quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Junior da Femac faz avaliação positiva de conquistas em 2019



Prefeito cita R$ 170 milhões em empreendimentos industriais e no agronegócio, nova maternidade do Hospital da Providência, Centro de Radioterapia e avanços na educação e na área de infraestrutura urbana como importantes avanços. Para 2020, segundo ele, as perspectivas são bastante otimistas, considerando as boas relações com o Governo do Estado e o Governo Federal. Confira entrevista concedida à Tribuna do Norte:     
TRIBUNA DO NORTE - O sr. recebeu do ex-prefeito Beto Preto uma prefeitura equilibrada. Qual a estratégia para obter bons resultados, com tantos precatórios e dívidas?  
JUNIOR DA FEMAC - Manter a receita da gestão Beto Preto, com austeridade, gastando o dinheiro com obras e atividades que gerem resultados econômicos para o Município e o bem estar da população. Também nos preocupamos em manter a folha de pagamento do funcionalismo bem abaixo do índice limite recomendado pelo Tribunal de Contas do Estado. Infelizmente, Apucarana tem de pagar pouco mais de R$ 2 milhões ao mês em dívidas herdadas de gestões anteriores e vale lembrar que, com esse dinheiro, seria possível viabilizar muito mais obras e programas. Enfim, fazemos as coisas de forma planejada, respeitando cronogramas e metas, dando continuidade ao excelente trabalho que o Beto Preto começou.
TN - Esse foi um ano de transição, ou seja, de novos governos no Estado e na União. O sr. conseguiu obter êxito nas relações com o Governo Ratinho Junior e em nível federal com o Governo Bolsonaro?  
JUNIOR DA FEMAC - Hoje Apucarana tem força política e uma equipe muito bem preparada na Prefeitura. Temos muitos projetos prontos e um planejamento continuo. Portanto, não foi difícil conversar com o governo Ratinho Junior. Temos lá o secretário Beto Preto, que é o porta-voz de Apucarana. Contamos ainda com os deputados Jacovós e Arilson. Já em âmbito federal, tivemos uma excelente interlocução com o Governo Bolsonaro, por meio do deputado Sérgio Souza. Temos o deputado Filipe Barros, entre outros que nos ajudam bastante.
TN - De forma clara o sr. tem dito que seu mandato é a continuidade da gestão Beto Preto, por que?
JUNIOR DA FEMAC - Aprendi com meu pai e minha mãe o valor da lealdade. O Beto foi um excelente gestor e vivenciamos esse momento bom de Apucarana graças à sua visão e sua disponibilidade de colocar seu nome a serviço da cidade. Para mim é uma honra dizer gestão Beto Preto. É uma administração focada nas pessoas que mais precisam, que prima pela austeridade, pelo planejamento constante, pela realização das obras que mudam a vida das pessoas, do asfalto para todos, educação de qualidade em todas as escolas e a luta pela saúde no dia a dia. Esse conceito da gestão Beto Preto está presente no nosso trabalho diário.
TN - Entre as principais conquistas deste ano de 2019, podemos considerar que os cerca de R$ 170 milhões em novos empreendimentos industriais e do agronegócio em Apucarana foi o mais importante?
JUNIOR DA FEMAC - O momento econômico que o Brasil atravessa é delicado. Em 2019 a crise foi aguda e, só a partir de agosto, o País deu sinais de uma retomada. Em Apucarana estamos lutando diariamente pela geração de empregos, seja formal ou auto-empregos (MEI). Enfim, estamos buscando todos os meios para que as pessoas tenham renda. A prefeitura mantém várias iniciativas como a atração de novos empreendimentos. E, nos últimos meses, conseguimos atrair vários investimentos de fora, que somaram pouco mais de R$ 170 milhões, e que vão gerar cerca de 600 empregos diretos. Além disso, investimos na educação profissionalizante. As pessoas precisam de empregabilidade e nós oferecemos cursos gratuitos em diversas áreas.
TN - E os parques Industriais em que pé estão atualmente?
JUNIOR DA FEMAC - Nós estamos concluindo a estrutura do novo Parque Industrial da Juruba, que nasce com o conceito de cidade industrial. Concluímos a rede de energia elétrica, com investimento de R$ 900 mil, e agora está sendo instalada toda a rede de abastecimento de água. Em breve, todas as empresas já habilitadas para o novo parque poderão iniciar a construção de suas plantas de produção. No Parque Industrial Norte concluímos os últimos trechos de asfalto que faltavam. No Parque Galan, fizemos a primeira etapa. E a partir de agora vem o Parque Berté. 
TN - A educação de Apucarana se consolidou como modelo no Paraná, sendo reconhecida com seguidos prêmios. A que o sr. atribui estes significativos resultados?
