Em
editorial de página inteira, o jornal O Globo, dos irmãos Marinho, celebra o
fim dos delírios golpistas de Jair Bolsonaro após o estouro do caso Queiroz e
prevê novas tormentas para o bolsonarismo
(Foto: PR | Reprodução) |
247 – O jornal O Globo, da família Marinho, fugiu de seu padrão
habitual nesta terça-feira e publicou um editorial de página inteira para celebrar o estouro do caso Queiroz e, com isso, o
fim dos "delírios golpistas" de Jair Bolsonaro. Segundo o jornal, o
bolsonarismo agora entra em nova fase, com um presidente claramente
enfraquecido.
"Os delírios
golpistas do bolsonarismo que surgiram com ares de tragédia se aproximam da
farsa. O fraseado do ex-capitão, modulado nos 28 anos de baixo clero na Câmara,
em favor de torturadores do ciclo de chumbo da ditadura militar, as ameaças ao
Supremo, as palavras de ordem de pequenos grupos por um novo regime de exceção
verde-oliva gritadas em manifestações bolsonaristas, mantendo o ex-capitão no
Planalto, prenunciavam um impossível retorno ao início dos anos 1960, sem
Guerra Fria e sem comunistas escondidos em todos os lugares, mas prontos para
conseguir o que não foi possível no levante fracassado de 35, a
Intentona", diz o texto.
Tudo mudou, no entanto, com a prisão de
Fabrício Queiroz, tesoureiro do clã Bolsonaro no caso das rachadinhas – esquema
de desvio de recursos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para
pagamento de despesas pessoais da família. "Junto com a descoberta
de Queiroz sob proteção do advogado presidencial devem ganhar nitidez ligações
no mínimo arriscadas do clã Bolsonaro com o submundo das milícias cariocas. O
próprio Queiroz explorava transporte de vans em Rio das Pedras, Zona Oeste do
Rio, QG de uma quadrilha de bandidos fardados — da ativa ou da reserva. É
preciso muita intimidade com os homens fortes do pedaço para entrar nesses
negócios", aponta o editorial.
"O bolsonarismo entra agora em nova fase, pelo menos em
um primeiro momento menos voluntariosa. Diante do que já se sabe e do que está
por vir, é natural que todos se perguntem — incluindo militares que emprestam a
honorabilidade da instituição ao governo — qual mesmo o objetivo do golpe de
que tanto se fala. Ou pelo menos se falou. Se não há comunistas, e o país
demonstra ter instituições que garantem a governabilidade, resta a suposição
muito plausível de que tudo é mesmo para proteger família e amigos, num puro
estilo caudilhesco. Esta é a farsa."
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