O forte
crescimento do setor foi puxado pela demanda chinesa por alimentos,
especialmente a soja
Sputnik – A projeção do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário de
2020, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aumentou de
1,6% para 1,9%. Bons resultados da soja, principalmente, teriam alavancado o
setor.
Já para o ano de
2021, a projeção de crescimento do PIB agropecuário foi reduzida, após uma
elevação, de 2,4% para 2,1%.
A economista e professora da Fundação
Armando Álvares Penteado (FAAP), Ana Paula Iacovino, em entrevista à Sputnik
Brasil, afirmou que a metodologia aplicada pelo Ipea é o que justifica, em
grande medida, o resultado da projeção sobre o PIB agropecuário.
De acordo com ela,
o Ipea calcula e faz comparações em relação a trimestres anteriores.
"Como algumas das principais culturas
produzidas têm a sua produção concentrada nos dois primeiros trimestres do ano,
o Ipea contabilizou esses aumentos, então essa melhora está bastante por conta
dessa concentração da produção de algumas das principais culturas brasileiras,
como é o caso da soja, do milho, café. Então esse estudo do Ipea está mostrando
o resultado dessas culturas", explicou.
Ao comentar as razões para o aumento da
projeção, a especialista disse que alguns fatores colaboraram para o resultado
positivo, tendo a soja como a principal locomotiva do setor.
"Desde
questões internas como a boa produtividade dos produtores, quanto o aumento do
consumo internacional, principalmente puxado pela alta demanda chinesa",
argumentou a economista.
Ana Paula Iacovino destacou que "a
recomposição dos estoques de alimentos chineses elevou o consumo da soja e isso
fez com que a demanda internacional aumentasse e puxasse os preços pra
cima". Além disso, ela ressaltou que houve uma "redução da produção
de um importante rival brasileiro, que são os EUA".
De acordo com a especialista, houve uma
combinação de fatores favoráveis para os resultados bons da soja, o que fez com
que o produto "puxasse a cadeia como um todo". Um desses fatores foi
a alta nos preços do arroz.
"Uma parte da
alta nos preços do arroz deveu-se justamente ao fato de que parte dos
produtores de arroz trocou a produção para soja, porque a soja estava mais
interessante. Isso fez com que a oferta de arroz sofresse redução e houvesse
aumento nos preços do produto", disse.
A economista também citou produtos como
café, milho e trigo, que tiveram bons resultados com demanda aquecida e aumento
de produtividade, e puxaram o resultado da média da cadeia, aumentando assim a
projeção.
"A pecuária, por sua vez, é um
segmento que a gente não está com as perspectivas tão positivas. Apesar da
produção dos suínos ter se mantida elevada, mas de bovinos nem tanto",
acrescentou.
De acordo com ela, esse ano de pandemia
está sendo um ano atípico em todos os sentidos, mas "o segmento de
produção de alimentos tem se dado bem, porque houve um aumento do consumo de
alimentos, tanto no mercado interno, quanto no internacional".
"Então esse setor mais uma vez está
aí mostrando a sua importância, tanto no seu papel concreto de fornecedor de
alimentos pro Brasil e pro resto do mundo, quanto na questão financeira do
Brasil, contribuindo para diminuir o choque da diminuição do PIB global",
completou.
Fonte: Brasil 247
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