Em entrevista a O Globo, Flavio Bolsonaro admitiu que Fabrício Queiroz
pagava suas contas pessoais. Ele apresentou uma versão fantasiosa segundo a
qual Queiroz tomaria dinheiro dos funcionários de seu gabinete sem seu
conhecimento e sem que qualquer dos servidores tenha falado sobre isso ao longo
de anos
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Divulgação) |
247 - O senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu pela primeira vez que seu ex-assessor
Fabrício Queiroz pagava suas contas pessoais, conforme mostrou o Ministério
Público do Rio. Mesmo com investigações apontando envolvimento do parlamentar
em um esquema de "rachadinha" quando era deputado estadual e em
lavagem de dinheiro, o filho de Jair Bolsonaro apresentou uma versão fantasiosa
ao jornal segundo a qual não tinha conhecimento do dinheiro recolhido anos a fio
por Queiroz dos salários de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio
(Alerj).
"Ele
(Queiroz) fez um posicionamento junto ao MP esclarecendo essas questões. Disse
que as pessoas que faziam os depósitos na conta dele eram da chamada equipe de
rua", afirmou Flávio Bolsonaro em entrevista ao jornal O Globo.
"Queiroz afirma que pegava o dinheiro para fazer a subcontratação de
outras pessoas para trabalharem em redutos onde ele tinha força. Sempre fui bem
votado nesses locais. Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar isso
mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é obvio que, se soubesse que ele
fazia isso, jamais concordaria", acrescentou.
De acordo com o MP-RJ, 11
assessores vinculados ao parlamentar repassaram ao menos R$ 2 milhões a Queiroz
de 2007 a 2018, sendo a maior parte por meio de depósitos em espécie. No mesmo
período, o então assessor sacou R$ 2,9 milhões, ou seja, o volume entregue a
ele pode ter sido maior. Por consequência, o MP destacou que o esquema pode não
ter se limitado aos 11 assessores identificados pelos registros bancários.
"Pode ser que, por
ventura eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego
dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim. Querer vincular
isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar
qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso
mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?", questionou Flávio
Bolsonaro.
Queiroz
foi preso no dia 18 de junho em Atibaia (SP), onde estava escondido em um
imóvel que pertence a Frederick Wassef, ex-advogado do atual senador. O
presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha,
concedeu prisão domiciliar a Queiroz, mas o subprocurador-geral da República,
Roberto Luís Oppermann Thomé, pediu a
derrubada da decisão.
De acordo com relatório do
antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), Queiroz movimentou R$ 7
milhões de 2014 a 2017.
O empresário Paulo Marinho,
suplente de Flávio, havia dito, em maio, que a Polícia
Federal vazou para o senador que o esquema da rachadinha estava sendo
investigado e que o parlamentar deveria demitir Queiroz.
O procurador da República
Sérgio Pinel havia dito, no semestre passado, ter encontrado "fortes
indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro" envolvendo
Flávio Bolsonaro. Investigações apontaram indícios de que o senador lavou R$
2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates.
Nenhum comentário:
Postar um comentário