Juntos, o
PT e o Centrão têm mais de um terço dos votos nas duas Casas - número mínimo
para a criação da CPI, para investigar as denúncias de Sérgio Moro sobre
supostas interferências de Jair Bolsonaro na PF. O ex-juiz, que abusou do poder
durante a Lava Jato, agora teria cometido o crime de prevaricação quando era
ministro da Justiça
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(Foto: Marcelo Camargo - ABR) |
247 - O ex-ministro da
Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro é alvo da maioria dos parlamentares do
Congresso, de uma ala do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do
Planalto.
No Congresso, a soma de interesses do
Centrão e do PT formou uma maioria para minar uma eventual candidatura do
ex-ministro à presidência da República em 2022. A ideia seria apontar possíveis
crimes cometidos de Moro durante o cargo de ministro da Justiça, depois que ele
apontar interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O ex-juiz teria
cometido o crime de prevaricação, por não ter exposto o delito mesmo sabendo.
Juntos, o PT e o Centrão têm mais de um terço dos votos nas duas Casas - número
mínimo para a criação da CPI, para investigar as denúncias de Moro.
Em paralelo, uma ala do Supremo critica a
condução dos processos da Lava-Jato por parte do ex-magistrado. Um exemplo é a
jurisprudência firmada pela Corte há dois anos declarando inconstitucional a
condução coercitiva de réus ou investigados para o interrogatório. Moro
utilizou o expediente, por exemplo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
"A esquerda e o Centrão têm mais sede
de pegar o [ex-ministro Sergio] Moro do que o [presidente Jair]
Bolsonaro", confirmou ao jornal
Valor Econômico um deputado de postura independente.
De acordo com o parlamentar, é mais viável
prosperar no Congresso um dos nove pedidos de abertura de comissão parlamentar de
inquérito (CPI) para investigar as denúncias de Moro do que um dos 31
requerimentos de impeachment contra Bolsonaro.
Depois de tirar o ex-presidente Lula da
eleição, com uma sentença sem provas (processo do triplex em Guarujá), Moro
chegou ao governo, mas não teve a força que esperava. A má articulação ficou
evidente na votação do pacote anticrime, a vitrine de sua gestão no ministério,
que foi conduzida na Câmara pelos deputados do Centrão: a presidente do grupo
de trabalhos era a deputada Margarete Coelho (PI), do PP. Não foram aprovados,
por exemplo, o trecho que ampliava o excludente de ilicitude e a prisão após a
condenação em segunda instância.
O ex-juiz já via a sua imagem se
deteriorar ainda mais com as revelações do Intercept Brasil sobre as irregularidades
da Operação Lava Jato. De acordo com a série de reportagens, Moro atuava como
uma espécie de assistente de acusação de procuradores.