O
movimento que realiza na próxima sexta-feira um ato virtual pela democracia e
tem a pretensão de se equiparar ao das Diretas Já rachou em torno da
participação ou não do ex-ministro da Justiça, o lavajatista Sergio Moro.
Pipocam divergências sobre distintas questões políticas
247 - A ideia de convidar Sergio Moro a participar do ato
virtual pela democracia organizado pelo movimento Direitos Já exibiu as
divisões profundas entre as forças políticas que o compõem. O convite a Moro
foi proposto pelo deputado José Nelto (Podemos-GO). A reação contrária de
políticos de centro-esquerda e de esquerda foi imediata.
O ex-ministro Aldo
Rebelo, por exemplo, afirmou: “Avisem quando estiver para acontecer”. Guilherme
Boulos diz: “Se ele entrar por uma porta, eu saio por outra”, informa a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna na
Folha de S.Paulo.
O deputado goiano exaltou a figura de Moro
como alguém que teve a coragem de combater a corrupção e nunca ter se insurgido
contra a democracia. As forças democráticas, progressistas e de esquerda veem
em Moro um direitista, que usou a Operação Lava Jato para destruir a democracia
e abrir caminho a um regime autoritário no país.
Composto por várias forças que vão da
esquerda à direita,, passando pelos diferentes matizes do centro, o movimento
se dividiu também porque não constava no texto a ser lançado nenhuma referência
a Jair Bolsonaro. Líderes de oposição, entre os quais defensores da palavra de
ordem Fora Bolsonaro, exigiram que o nome do presidente estivesse no texto. Há
no movimento aqueles que defendem a permanência de Bolsonaro no governo até o
fim do seu mandato e se alinham à sua política econômica, executada pelo
ministro da Economia Paulo Guedes, neoliberal e defensor do arrocho fiscal.
Outra confusão foi gerada pela revelação
de que o evento reuniria os ex-presidentes Michel Temer, José Sarney e
FHC, e os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT-SP) e Guilherme Boulos, além
de Luciano Huck.
Temer, que já tinha até enviado vídeo para
o ato, e Sarney desistiram de participar. O presidente do STF Dias Toffoli
tinha confirmado presença e também recuou.
Essas profundas divergências políticas revelam
a dificuldade de formar uma frente ampla no Brasil com forças políticas que vão
da esquerda à direita.
As comparações com a frente que se formou
para derrubar a ditadura militar são forçadas. Em 1984, a frente que se uniu em
torno da luta pelas eleições diretas para presidente da República tinham um
propósito claro que unia todos os setores de oposição e um programa claro: pôr
fim à ditadura e democratizar o país.
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