quarta-feira, 30 de setembro de 2020

MBL cogitou comprar assinaturas para driblar leis eleitorais e fundar partido

Áudios do The Intercept Brasil, adquiridos pela mesma fonte da ‘Vaza Jato’, mostram que o dirigente nacional do MBL, Renan Santos, tentou realizar manobras ilegais para fundar partido próprio do movimento

Fernando Holiday, Renan Santos e Kim Kataguiri (Foto: Reprodução/Internet)

247 - O coordenador nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, cogitou comprar assinaturas de um partido em formação para driblar a legislação eleitoral, segundo áudios adquiridos e divulgados pelo The Intercept Brasil. A manobra é ilegal. 

Renan enviou os áudios a outras lideranças do MBL em 2019 quando cogitavam criar um partido próprio, uma vez que seus parlamentares são filiados a outros partidos.

Eles viam como problema para fundar um novo partido a quantidade de assinaturas que precisariam coletar, que, segundo o MBL, seria 1,5 milhão. Por isso, Renan cogitou comprar uma legenda em formação, na qual parte do trabalho de buscar assinaturas já estaria feito.

“Na prática, significaria enganar milhares de pessoas que colocaram os nomes num abaixo-assinado pela criação de uma legenda qualquer e, sem saber, chancelariam a formação do partido do MBL”, argumenta o The Intercept.

Em áudio, o dirigente do MBL relata uma conversa com Rubinho Nunes, um dos fundadores do movimento e atual candidato a vereador em São Paulo. Ele propõe a ideia de comprar ou fazer um acordo com movimentos que já estavam coletando assinaturas para fundar partidos com base em uma regra antiga, anterior à reforma eleitoral.

“O Rubinho, quando eu falei, quando eu vi essa ideia, esse negócio do… Da mudança da regra, eu falei: ‘Tá, mas quem tá na regra antiga então, é só a gente ir atrás dos caras que tão na regra antiga e pegar o partido, que tem mais de 50 partidos tentando’. Só ver alguém aí que tá com seus quinze, vinte, trinta mil assinaturas, compra, faz um acordo… Mas o Rubi falou que não, que a regra muda pra todo mundo. Então vai ter que ser um milhão e meio pra todo mundo”, afirmou.

Segundo a reportagem, “as gravações fazem parte do material enviado pela mesma fonte do arquivo da Vaza Jato, no mesmo período, em um pacote separado, e não guarda relação com as conversas dos procuradores da República e do ex-juiz e ex-ministro bolsonarista Sergio Moro”. 

“A análise dos áudios demandou meses de trabalho e também envolveu apuração com fontes externas e cruzamento de informações e eventos citados nas próprias conversas. Todos os áudios da reportagem são reproduzidos na íntegra, com o mesmo conteúdo dos enviados ao Intercept, sem cortes ou edição”.

Confira a íntegra no The Intercept.

 

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