Com
prerrogativas profissionais violadas pelo juiz Marcelo Bretas da Lava Jato no
Rio de Janeiro, vítima de operação policial e agora réu, o advogado Cristiano
Zanin diz que o objetivo é tirar seu foco da sua principal missão: a defesa do
ex-presidente Lula
Cristiano Zanin Martins e Marcelo Bretas (Foto: Filipe Araújo | ABr) |
247 - Alvo de uma operação policial de busca e apreensão que
vasculhou seu escritório de advocacia, Cristiano Zanin tem que se voltar para a
própria defesa, quando sua principal tarefa, como ele considera, é manter-se
concentrado na defesa do ex-presidente Lula.
Zanin acusa o juiz
Marcelo Bretas, de não ser imparcial e diz que a Lava Jato quer intimidá-lo,
para atrapalhá-lo na defesa do ex-presidente.
“Esse é o objetivo da Lava Jato. Me tirar
ou tirar o meu tempo da defesa do presidente Lula e nos outros casos em que eu
atuo. Só que isso não vai acontecer”, afirmou em entrevista aos jornalistas Wálter Nunes e Felipe Bächtold na
Folha de S.Paulo.
A Procuradoria afirma que o escritório de
Zanin, uma sociedade com Roberto Teixeira, recebeu da Fecomércio R$ 67,8
milhões de 2013 a 2016. A investigação partiu da delação de Orlando Diniz,
ex-presidente da federação, preso em 2018.
Na entrevista, Zanin explica a relação que
manteve com Orlando Diniz [ex-presidente da Fecomércio-RJ e hoje
delator]: "O nosso escritório foi contratado pela Federação do Comércio do
Rio de Janeiro em 2012 e passou a prestar serviços ao longo de anos em litígio
que a federação, que é uma entidade privada, tinha com a Confederação Nacional
do Comércio, outra entidade privada".
"Cumprimos o contrato, prestamos
todos os serviços e temos isso amplamente documentado. Só no nosso sistema de
controle do escritório, estão registradas 1.400 petições relativas ao caso,
12.400 horas [de trabalho] divididas entre 77 diferentes colaboradores do nosso
escritório". E acusa que há uma tentativa de "criminalizar a
advocacia"... "Violaram o sigilo da nossa profissão, a inviolabilidade
do escritório e do material de trabalho do advogado. Isso é crime: desde 2019
está tipificado em lei. Não posso e não vou tratar de qualquer assunto do nosso
escritório. Porque essa relação entre advogado e cliente é protegida por sigilo
por força de lei".
O advogado de Lula
está convencido de que o momento em que essa operação ocorreu mostra bem a sua
finalidade, "de intimidar advogados que atuam na Operação Lava Jato".
Zanin percebe que "há uma tentativa de ofuscar as vitórias que obtivemos
recentemente, que reconheceram as ilegalidades e a atuação com caráter político
da Lava Jato".
"Tivemos julgamentos importantíssimos
recentemente, no Supremo Tribunal Federal e em outros órgãos judiciários. Na
maior parte deles, nós ganhamos. Fizeram essa operação para ofuscar as vitórias
que nós estamos tendo no caso do presidente Lula. Tenta esconder o que está
sendo reconhecido pelos tribunais".
Zanin lembra que estamos às vésperas de um
julgamento que pode reconhecer a suspeição do ex-juiz Sergio Moro e que pode
restabelecer os direitos do ex-presidente Lula.
Mostrando a
politização das ações do juiz Marcelo Bretas, Zanin diz que ele é
"notoriamente alguém que apoia o presidente Jair Bolsonaro. Inclusive
participou de atos públicos, até de inauguração de obras com o presidente".
Para Zanin é clara a relação entre a
ofensiva da Lava Jato contra ele e sua atuação contra a Lava Jato. "E
estou dizendo também que estamos num momento da defesa do ex-presidente Lula em
que ele pode recuperar todos os seus direitos, inclusive os políticos. Será que
essa situação interessa à Lava Jato e às pessoas que ela apoia?" "É
uma forma da Lava Jato de tentar me intimidar e de me distrair na condução da
defesa do presidente Lula. Não tenho a menor dúvida".
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