Oitos dos
mais destacados empresários apoiadores de Bolsonaro receberam multas que chegam
a R$ 650 milhões por sonegação. Um deles é Salim Mattar, dono da Localiza e
secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia, um homem
de confiança de Paulo Guedes. Luciano Hang é o recordista em infrações e deve
ao menos R$ 57,9 milhões
Superintendência da Receita Federal, em Brasília; Luciano Hang, Jair Bolsonaro e Salim Mattar (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Reprodução | Reuters) |
247 - A Receita Federal multou oito empresários ligados ao
governo Jair Bolsonaro por supostas manobras tributárias. Eles devem R$ 650
milhões à atual gestão. Entre as irregularidades apontadas está a simulação de
operações de compra e venda de aeronaves. A Receita vê também uso de documentos
falsificados para recolher contribuições previdenciárias. Um dos multados é
Salim Mattar, dono da Localiza e secretário de Desestatização e
Privatização do Ministério da Economia, um homem de confiança de Paulo Guedes.
Dono das Lojas
Havan, Luciano Hang é o recordista em infrações e contestações no Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Na Receita, a Havan deve ao menos R$
57,9 milhões. Há ainda R$ 13,2 milhões em cobrança pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN) e mais R$ 123 milhões parcelados pelo último Refis
(programa de repactuação de dívidas tributárias). Os dados foram publicados
pelo jornal Folha
de S.Paulo.
Vale ressaltar que Hang é alvo de
operações da Polícia Federal contra o esquema de propagação de fake news e
também de outra ação de agentes policiais que investigam manifestações de rua
pró-golpe. As investidas da PF foram autorizadas pelo ministro do Supremo
Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
No caso considerado mais grave de crime
tributário, Hang teria sonegado valores devidos em contribuição previdenciária
de funcionários se valendo de documento que, segundo ele, comprovaria a
existência de créditos a serem compensados. Mas a Receita afirmou que os
créditos nunca existiram. A autuação é de 2013. Em valores corrigidos, Hang
deve R$ 2,5 milhões.
Na lista de empresários em disputas com o
fisco e a PGFN constam ainda Flávio Rocha (Riachuelo), Edgard Corona
(SmartFit), Junior Durski (restaurantes Madero) e Sebastião Bonfim (Centauro).
Rocha, por exemplo, afirmou que os
débitos da Riachuelo e da confecção Guararapes são indevidos. "Por isso,
apresentamos garantias [seguros e fianças bancárias] e exercitamos nosso
direito constitucional à ampla defesa", disse.
Os empresários
Rubens Menin, dono da MRV Engenharia e principal acionista do canal CNN Brasil,
e Salim Mattar recorreram ao Carf, em janeiro deste ano, de uma multa aplicada
pelo fisco que, se fosse paga à vista nesta quarta-feira (24), seria de cerca
de R$ 140 milhões.
Os dois empresários questionaram a
possibilidade de a Receita fazer cobrança referente a operação envolvendo um
jato executivo da marca Falcon ocorrida em 2011. Eles neagram ser proprietários
do avião e apresentaram um contrato de aluguel com a Líder Táxi Aéreo. A
empresa seria a importadora do avião usado exclusivamente por eles. Os
auditores, no entanto, verificaram o pagamento de US$ 4 milhões à época feito
pelos empresários à fabricante do avião, a Dassault. O valor seria um sinal da
compra.
Também foi identificado um financiamento
para a aquisição do bem no Bank of America, que teria feito um pagamento pela
aeronave à Dassault à vista e ficado com os US$ 4 milhões como garantia.
Salim afirmou, em nota, que a operação de aluguel do jato
feita em conjunto com Menin foi legítima e “realizada de acordo com a
legislação vigente”. Menin não havia respondido até a conclusão deste texto.
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