Apucarana e mais 11
municípios da área de atuação do Batalhão também serão envolvidos em campanha
que ensina a pedir socorro à Polícia Militar pelo 190 sem que o agressor saiba
Uma mulher liga
para a Polícia Militar como quem está pedindo uma pizza. Há sinais evidentes de
violência no rosto dela e lágrimas cobrem sua face. Do outro lado, um soldado
da PM atende a ligação.
– Por favor, quero pedir uma pizza.
Este é o código. O atendente sabe
que se trata de um caso de violência doméstica.
– Senhora, se estiver numa situação de
violência, peça uma pizza de calabresa.
– Sim, isso mesmo, de calabresa. Pode
mandar.
Em poucos minutos, uma viatura da Polícia
Militar estaciona na porta da casa em que foi feita a chamada. Pelo menos desta
vez, a mulher está a salvo.
O vídeo foi lançado nesta quinta-feira
(16/7) na presença de oficiais da PM e de representantes de outras entidades
que integram a Rede Municipal de Atenção à Mulher, que inclui a Guarda
Municipal – Patrulha Maria da Penha, Polícias Civil e Militar, Delegacia da
Mulher, Poder Judiciário, Centro de Atendimento à Mulher (CAM) e Prefeitura,
por meio da Secretaria da Mulher e Assuntos da Família.
Para o comandante do 10º BPM, Major Marcos
Facio, o objetivo da campanha lançada nesta quarta-feira é, sobretudo,
incentivar a mulher a denunciar a violência doméstica. “Nossas mulheres não
podem mais ser vítimas desses machões de cozinha. Elas precisam ter coragem de
nos ligar. Estamos preparados, ao lado dos demais integrantes da Rede de
Atenção à Mulher, a dar uma resposta satisfatória para a questão. Homem que
bate em mulher não tem caráter”, frisou o oficial.
Aumento
exponencial
O prefeito de Apucarana, Júnior da Femac,
esteve presente no lançamento da campanha. Ele mais uma vez destacou que a
mulher, no município, não está sozinha, e pode contar com atenção especial da
cidade que não tolera violência contra ela. “É muito importante destacar que
você, mulher, não está sozinha em Apucarana. Desde 2013, nossa gestão tem uma
preocupação constante com a mulher, prova disso está nos equipamentos
municipais como o CAM, como a Secretaria da Mulher, como a Patrulha Maria da Penha.
Saímos na frente em todo o Estado com o lançamento do botão do pânico”,
destacou o prefeito.
O capitão Vilson Laurentino da Silva
mostrou que os números de violência doméstica tiveram aumento exponencial no
primeiro semestre. “Registramos mais de mil ligações para o 190 apenas nos seis
primeiros meses do ano. São números muito altos. Houve nesse período um aumento
de 64% das ocorrências com lesões corporais. Treinamos nossos policiais para
chegar em uma casa em que normalmente há filhos chorando, agressor alterado e
alcoolizado, mulher espancada. É uma situação muito complexa, e estabelecemos
um protocolo para os atendimentos”, explicou.
O capitão ressaltou ainda que a parceria
com o município é essencial. “É o CAM que acolhe essa mulher depois dos fatos.
É o CAM que faz uma busca ativa da mulher que fez o chamado e vai oferecer
atendimento especializado à ela, com psicóloga, advogada, assistente social. É
a Patrulha Maria da Penha que vai se tornar uma referência de proteção para
ela”, disse.
Sinal
vermelho
Também foi lançada nesta semana ‘Sinal
vermelho contra a violência doméstica’, uma iniciativa do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), com apoio da Associação Industrial, Comercial e Empresarial de
Apucarana (ACIA), Sindicato do Comércio Varejista de Apucarana (Sivana) e da
Câmara da Mulher. Por
essas campanhas operando simultaneamente também são uma razão para que os
números de violência doméstica apareçam mais, segundo a secretária da Mulher e
Assuntos da Família, Denise Canesin.
“Sim, os números aumentaram muito nesse
primeiro semestre. No CAM, costumamos atender cerca de 18 casos novos por mês,
isto é, de mulheres que nunca passaram por atendimento conosco. No mês passado
fizemos 43 novos atendimentos. O número aumentou em um momento em que a mulher
não pode sair de casa, as crianças estão fora da escola, o marido em
quarentena. Por isso as campanhas como esta do vídeo e das farmácias acolhendo
as mulheres com um X vermelho na palma da mão são da maior importância nesse
momento”, contou Denise.
Serviço
A Secretaria da Mulher e Assuntos da
Família atende de segunda à sexta-feira, das 8 às 17h, no CAM (atendimento
presencial) ou pelos telefones
(43)
3422-4479 e pelo 0800-6454479
Todos os atendimentos são sigilosos e
gratuitos. Há equipe multiprofissional capacitada para prestar esclarecimentos
e ajudar nos encaminhamentos, com assistente social, psicóloga e advogada.
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