JUNIOR DA FEMAC - Atribuímos esse resultado ao trabalho de uma equipe multidisciplinar de alta competência, liderado pela professora Marli Fernandes. Nós priorizamos a educação, pois esse é o maior investimento que uma cidade pode fazer, ou seja, garantir educação de qualidade para suas crianças e jovens. Estamos formando uma geração vencedora. Acabamos de agregar a Língua Espanhola em toda a nossa rede, somando com o Português e o Inglês. Acabamos de receber a liberação da escola Madalena Côco, cujas obras de reforma e ampliação serão licitadas neste início de 2020. Trata-se do último, dos mais de 60 prédios que reformamos e ampliamos, com investimentos que superam a casa de R$ 50 milhões.
Tribuna - A saúde tem sido a área de maior dificuldade para os gestores em todos os níveis, ou seja, municipal, estadual e federal. Em Apucarana, quais os avanços obtidos e as perspectivas para 2020?   
JUNIOR DA FEMAC - A área de saúde é uma luta diária. Agradeço a toda a equipe que faz um trabalho de fôlego. Começamos o ano com a falta de 15 médicos, por conta de problemas com o Programa Mais médicos. Hoje ainda faltam 5 médicos. O Centro de Especialidades ampliou o atendimento em Apucarana; o nosso Centro de Dermatologia foi reconhecido e premiado a nível de Estado. Abrimos a farmácia 24 horas, em frente a UPA, e agora ninguém sai sem os remédios receitados. O nosso Centro Infantil será ampliado. Estamos lutando para contratar mais pediatras e até estender para a noite o horário de atendimento. A Casa da Gestante mantém um trabalho de acolhimento e acompanhamento do pré-natal. Tivemos também grandes conquistas com a nova maternidade do Providência, com a liberação de R$ 16 milhões pelo Governo do Estado, pelas mãos do governador Ratinho Junior e do secretário de Saúde, Beto Preto. Outro avanço foi a conquista do Centro de Radioterapia, que passa a ser o mais moderno do Paraná. Para 2020, temos muitas coisas programadas para a saúde, entre elas a construção do ambulatório de quimioterapia do Providência, a construção da 2º bloco do Cisvir e a entrega de novas Unidades Básicas de Saúde.TN - E no campo, quais as ações que têm sido colocadas em prática para favorecer o setor?  
JUNIOR DA FEMAC- Quero ressaltar aqui o Programa Terra Forte, criado pela gestão Beto Preto, e que continua  sendo premiado, contribuindo para estimular a fruticultura e diversificar a produção no campo. Ao mesmo tempo, a Autarquia de Educação compra 76% da merenda escolar junto à agricultura familiar. Estamos estimulando a cafeicultura, formamos mudas e viabilizamos máquinas para plantar e colher café. Já a nossa avicultura vem crescendo e estamos trabalhando com parceiros fortes. Com relação às estradas rurais, estamos avançando em todas as regiões, utilizando toda a nossa patrulha mecanizada, além de terceirizados. Queremos garantir mobilidade para os produtores.
TN - Como está o trabalho de recuperação de praças e parques da cidade?
JUNIOR DA FEMAC - Vamos continuar avançando para atender todas praças com calçadas, bancos, mesas, iluminação e equipamentos.  Também vamos revitalizar a Praça do 28, que era de propriedade do Estado e agora passou a ser do Município. No Jaboti, depois das melhorias que o Beto Preto executou, dei sequência com o atrativo turístico “Eu Amo Apucarana”, com a volta dos pedalinhos e a instalação de um novo parquinho infantil. Agora estamos em fase de conclusão das obras de recuperação do Parque Biguaçu, com pista de caminhada, novos parquinhos, gramados e iluminação. Outro que vem recebendo melhorias é o Parque da Raposa.
TN - Quais são as obras de maior porte que estão acontecendo neste momento?
JUNIOR DA FEMAC - Temos obras estruturantes em andamento, como a futura avenida Cristiano Kussmaul; a obra da Rua Nova Ucrânia. Liberamos as obras do último grande bairro sem asfalto, que é o Jardim Santiago. Agora vamos fazer os trechos pequenos que restaram. Outra obra importante é a da Avenida Pinho Araucária e da Koey Tatessuji, que vão se tornar uma nova opção de acesso à cidade. Vale ressaltar que Apucarana teve uma forte atuação política na duplicação do Contorno Sul. Temos em tramitação junto ao Governo do Estado a duplicação da BR-376, do viaduto do Contorno Sul até o Estádio Olímpio Barreto. Acabamos de liberar a ordem de serviço para o início da construção do Espaço das Feiras. São grandes obras acontecendo, propiciando desenvolvimento econômico e social.   
TN - Avaliando indicadores de desenvolvimento de Apucarana, o Conselho Federal de Administração outorgou ao sr. o prêmio de melhor gestor público do Paraná, entre os municípios com até 200 mil habitantes. Como o sr. recebeu essa honraria?
JUNIOR DA FEMAC - Ter a nossa gestão reconhecida pelo Conselho Federal de Administração como a melhor do seu Estado e a sétima melhor do País é algo que nos deixa orgulhosos. O nosso gerenciamento, a qualidade, os resultados, planejamento, transparência nas licitações e austeridade serem avaliadas positivamente pelo CFA é muito significativo. Esse prêmio é extensivo ao ex-prefeito Beto Preto e toda a nossa equipe administrativa. Saímos do atoleiro das dívidas e vamos acumulando resultados positivos.
Fonte: TN Online 


