Jornal se
notabilizou na disputa eleitoral de 2018 ao cravar que era muito difícil
escolher entre o professor Fernando Haddad e o fascista Jair Bolsonaro
Bolsonaro segue o manual nazista, aponta Foreign Policy (Foto: F�BIO MOTTA) |
247 – O jornal Estado de
S. Paulo, que em 2018 disse que era uma escolha muito difícil optar entre
o professor Fernando Haddad e o fascista Jair Bolsonaro, hoje crava pela
primeira vez que o atual presidente da República é "fascista" e
"ignominioso", em seu editorial. Confira abaixo um trecho:
Procurando
associar à violência os atos de protesto contra seu governo, o presidente
deixou claro que os atos de domingo não serão travados entre adversários
políticos, mas entre inimigos – entre “o pessoal de verde e amarelo, que é
patriota”, e “idiotas, marginais, viciados e terroristas”. Segundo Bolsonaro,
“este pessoal tem costumes que não condizem com a maioria da sociedade
brasileira”. Além de desqualificar opositores no plano moral, que é uma
conhecida prática fascista, Bolsonaro os acusou de serem inimigos da liberdade.
“Mais importante que a sua vida é a sua liberdade. Esse pessoal não tem nada
para oferecer para você. Se você pegar cem desse aí (sic), a maioria é
estudante. Se você pegar e aplicar a prova do Enem neles, ninguém tira nota 5.
São idiotas que não servem para nada”, afirmou.
Como se não
bastasse, o presidente ainda pediu aos pais que impeçam os filhos de participar
dos atos contrários ao seu governo. “Quem for possível exercer o controle em
cima dos filhos (sic), exerça para não deixar o filho participar. Alguns vão
dizer que eu estou cerceando a liberdade. Isso não é liberdade de expressão, o
cara vai para o quebra-quebra. E vai ter muito garoto desse usado como massa de
manobra, idiota útil”, disse Bolsonaro, procurando desde logo responsabilizar
seus opositores por qualquer ato violento.
Horas depois,
anunciou que em breve concederá autorização para importação, sem imposto, de
armas de uso individual. Na ocasião, afirmou que “a boa medida (sic) vai ajudar
todo o pessoal do artigo 142 da nossa Constituição”, referindo-se talvez aos
membros das Forças Armadas. Além de definir as atividades militares, esse
artigo se limita a classificar as Forças Armadas como “instituições que, sob a
autoridade suprema do presidente da República, destinam-se à defesa da Pátria,
à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa destes, da lei e da
ordem”. Mas, numa interpretação tortuosa e absurda desse texto, Bolsonaro
acredita que este lhe confere a prerrogativa de convocá-las quando bem entender
e para o que bem quiser. Mesmo advertido para o erro que comete, insiste em
repeti-lo.
Em seu ensaio
sobre a mentira na política, Hannah Arendt lembra que o engodo e o embuste
costumam ser eficientes apenas quando o mentiroso tem ideia clara da verdade do
que tenta esconder. Bolsonaro sabe o que quer. Mas em momento algum consegue
esconder seus anseios ignominiosos.
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