O
colunista Merval Pereira, do jornal O Globo, já antevê a hipótese de que Sergio
Moro seja declarado suspeito, o que abriria a possibilidade da candidatura
Lula. Ele também aponta o risco de que o ex-juiz seja declarado inelegível
(Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert) |
247 – A Globo, que fez campanha aberta pelo golpe contra a
ex-presidente Dilma Rousseff e pela prisão política do ex-presidente Lula, já
admite a hipótese de que um de seus candidatos em 2022, o ex-juiz Sérgio Moro,
fique de fora da disputa presidencial. Mais do que isso, a Globo começa a
trabalhar com a hipótese da candidatura presidencial de Lula, em 2022, caso
Moro seja mesmo declarado suspeito e imparcial pelo Supremo Tribunal Federal. É
o que fica claro na coluna de Merval Pereira, desta quinta-feira.
"A eleição
presidencial de 2022 pode ser a mais interessante dos últimos tempos, pelo
menos em termos de sociologia política. Poderão se enfrentar nas urnas o
ex-juiz Sérgio Moro, que condenou Lula, o ex-presidente, que teria conseguido
deixar de ser 'ficha-suja', e o presidente Bolsonaro, adversário circunstancial
de Moro e inimigo figadal de Lula", diz o jornalista. "Está nas mãos
do Supremo Tribunal Federal o destino do quebra-cabeças político-eleitoral que
definirá a corrida presidencial de 2022, que já está em curso. A situação é
mais do que retórica, é real, a começar pela possibilidade, cada vez mais
concreta, de o ex-juiz Sérgio Moro ser considerado parcial nos julgamentos em
que o ex-presidente Lula foi condenado", admite Merval.
O colunista do Globo fala claramente que
Moro agiu para prejudicar o ex-presidente. "Moro divulgou o depoimento de
Palocci dias antes do primeiro turno da eleição presidencial de 2018 com o fim
de prejudicar Lula, favorecendo assim Bolsonaro, de quem viria a ser ministro
da Justiça. Caso seja considerado suspeito pela Segunda Turma, o processo do
triplex do Guarujá, o único em que Moro foi responsável por condenar o petista,
será anulado, o que provavelmente levará à anulação de outros dois processos, o
do sítio de Atibaia, em que Lula foi condenado pela Juíza Gabriel Hardt, e o do
Instituto Lula, que está em andamento com o Juiz Luiz Antonio Bonat",
admite.
Merval também considera o risco de que Moro não possa ser
candidato. "Como o Brasil não é para amadores, como advertia Tom Jobim, há
uma outra possibilidade. O ex-juiz Sérgio Moro pode ser considerado inelegível,
se a idéia de criar uma quarentena para membros do Judiciário vingar, e prevalecer
a interpretação de que normas eleitorais podem retroagir, tornando-se uma
espécie de 'ficha-suja', e Lula ser reabilitado pela Segunda Turma do Supremo."
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