Um ano de Bolsonaro: PSL desidratado e família presidencial na mira da Justiça


Com apenas um ano, governo acumula muitas derrotas, algumas vitórias e um conjunto de escândalos, aponta reportagem de Caroline Oliveira, no Brasil de Fato
(Foto: Reuters | Reprodução)

Por Caroline Oliveira, no Brasil de Fato – O primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi marcado por demissões no Executivo, derrotas no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) e suspeitas de ilegalidades envolvendo familiares e pessoas próximas ao presidente. Isso sem esquecer das intrigas germinadas pelo Twitter – novo Diário Oficial da União – e das polêmicas ditas durante as coletivas de imprensa. 
Crise no PSL
A página mais recente desse governo envolveu uma das crises de maior amplitude no Partido Social Liberal (PSL), que rachou a sigla entre as alas bolsonarista e bivarista. Nos bastidores, o capitão reformado, que está sem partido há pouco mais de um mês, e Luciano Bivar, o presidente nacional do PSL, vivem uma queda de braço que pode proporcionar ao partido uma queda tão avassaladora quanto foi sua ascensão.
A crise levará a 2020 um PSL desidratado, enquanto a Aliança pelo Brasil – partido criado por Bolsonaro, para onde deve migrar a ala bolsonarista – luta para garantir a sua autenticação antes das eleições municipais. 
Do outro lado, a ala bivarista defende que o “novo PSL” deve deixar de lado o aspecto beligerante e autoritário associado à ala bolsonarista. A própria deputada pesselista Joice Hasselmann (SP), que foi líder do governo na Câmara dos Deputados e depois rechaçada pelos bolsonaristas, afirmou que estes são “xiitas que desrespeitam a democracia e atacam as instituições".
O ex-líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), em entrevista ao Brasil de Fato, afirmou que a ala do Bolsonaro teria como horizonte tomar o Supremo Tribunal Federal (STF), derrubar os presidentes Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) e acabar com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Esse é o grupo deles, ok?” Ele também afirmou que, “na verdade”, Bolsonaro queria ter o controle do partido e de todos os diretórios estaduais para a designar aos cargos pessoas de sua alçada – “radicais em cada estado controlando a chave do cofre”.
Sobre o comportamento “autoritário” e “beligerante” do presidente, ou seja, a falta de decoro, repercutido pelos seus seguidores, o cientista político Humberto Dantas afirma que “Bolsonaro é um presidente de conflito em conflito, para quem a lógica beligerante é confortável”. 
“É uma característica dele, que leva o governo, a todo instante, ao conflito, seja na família, contra os militares, olavistas e a base governista. E nós? Nós vamos assistindo a esse negócio que parece ser uma centrifugação de uma máquina de lavar que não tem fim”, analisa Dantas.
Zero Um e as rachadinhas
Mais uma página do governo Bolsonaro: quando o assunto é Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro, o presidente afirma que nada tem a ver com o assunto. Mas, para 68% da população, o envolvimento do "Zero Um" no esquema de rachadinhas, detona a imagem do  governo do presidente, segundo pesquisa da consultoria Quaest. 
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) acredita que o atual senador – assim como o seu pai, sem partido – tenha lavado mais de R$ 2 milhões em sua loja de chocolates e na compra de dois imóveis, no Rio de Janeiro. O objetivo teria sido camuflar as verbas obtidas com o esquema de "rachadinha" em seu antigo gabinete, enquanto era deputado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), argumenta o MP. 
O esquema funcionava da seguinte maneira: os funcionários do gabinete do então deputado devolviam parte de seus salários, que era recebida pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, entre 2007 e 2018. O valor das transferências teria totalizado cerca de R$ 2 milhões. Do salário, esse valor teria se integrado ao patrimônio pessoal de Flávio, incluindo compra e revenda de imóveis e o investimento na loja de chocolates.
Questionado sobre o ocorrido, em coletiva à imprensa, o capitão afirmou que o “Brasil é muito maior do que pequenos problemas. Eu falo por mim. Problemas meus podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso". Fabrício Queiroz se aproximou de Flávio por meio do presidente, que conhece - ex-assessor desde 1984 e pescavam juntos em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. 
Laranjal
No segundo semestre de 2019, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e mais 10 pessoas pelo esquema de candidaturas laranjas do PSL mineiro. De acordo com as informações da Polícia Federal, o partido lançou mulheres nas eleições de 2018 para cumprir a cota exigida pela legislação eleitoral. 
As verbas das candidaturas, no entanto, teriam sido desviadas para um esquema criminoso. O atual ministro, até então presidente estadual do partido, foi acusado pelo MPF de possuir “total domínio do fato, controle pleno da situação, com poder de decidir a continuidade ou interrupção do repasse de recursos do fundo partidário”.
