Em sua
coluna na Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, o sociólogo Celso Rocha de
Barros questiona: "Teremos um populismo puro-sangue de conservadorismo
moral e intervencionismo econômico?
Celso Rocha de Barros e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Reuters) |
247 - "Enquanto o golpe não voltar ao cardápio, não vai
ter jeito: Bolsonaro vai ter que dar uma trabalhada pelos pobres, justo ele,
que nunca gostou, nem de pobre, nem de trabalhar", escreve Celso Rocha de
Barros.
Para pensar os
dilemas atuais do bolsonarismo, pode ser útil ler um ótimo livro que saiu
recentemente nos Estados Unidos,
"Em vez de fazer concessões materiais
aos pobres como a direita moderada, 'populistas plutocráticos' como Donald
Trump tentam satisfazer o eleitorado pobre com conservadorismo moral, racismo,
homofobia e teorias da conspiração, enquanto dão aos ricos os cortes de impostos
insustentáveis que eles querem", escreve o sociólogo citando um livro que
saiu recentemente nos Estados Unidos, 'Let Them Eat Tweets', dos cientistas
políticos Jacob Hecker e Paul Pierson. O título —'Que Comam Tweets'— é uma
brincadeira com o 'Que comam brioches', atribuído a Maria Antonieta."
[...] "O interessante na comparação
com o caso brasileiro é que o plano 'A' de Bolsonaro já era o ataque à
democracia. Os pobres que se divertissem com o conservadorismo por alguns
meses, depois do golpe eles perderiam o direito ao voto e ninguém nunca mais
voltaria a ouvir falar deles".
[...] "Podemos apostar, nesse
cenário, que o populismo plutocrático de Bolsonaro/Guedes vai dar lugar a um
populismo “puro-sangue” de conservadorismo moral e intervencionismo econômico?
É um cenário possível".
[...] "De qualquer jeito, o populismo
plutocrático de Bolsonaro e Guedes está em crise. Se o bolsonarismo pós-Guedes
der errado, podemos ter uma crise econômica terrível. Se der certo, o golpismo
pode voltar a qualquer momento. O equilíbrio promete ser difícil",
conclui.
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