A
jornalista Miriam Leitão, que produziu argumentos para o golpe de 2016, com a
farsa das "pedaladas fiscais", hoje defende a ex-presidente Dilma
Rousseff do crime de apologia à tortura cometido por Jair Bolsonaro
247 – A jornalista Miriam Leitão, que foi vítima
de tortura na ditadura militar e que recentemente estimulou o golpe de 2016
contra a ex-presidente Dilma Rousseff, ao alimentar a farsa das "pedaladas
fiscais", hoje defende Dilma em sua coluna no jornal O Globo, depois que Jair Bolsonaro
cometeu mais um crime de responsabilidade: o de apologia à tortura.
"O presidente
da República gosta da tortura. Ele a defende, tem prazer em falar dela e
fustigar as vítimas. Foi o que Jair Bolsonaro fez ontem, mais uma vez, com a
ex-presidente Dilma Rousseff. Ela foi brutalmente torturada aos 22 anos,
sobreviveu e construiu sua vida. E agora, aos 73 anos, ouve do chefe de governo
do país palavras de deboche e ironia sobre o seu sofrimento. É desumano e, além
disso, é crime", escreve Miriam Leitão.
A
jornalista também lamenta que hoje, depois do golpe de 2016, o Brasil não tenha
forças para afastar um presidente que comete crimes quase todos os dias.
"O que faz o país? Nada. Ele permanece presidente e continua usufruindo da
sua extensa impunidade", lamenta a jornalista. "É crime. Mas também é
sadismo. O prazer de sentir a dor do outro, de lembrar ao outro o seu sofrimento
em meio a gargalhadas. Dilma o chamou de sociopata. E ele é. Somos governados
por um sociopata. Dilma o chamou de fascista. E ele é".
No fim do texto, Miriam explica suas divergências com Dilma
no campo econômico, sem citar que, em seu governo, o Brasil alcançou a menor
taxa de desemprego da história, com o maior ciclo de obras de infraestrutura no
período democrático. "Dilma, a jovem que foi torturada e presa por mais de
dois anos, chegou ao governo em 2011 e virou comandante em chefe das Forças
Armadas. Nunca usou o cargo para perseguir os militares. A Comissão da Verdade
foi uma exigência do país, e o que ela buscou foi a informação sonegada por
tantas décadas. Outros países fizeram antes essa procura e foram mais duros com
os torturadores. Dilma entregou aos brasileiros a Lei de Acesso à Informação,
uma importante arma da cidadania. Todos os que leem esta coluna sabem o quanto
divergi de muitas decisões do governo dela. Concordar ou discordar das
administrações é o cotidiano do jornalista. O fundamental na vida, contudo, são
os valores. O sentimento de empatia, de solidariedade, de compaixão, Bolsonaro
não tem. E isso ele prova quando fala sobre o passado da ditadura ou sobre o
presente da pandemia", escreve Miriam.
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