Segundo o promotor de Justiça Eleitoral, Fernando Abreu, “o que se percebeu, de acordo com a prova dos autos, foi a formação de uma associação criminosa com o objetivo de direcionar recursos recebidos pelas candidatas mulheres para candidatos homens”. Diante de tais constatações, chegou-se a Marcelo como uma das lideranças do esquema
Ainda que sobre o ministro pesem expressivas acusações, o presidente Jair Bolsonaro decidiu manter Álvaro Antônio no cargo. “Ele não chegou ao final da linha. Se for algo de grave, substancioso, a gente toma uma decisão. Ele está fazendo um brilhante trabalho, afirmou em entrevista ao Estadão.
Jair Bolsonaro e o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio na cerimônia de posse dos ministros. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Ministros demitidos
Diferente do crédito dado a Marcelo Álvaro Antônio, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno foi despachado no segundo mês do governo, dando o tom dos próximos.
O caso ganhou força quando, em 10 de fevereiro, o jornal Folha de S. Paulo apontou um repasse de R$ 400 mil do fundo partidário do PSL para uma suposta candidata laranja nas eleições. Bebianno, na época, era responsável formal pelos repasses a candidatos.
Ao jornal O Globo, o ex-ministro afirmou que a divulgação da reportagem não causou “crise nenhuma” e que só naquele dia havia falado três vezes com o presidente, por telefone. A narrativa, no entanto, foi negada por Carlos Bolsonaro e pelo próprio capitão. O destino do ex-ministro foi a demissão. Em seu lugar, entrou Floriano Peixoto Vieira Neto, também demitido, sucedido por Jorge Oliveira.
Depois de Gustavo Bebianno, foi a vez de Ricardo Vélez Rodríguez, destituído do cargo de ministro da Educação. Em abril, o presidente afirmou que faltava gestão na pasta, palco de polêmicas e recuos. Em seu lugar, foi nomeado o economista Abraham Weintraub, que já atuava no governo como secretário-executivo da Casa Civil. 
Durante seus 96 dias de gestão, 19 pessoas foram exoneradas da pasta, o que colocou em risco o andamento de projetos expressivos como a Base Nacional Comum Curricular e até mesmo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre as propostas que sofreram um recuo forçado, estavam a implementação de livros escolares sem referências bibliográficas, do hino nacional em todas as instituições de ensino e de uma portaria que pretendia revogar por dois anos a avaliação de alfabetização de crianças.
O terceiro ministro a ser demitido foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que estava a frente da Secretaria de Governo – em seu lugar, foi colocado o general Luiz Eduardo Ramos. Santos Cruz representava a ala militar do governo que sempre esteve em conflito com a ala ideológica, encabeçada pelo escritor Olavo de Carvalho. 
No primeiro semestre do governo, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Santos Cruz defendeu a regulamentação das redes sociais. "Isso tem de ser feito. As pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar.” Em suas redes sociais, Olavo de Carvalho reagiu: "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda". 
Entre vitórias e derrotas
Eleito com um discurso de “nova política” e preterindo as articulações entre os poderes, Bolsonaro, que esteve no Congresso Nacional como deputado por 27 anos, viu seu discurso se desmanchar no ar quando ocupou a cadeira da Presidência da República. Sua tentativa de forçar a aprovação de projetos sem nenhum diálogo com o poder Legislativo foi por água abaixo, e as aprovações só foram possível depois de mudanças no script presidencial.
“Em relação ao legislativo, ele não conseguiu impor uma pauta sua significativa e viu o seu partido se esfacelar ao ponto de ele mesmo deixar a legenda”, afirma o cientista político Humberto Dantas. “Em nenhum momento ele foi um presidente com um discurso agregador”.
Para Dantas, é pouco provável que esse comportamento mude: “ao contrário do que dizem, não acho que seja uma estratégia, mas uma característica de Bolsonaro. Ele nunca serviria como agregador. Isso pode durar alguns dias, mas não se sustenta. Bolsonaro gosta do conflito, da polêmica, de visualizar inimigos até mesmo onde não existe”.
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (à esquerda), e do Senado, Davi Alcolumbre. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Congresso Nacional e STF
Algumas Medidas Provisórias (MP) editadas pelo governo caducaram no Congresso Nacional ou foram barradas no STF. Uma das medidas que caducou foi 867, que ampliava o prazo para a adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA). Com o término do tempo para a votação, Bolsonaro editou outra MP extinguindo o prazo para os proprietários de terra realizarem o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Com isso, o limite de tempo para cadastramento no PRA também foi extinto. 
