O motivo
é o dossiê contra antifascistas, pessoas de espírito democrático, que se opõem
ao fascismo, preparado pelo ministro André Mendonça, do governo Bolsonaro
Ministro da Justiça, André Mendonça, e Jair Bolsonaro (Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil) |
247 - O Brasil pode ser colocado em uma espécie de lista suja
de governos que promovem intimidações a opositores.O Itamaraty ainda não
comentou o fato de o gesto do governo ter entrado no radar dos relatores da ONU
.
As informações
chegaram de maneira discreta à ONU - as pessoas que levaram a informação temem
represálias do governo brasileiro, aponta o jornalista Jamil Chade em sua
coluna no UOL..
Em Genebra, fontes do alto escalão da ONU
revelaram que pelo menos dois relatores especiais de direitos humanos estão
cientes da situação e do comportamento do governo, além da cúpula da
organização mundial. As informações chegaram às instâncias internacionais por
fontes que, por temer represálias, preferem se manter no anonimato.
Uma das relatoras que foi informada é Agnes
Callamard, encarregada de investigar a morte do jornalista saudita Jamal
Khashoggi. No início do ano, ela já havia tecido duros comentários contra o
governo de Jair Bolsonaro. "No Brasil, as autoridades políticas parecem
estar virando as costas para alguns princípios chave, relacionados com a
proteção dos direitos humanos", disse em entrevista à coluna.
Callamard pediu, naquele momento, uma
autorização do governo para fazer uma missão ao país e investigar execuções e
assassinatos sumários no Brasil.
O dossiê produzido
pelo ministério tem nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes
sociais das pessoas monitoradas. A atividade contra os antifascistas é
realizada por uma unidade do ministério pouco conhecida, a Seopi (Secretaria de
Operações Integradas).
Dias depois, quatro parlamentares ouvidos
pelo UOL indicaram que o ministro da Justiça e Segurança Pública, André
Mendonça, confirmou que a Seopi realizou um relatório de inteligência sobre o
grupo Policiais Antifascismo. Mas insistiu que não é uma investigação.
No que se refere ao dossiê, fontes indicam
que um dos caminhos avaliados é de que relatores enviem uma carta oficial ao
governo brasileiro cobrando esclarecimentos. O gesto seria uma forma de indicar
ao país que o caso está sendo acompanhado e colocar pressão. Depois, a
comunicação pode ser tornada pública e circulada entre todos os governos, como
maneira de constranger o país envolvido.
Outra consequência prática da chegada do caso à
ONU é que ele pode entrar em um informe que a secretaria-geral produz a cada
ano sobre governos que adotaram medidas de intimidação contra ativistas,
professores, funcionários ou qualquer cidadão que tenha colaborado com o
sistema internacional, seja prestando informação sobre as práticas do governo,
submetendo evidências ou denunciando abertamente violações de direitos humanos.
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