a maquiagem de dados. 


(Vídeo) Entregadores antifascistas protestam: ninguém aqui é empreendedor porra nenhuma


“Você o entregador e tem o sentimento antifascista no coração, a gente precisa de você, companheiros", disse um manifestante não identificado, neste domingo (7), na Avenida Paulista, em recado a bolsonaristas, que defendem o corte de direitos trabalhistas e sociais como "princípio" de retomada do crescimento. A agenda econômica de Jair Bolsonaro fracassou
(Foto: Reprodução | Reuters)

247 - Um grupo de entregadores por meio de aplicativos fez um protesto contra o fascismo no Brasil e também demonstrou que não tem apoio popular o discurso de Jair Bolsonaro, que defende o corte de direitos e a informalidade como parte de um processo de retomada do crescimento, o que não aconteceu.  
“Você o entregador e tem o sentimento antifascista no coração, a gente precisa de você, companheiros. Ninguém aqui é empreendedor de p*** nenhuma. Nós somos força de trabalho", disse um manifestante neste domingo (7), na Avenia Paulista, em recado a Jair Bolsonaro e seus apoiadores. 

Jair Bolsonaro deu continuidade à vigência do corte de direitos trabalhistas, apostando na redução de custo por parte dos empresários para a geração de empregos, o que não ocorreu. Outra proposta que segue em vigor é a PEC do Teto dos Gastos, que congela investimentos públicos por 20 anos. Em 2019 a expansão do PIB foi de apenas 1%, de acordo com dados oficiais. 
Também pesam contra Bolsonaro e a dificuldade de atrair investimentos os crimes de responsabilidade cometidos por ele, como tentativa de interferência na Polícia Federal, conforme denunciou o ex-ministro Sérgio Moro, e o comparecimento a manifestações de rua, contrariando recomendações de autoridades de saúde.