A MP 870/2019, que promovia a reforma administrativa, também previa a transferência do antigo Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) – hoje Unidade de Inteligência Financeira (UIF) – do Ministério da Economia para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. O maior interessado, Sergio Moro, no entanto, foi derrotado na Câmara e depois no Senado, que devolveram o Coaf para Paulo Guedes. Junto com a MP, também estava prevista a mudança da Fundação Nacional do Índio (Funai) do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. O Congresso, entretanto, manteve a pasta com Sergio Moro. 
No Pacote Anticrime, do ministro Sergio Moro, três pontos foram rejeitados pelo Congresso Nacional. O mais significativo foi o excludente de ilicitude, que permitiria reduzir a pena ou deixar de aplicá-la em casos de excesso em ações de agentes de segurança públicos que decorressem “de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. A prisão em segunda instância e plea bargain – um acordo entre defesa e acusação a fim de concluir o processo em troca de redução de pena – também caíram. 
Dois decretos também foram rejeitados no Congresso Nacional. O mais importante deles, que configurou uma derrota significativa para Bolsonaro, foi a rejeição ao decreto que flexibilizava a posse e o porte de armas, por 47 a 28 votos, no Senado. Na Câmara, logo no início do ano, o decreto que ampliava o rol de autoridades com o poder de classificar documentos como secretos (15 anos de sigilo) e ultrassecretos (25 anos de sigilo) foi rejeitado. Na prática, esse decreto diminuiria a abrangência da Lei de Acesso à Informação. 
Em junho, pela primeira vez, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou uma ação que contesta o ato presidencial que extinguia os conselhos de administração pública federal amparados por lei. Pouco antes, o ministro do STF Luís Roberto Barroso suspendeu a MP 886, que transferia a atividade de demarcação de terras da Funai para o Ministério da Agricultura. Mais derrotas para Bolsonaro.
Até o dia 18 de dezembro, foram contabilizadas 41 medidas provisórias: 10 foram convertidas em lei, 11 tiveram a vigência encerrada e outras 20 ainda estão em tramitação. Quanto aos decretos, o governo Bolsonaro termina 2019 com 2.019 decretos revogados e 517 editados. 
“A gente ainda precisa refletir sobre quem de fato venceu”, afirma o cientista político Humberto Dantas sobre a Reforma da Previdência. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Principais vitórias
Para o cientista político Humberto Dantas, o principal projeto a ser analisado é a Reforma da Previdência. “A gente ainda precisa refletir sobre quem de fato venceu”, já que o projeto enviado ao Congresso Nacional pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e por Jair Bolsonaro ou se o que viu foi uma vitória dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente – ambos do DEM. No projeto da Reforma da Previdência, alguns pontos foram retirados pelo Congresso Nacional, configurando uma derrota para o governo, como o sistema de capitalização e as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.
Uma das vitórias mais significativas foi o aval dado ao presidente pelo Congresso Nacional para que o Executivo pudesse contrair uma dívida de quase R$ 249 bilhões. O valor foi necessário para cobrir despesas da administração pública, como aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Bolsa Família e subsídios para fazendeiros. 
A autorização era inevitável, porque a Regra de Ouro não permite que a União se endivide para sanar gastos da administração pública. Caso o Congresso não aceitasse o pedido do presidente, este poderia sofrer um impeachment caso viesse a descumprir a regra. 
Outra significativa vitória foi a aprovação do STF para a privatização de subsidiárias estatais – empresas controladas por companhias públicas – sem passar pela avaliação do Congresso. A Corte, no entanto, determinou que a venda de estatais matrizes, como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil, devem passar necessariamente pela aprovação dos parlamentares. 
Por fim, no âmbito das relações exteriores, no primeiro semestre do ano foi anunciado um futuro acordo comercial entre União Europeia e o Mercosul. Um acordo que vinha se arrastando para ser concretizado já há 20 anos. De acordo com dados do Ministério da Economia, a resolução deve elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do país a R$ 336 bilhões em 15 anos. Esse valor pode aumentar se for levado em consideração a redução de barreiras não tarifárias.
Elefante numa casa de porcelana
Mesmo diante de algumas vitórias expressivas para o seu governo, o capitão reformado tem em sua estante mais derrotas do que prêmios como consequência de seu comportamento. Para o professor de ciências humanas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan Filho, Bolsonaro “corre o risco de perder o mandato ou ficar sem aprovar parte de sua agenda ultraliberal”.
“Ele é como Fernando Collor, quer empurrar de goela abaixo uma agenda. Mas com esse Congresso cheio de partidos é muito difícil bater de frente. Se bate, acaba se isolando”. 
Para Zaidan Filho, “a mentalidade castrense militar não deixar ele entender que mesmo diante da mercadoria mais vendável é preciso ter jeito para poder comprá-la. (…) Ele é um elefante numa casa de porcelana: muitas vezes, quebra tudo”. 


