A partir
do próximo mês, militares terão aumento de até R$ 1.600 nos rendimentos,
adicionando valores a salários brutos que já são altos. A medida vai favorecer
oficiais das Forças Armadas
(Foto: Marcos Corrêa/PR) |
247 - Em completa contradição com o quadro de dificuldades
econômicas do país e de crescimento da pobreza, o governo Bolsonaro vai
aumentar os rendimentos de um grupo restrito de oficiais superiores das Forças
Armadas.
Milhões de trabalhadores perdem empregos ou são atingidos por
suspensão e corte de salários. A ajuda emergencial não chega a todos os que
precisam, mas Bolsonaro vai beneficiar militares com um aumento de até R$ 1.600
em salários que já são muito altos.
O benefício que
será aumentado, chamado de “adicional de habilitação”, criado durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso, é concedido a quem fez cursos ao longo da
carreira. O valor era o mesmo desde 2001. No ano passado, Bolsonaro autorizou o
reajuste para até 73% sobre o soldo, em quatro etapas. Na primeira delas, o
privilégio para quem fez “curso de altos estudos”, por exemplo, subirá a partir
de julho de 30% para até 42% sobre o valor do soldo. O aumento vale para
militares da ativa e da reserva, informa reportagem do Estadão.
Com isso, um general de quatro estrelas,
topo hierárquico das três Forças, passará a somar R$ 5.600 por mês ao soldo de
R$ 13.400. Até então, o adicional era de cerca de R$ 4.000 mensais. Eles ainda
acumulam outros adicionais que elevam o salário para, pelo menos, R$ 29.700 – a
remuneração pode subir, a depender da formação, permanência em serviço,
atividades e local de trabalho.
Atualmente, recebem o adicional
basicamente oficiais e, no caso do Exército, alguns praças. Militares de baixa
patente da Aeronáutica e da Marinha também pressionam para receber. Questionado
pelo Estadão, o Ministério da Defesa não informou quantos militares recebem o
benefício e qual será o impacto total na folha de pagamento da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica.
Desde que assumiu, em janeiro de 2019,
Bolsonaro já fez outros agrados aos militares. Empregou 2.900 no seu governo e
promoveu uma reforma previdenciária mais amena.
Hoje, os maiores salários brutos entre os
381 mil militares em geral são do general Luiz Eduardo Ramos (ministro-chefe da
Secretaria de Governo) e de Bento Albuquerque. Em março, pagamento mais recente
publicado pelo governo, eles receberam, respectivamente, R$ 51.026,06 e R$
50.756,51, conforme o Portal da Transparência. Os valores, contudo, caíram para
R$ 24.861,18 e R$ 28.140,46, pela regra do abate-teto. O redutor é aplicado
porque servidores não podem acumular vencimentos além de R$ 39,2 mil, valor do
salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Oficiais
das Forças Armadas comandam dez ministérios. Há cerca de 3 mil militares em
diferentes postos do governo Bolsonaro.
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