Jornalista,
professor e político, que se exilou do país após ameaças, diz, porém, que a
manipulação do discurso de medo e ódio propagado pelo governo atual não é
invencível. “Conheço muitas pessoas que votaram no Bolsonaro e se arrependeram.
Que estavam cegas, mas enxergaram a verdade”
Em janeiro de 2019, o jornalista, professor e político Jean
Wyllys decidiu renunciar ao cargo de deputado reeleito para o terceiro mandato
e se exilar do país diante das ameaças que vinha sofrendo à sua vida e a de
seus familiares.
Convidado especial
da live com Eduardo Moreira nesta sexta, 11 de
setembro, Jean trabalha como pesquisador-visitante no Instituto
Afro-Latino-Americano do Hutchins Center da Universidade de Harvard, nos
Estados Unidos.
Abordando temas como cultura, direitos
humanos e diversidade, o ex-deputado federal do Rio de Janeiro não poderia
deixar de falar sobre política. Ele destacou a articulação promovida pelo atual
governo para chegar ao poder. “Todas as pessoas que votaram no Bolsonaro,
votaram pelo binômio medo/ódio”, afirma.
“Muitas votaram pelo medo da violência nas
grandes cidades, em locais em que há ‘embriões’ do Estado - não o Estado
propriamente dito -, que aplicam o terror, a violência, a cultura de morte,
como milícias e facções criminosas, onde a figura do preto pobre é vista como
inimiga. Quando o Bolsonaro começa a vocalizar que ‘bandido bom é bandido
morto’, ele conecta o medo e ódio de uma pessoa trabalhadora que é assaltada,
prometendo que vai erradicar essa situação.”
Wyllys ainda destaca que a manipulação do
medo e do ódio envolve um sistema de emoções, que causa, na pessoa assaltada,
medo e ódio profundos. “Se ela se vê livre do ‘bandido’, adere à causa sem
pensar”, diz Jean.
Segundo ele, outras pessoas votaram
guiadas pelo ódio a uma comunidade que, de acordo com Bolsonaro, não deveria
estar no mundo onde Deus fez o homem e a mulher. “São pais, mães, famílias de
gays, lésbicas, transexuais que projetam um ideal de vida para quem ama e se
sentem traídos quando isso não se realiza”.
Jean afirma,
porém, que a manipulação do discurso de medo e ódio propagado pelo governo
atual não é invencível. “Conheço muitas pessoas que votaram no Bolsonaro e se
arrependeram. Que estavam cegas, mas enxergaram a verdade. Isso vai acontecer
cada vez mais.”
Evocando o respeito à diversidade, Jean
afirma que a solução não passa pelos sentimentos de medo e ódio, mas de
esperança. “O que queremos é um mundo mais justo, desigual e menos
preconceituoso. Queremos um mundo onde não haja distinção e a justiça seja para
todos”.
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