Bolsonaro foi derrotado na agenda do trânsito, um dos focos de sua demagogia


Jair Bolsonaro escolheu como um dos focos do seu discurso demagógico as mudanças nas leis de trânsito do país. Sofreu duras derrotas, entre elas a tentativa de extinguir o DPVAT e os radares de velocidade
(Foto: Reuters)

247 - No último dia do ano de 2019, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu em caráter liminar uma resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) que reduzia os valores pagos pelos proprietários de veículos para a obtenção do seguro DPVAT. 
Ao tomar a decisão, Toffoli impôs mais uma derrota a Jair Bolsonaro, que gastou parte do seu primeiro ano de mandato fazendo infrutíferas tentativas de eliminar dispositivos das leis do trânsito que dão mais segurança a motoristas e pedestres. 
Há duas semanas, Bolsonaro já tinha sofrido uma derrota importante, quando a Justiça do Distrito Federal determinou a volta dos radares móveis nas rodovias federais, após Bolsonaro suspender em agosto o uso dos equipamentos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Durante o ano, o projeto de Bolsonaro que altera o Código de Trânsito Brasileiro também sofreu resistência no Congresso. O relator da proposta na comissão especial que analisa a matéria já derrubou parte das medidas defendidas pelo presidente, como o aumento de 20 para 40 pontos do limite para perder a carteira, o que foi substituído por uma escala com três limites de pontuação, e o fim da multa para quem não utilizar cadeirinha adaptada para crianças, destaca reportagem de O Globo. 


