Diante do
caso bolsonarista, FHC, cujo governo comprou votos no Congresso para aprovar a
emenda da reeleição, agora defende mandatos de cinco anos, sem repeteco
Foto: NACHO DOCE - REUTERS) |
247 – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi e
tem sido peça decisiva na destruição da democracia brasileira, faz uma
autocrítica neste domingo, mas não em relação ao seu papel no golpe de 2016,
que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff e abriu espaço para a ascensão do
neofascismo no Brasil. Diante do caos bolsonarista, sua autocrítica diz
respeito à emenda da reeleição, que passou em seu governo após compra de votos
no Congresso Nacional.
"Cabe aqui um
'mea culpa'. Permiti, e por fim aceitei, o instituto da reeleição. Verdade que,
ainda no primeiro mandato, fiz um discurso no Itamaraty anunciando que 'as
trevas' se aproximavam: pediríamos socorro ao Fundo Monetário Internacional
(FMI). Não é desculpa. Sabia, e continuo pensando assim, que um mandato de
quatro anos é pouco para 'fazer algo'. Tinha em mente o que acontece nos
Estados Unidos. Visto de hoje, entretanto, imaginar que os presidentes não
farão o impossível para ganhar a reeleição é ingenuidade", escreve FHC, que manteve o real
sobrevalorizado em 1998, quebrando a economia nacional, justamente para ganhar
a reeleição.
"Eu procurei me conter. Apesar disso,
fui acusado de 'haver comprado' votos favoráveis à tese da reeleição no
Congresso. De pouco vale desmentir e dizer que a maioria da população e do
Congresso era favorável à minha reeleição: temiam a vitória... do Lula. Devo
reconhecer que historicamente foi um erro: se quatro anos são insuficientes e
seis parecem ser muito tempo, em vez de pedir que no quarto ano o eleitorado dê
um voto de tipo 'plebiscitário', seria preferível termos um mandato de cinco
anos e ponto final", afirma ainda o ex-presidente, cujo governo
objetivamente comprou votos no Congresso.
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