Cuba comemora 61 anos do triunfo da Revolução


A República de Cuba comemora neste 1º de Janeiro o 61º aniversário da vitória das forças guerrilheiras comandadas por Fidel Castro contra a ditadura de Fulgêncio Batista. Hoje o país enfrenta politicamente o bloqueio dos Estados Unidos e se esforça pela construção de um "socialismo próspero e sustentável"
(Foto: Granma)

247 - Os cubanos celebram nesta quarta-feira, primeiro dia do ano, o 61º aniversário do triunfo da Revolução, com diversas atividades recreativas em diferentes lugares do país e com o chamado do Presidente Miguel Díaz-Canel para comemorar as conquistas, apesar das adversidades.  
As tensões econômicas causadas pelo ressurgimento do bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos manterão o povo e o governo cubanos em alerta durante este ano.  
Diante desse cenário, o próprio presidente chamou para trabalhar e pensar como país e resistir ao ataque externo cujo objetivo é desestabilizar o processo liderado por Fidel Castro em 1º de janeiro de 1959. 
Em seu discurso no Parlamento cubano, em 21 de dezembro, Díaz-Canel proferiu uma frase que estava definida na imaginação popular: eles jogaram para nos matar e estamos vivos.  
Em mensagem posterior em sua conta no Twitter, ele apontou que o desafio é, conquistar a maior prosperidade possível, informa a Prensa Latina.


Governo vai mudar estratégia de comunicação de Bolsonaro nas redes


O governo Bolsonaro avalia que está sendo mais reativo do que propositivo nas redes sociais. A opinião, firmada pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), é o ponto de partida para a realização de uma reforma no setor já no início do ano
Jair Bolsonaro em sua live semanal nas redes sociais
Jair Bolsonaro em sua live semanal nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
247 - O governo de Jair Bolsonaro planeja reformar a comunicação nas redes sociais, em busca de restaurar a popularidade em baixa do ocupante do Palácio do Planalto.
O chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fábio Wajngarten, foi encarregado da reforma na comunicação digital do governo, informa a coluna Painel da Folha de S.Paulo. 
A avaliação é a de que falta velocidade e intensidade à divulgação das ações do Executivo nas redes sociais –tanto nas oficiais como nas do próprio Bolsonaro. 
A coluna informa ainda que segundo o chefe da Secom, Bolsonaro e o governo precisam ser mais propositivos e menos reativos nas redes. 


Para 59%, ditadura deixou marcas negativas no Brasil


Desde 2014, vem crescendo o percentual de entrevistados que afirma que o regime deixou mais realizações negativas. Eram 46% naquele ano, 51% em 2018 e agora são 59%, aponta o Datafolha
É necessário repetir: Ditadura nunca mais
É necessário repetir: Ditadura nunca mais

247 – Embora parte dos brasileiros tenha perdido confiança na democracia, com Jair Bolsonaro no poder, a visão sobre a ditadura é predominantemente negativa. "Desde 2014, vem crescendo o percentual de entrevistados que afirma que o regime deixou mais realizações negativas. Eram 46% naquele ano, 51% em 2018 e agora são 59%", aponta a reportagem de Guilherme Magalhães.
"O Datafolha questionou ainda se há alguma chance de haver uma nova ditadura no Brasil. O levantamento indica que cresceu a parcela dos que refutam a possibilidade de isso acontecer. Para 49%, não há nenhuma chance de uma nova ditadura no Brasil. Em outubro de 2018, na semana do primeiro turno da eleição, eram 42%. Já 46% dizem que isso poderia acontecer —desses, 21% falam em muita chance, 25% em alguma chance. Não souberam responder 5%. Em 2018, eram 31% os que diziam haver muita chance, e 19% os que falavam em pouca chance de uma nova ditadura, enquanto 8% não souberam responder", aponta o texto.